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Esta startup reduz o desperdício de alimentos na indústria – e ainda ajuda pequenos restaurantes

Fonte: Redação

Durante um intercâmbio, o nutricionista Luciano Almeida conheceu uma organização italiana sem fins lucrativos que trabalha contra o desperdício de alimentos. Quando voltou ao Brasil, ele decidiu deixar os atendimentos em consultório para se dedicar a essa luta. Em 2020, o fundou a Restin, uma foodtech de impacto social que trabalha com a compra, revenda e distribuição de alimentos próximos ao vencimento.

De acordo com o relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição do Mundo (SOFI), publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2022, 70,3 milhões de pessoas tiverem dificuldade para se alimentar no Brasil, e 21,1 milhões passaram fome. Mesmo nesse cenário em que grande parte da população vive com insegurança alimentar, dados da FAO apontam que 220 milhões de toneladas de alimentos são perdidos anualmente na América Latina e no Caribe.

Com o desejo de mudar essa realidade, Almeida decidiu entender de onde vinha o desperdício e como ele poderia atuar para ajudar a resolver esse problema. “Eu vi que desperdício é multifacetado. Ele está presente na casa das pessoas, nos restaurantes, na indústria e no varejo. Nós decidimos focar no desperdício da indústria, solucionando o problema que eles têm de produtos próximos da data de validade ou produtos reversos”, explica.

Na categoria de produtos próximos ao vencimento estão alimentos com datas de validade que serão atingidas em um período de três meses a um dia. Já os produtos reversos são aqueles que foram para lojas para serem vendidos, mas acabaram voltando para a indústria e, com frequência, terminam descartados.

Para conseguir os produtos, a startup firma parcerias com grandes players da indústria. Segundo Almeida, a equipe mantém contato com a área de FIFO (“primeiro a entrar, primeiro a sair”, na sigla em inglês) das empresas, que é responsável por gerir os estoques. Na sequência, a Restin faz a revenda para os restaurantes que podem se interessar pelos produtos.

“Qualquer restaurante de pequeno porte pode entrar com contato conosco. Nós priorizamos os pequenos estabelecimentos porque são os mais prejudicados na questão de custos de compra de insumos. Além de restaurantes, também vendemos para cozinhas solidárias”, aponta o empreendedor.

Atualmente, o contato com os restaurantes é feito a partir de aplicativos de mensagens, mas, de acordo com Almeida, a startup vai contar com uma plataforma própria a partir do ano que vem. A ideia é que a ferramenta permita que os clientes realizem todo o processo de compra diretamente por lá.

No último ano, a startup conseguiu resgatar 30 toneladas de alimentos que seriam descartados, entre proteínas, estocáveis e laticínios. Além de evitar o desperdício, o aproveitamento desses alimentos ainda reduz a emissão de carbono. O fundador da Restin ressalta que, além da própria produção dos alimentos gerar CO2, parte dos produtos vencidos acabam sendo incinerados.

A reinvenção do negócio

Desde que foi criada, em 2020, a startup já pivotou três vezes. O modelo atual foi adotado neste ano, após a Restin testar o projeto na BRF, empresa do ramo alimentício. A ideia superou as expectativas do fundador, que em agosto deste ano já conseguiu firmar uma parceria com o Swift.

Em novembro, a startup atingiu o breakeven. Segundo Almeida, o feito está sendo fundamental para os próximos passos do negócio. “Apesar da startup ser pequena, ‘breakevar’ o negócio nos ajudou muito a entrar em novas rodadas de captação. Agora, estamos em buscar de novos parceiros para fazer nosso negócio escalar”, aponta.

O empreendedor ainda destaca a virada de chave que o 100 Startups to Watch 2023 proporcionou para a Restin. Segundo Almeida, a startup estava conversando com um investidor havia cerca de um ano, mas sem perspectivas de estabelecerem uma parceria. “Assim que saímos no 100 Startups to Watch, o investidor voltou a falar conosco e, agora, estamos assinando o contrato para captação do investimento.”

Para 2023, a expectativa da empresa é faturar R$ 500 mil. Ao final dos próximos 18 meses, a startup projeta um faturamento de R$ 3,5 milhões.

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