A tendência da inteligência artificial, que vem desde o ano passado, promete seguir forte em 2024. A startup de contabilidade DNA Financeiro resolveu apostar na tecnologia com a Mirela, uma IA para gestão financeira de PMEs, que funciona via WhatsApp e pelo aplicativo da empresa.
“Antes, você precisava fazer algo 100% proprietário. Com a ampliação das soluções de inteligência artificial, o custo começou a ficar mais acessível. A IA como serviço não existia e sempre barrou a gente”, aponta Danilo Gimenes, fundador e CEO da DNA Financeiro. A startup trabalha no produto há aproximadamente um ano, com um time interno de desenvolvedores. A Mirela utiliza o motor da OpenAI, mas foi treinada com dados contábeis para trazer respostas mais fundamentadas aos usuários.
A tecnologia poderá ser usada para dar apoio e suporte técnico aos clientes, a partir da integração com as informações contábeis e fiscais das próprias empresas usuárias. Além de um chatbot, que faz atendimento reativo para tarefas como emissão de notas fiscais, a Mirela também fornece insights a partir de análises que faz dos relatórios financeiros dos negócios. “Atualmente, o cliente precisa mandar um e-mail para o contador e a resposta pode demorar. Com a IA, ele acessa a informação em segundos, a qualquer momento”, diz o CEO.
A IA também está sendo ofertada para escritórios de contabilidade. “Pretendemos escalar a Mirela e popularizar o acesso por meio desse licenciamento a empresas menores, que vão integrar a tecnologia aos seus sistemas e reduzir o custo de atendimento. Temos dois escritórios entrando neste mês. Isso trará mais CNPJs e mais dados para a IA analisar, nos permitindo monetizar outras frentes”, acrescenta Gimenes.
A startup foi fundada há oito anos pelo CEO em parceria com Carol Fernandes (COO). Eles já haviam empreendido antes com um escritório de contabilidade tradicional, onde trabalharam juntos por 12 anos atendendo empresas das regiões de Campinas, São Paulo e Sorocaba. Em contato com pequenos empreendedores, conheceram as dores dos donos de negócio e mapearam padrões. O serviço, porém, era muito analógico, com uso de papel e alto trânsito de motoboys, levando e trazendo documentações importantes.

“Quando percebemos que o governo começou a digitalizar o setor contábil, sabíamos do potencial de uma gestão financeira digital. Criamos o MVP de uma plataforma ao participar de um programa de aceleração na Unicamp. Quando o projeto ficou maior do que a empresa anterior, há cerca de seis anos, vendemos e ficamos em tempo integral na DNA Financeiro”, relembra Gimenes.
Startups:
A plataforma pretende auxiliar os empreendedores a solucionar as principais dores que levam à mortalidade das empresas: falta de gestão financeira e dificuldade no acesso ao crédito. “Segundo o Sebrae, a taxa de mortalidade de PMEs é superior a 62%, para empresas que encerram as atividades em menos de cinco anos. Entre os nossos clientes, esse número é de 4%. O risco de um usuário da plataforma fechar as portas é 15 vezes menor do que a média do mercado”, ressalta o CEO.
A startup atende cerca de mil clientes, a partir de um modelo SaaS. Segundo os fundadores, o produto é mais procurado por empresas dos setores de serviço e comércio, e por profissionais como desenvolvedores, arquitetos, engenheiros e da área da saúde. Parte do time é formado por contadores, que assinam os balanços financeiros e atuam no monitoramento da IA.
Em julho de 2023, a DNA Financeiro recebeu um aporte de R$ 2 milhões da Anjos do Brasil – boa parte desse capital foi direcionado para a criação da Mirela, que também recebeu investimento interno. A startup atingiu o breakeven há cerca de cinco meses e pretende seguir a jornada de captação com novos cheques.