Idealizada a partir de uma análise sobre os drivers de consumo do setor de academias, a Ultra Academia vem crescendo ano a ano com um modelo que compete com negócios de academias low-cost a estúdios especializados. Fundada em 2021, a rede aposta em uma expansão a partir de franquias – com foco em multifranqueados – e sócio-investidores. Atualmente, são 80 unidades em operação espalhadas por 14 estados brasileiros, com projeção de alcançar 90 espaços em operação ainda neste ano. Em 2025, a rede projeta faturar R$ 200 milhões.
Mesmo em um setor quase saturado — o Brasil é o segundo maior mercado de academias do mundo, com mais de 56 mil estabelecimentos, segundo dados do Panorama Setorial Fitness Brasil 2024 — os sócios da Ultra Academia, que já tinham experiência no setor, viram uma oportunidade de ter um negócio de sucesso. Juntos, Fernando Nero (ex-CEO da Bluefit), Ivete Gama (ex-gerente de marketing da Bodytech), Marcos Minchiotti (ex-diretor de operações da Bluefit) e Marcel Gandra (ex-diretor de expansão da Bluefit), apostam em um modelo que visa atrair perfis de clientes mais variados a partir da oferta de serviços complementares e estética baseada em cores mais claras.
“Em 2020 nós começamos a prototipar um modelo de negócio de academia de alto volume, mas com serviços incrementais e alguns elementos de diferenciação. Isso veio de uma pesquisa de mercado que fizemos para entender os principais drivers do consumidor atual”, diz Gandra, diretor de expansão do Grupo Ultra Franquias.
De acordo com ele, entre os principais fatores mapeados: possibilidade de escolher pagar mais ou menos de acordo com os serviços utilizados no espaço, cores mais claras nos ambientes de musculação e uma comunicação que evidencie mais diversidade.
Com um investimento de cerca de R$ 2 milhões para modelagem do negócio, a empresa foi criada com uma estratégia baseada no conceito de “high value, low price”, ou seja, com o objetivo de oferecer um serviço de alto valor agregado a preços acessíveis, focado em um grande volume de clientes. Atualmente, a academia oferece planos variados, com um tíquete médio de R$ 127.
A marca conta ainda com um portfólio de estúdios especializados, composto por Spider Kick (boxe e artes marciais HIT com estações de Muay Thai, agilidade e força), The Flame (funcional) e Cycle (bike indoor). Os estúdios podem ser acoplados às academias, como possibilidade de upselling para os alunos.
Desenhada desde o início para ser uma franqueadora, a empresa aposta no franchising para crescer em ritmo mais acelerado e em nível nacional. Atualmente, são 80 operações e 158 contratos de franquias assinados. Para isso, uma das apostas é na operação de multifranqueados, que já representam 90% dos franqueados da marca, com uma média de três a quatro unidades por investidor.
“Isso aconteceu de maneira bastante orgânica, mas já fazia parte da nossa estratégia. Nosso modelo de negócio nasceu projetado para, ao apresentar o investimento para um franqueado, apresentar um business plan de cinco anos, o que incentiva essa segurança”, afirma Gandra.
A empresa também opera com sócios-investidores, nas quais a Ultra atua como um sócio-operador da unidade. Segundo o diretor de expansão, o objetivo é atrair pessoas que dispõem de capital, mas não têm tempo para tocar o negócio. Por enquanto, as franquias se mantêm como foco do empresa — cerca de 15% das unidades têm participação de sócio-investidor.
Com a meta de encerrar o ano com 90 unidades em operação, a empresa busca entrar em todos os estados do Brasil até o fim de 2026. No Nordeste, região em que conta com apenas uma unidade atualmente, quase todos os estados já têm com contratos assinados, com exceção do Piauí. No Norte, a rede vai entrar no estado do Pará no próximo ano.
Para Gandra, o que leva os sócios com experiência no setor a ainda enxergarem potencial de crescimento em um cenário de grande competitividade são dois fatores centrais. “A representatividade do setor de academias ainda tem um percentual grande de academias de bairro, de um cara que aprendeu no passado, mas com o tempo deixou de acompanhar a tendência do consumidor. Isso vira uma oportunidade para as redes, com os modelos tradicionais de academia envelhecendo. É como se fosse uma substituição. Além disso, a gente enxerga uma grande perspectiva de penetração mesmo com a alta oferta, já que as pessoas estão cada vez mais conscientes da importância da atividade física”, diz o executivo.
Após faturar R$ 120 milhões em 2024, a projeção para 2025 é alcançar R$ 200 milhões e um crescimento de 50% a 60% em 2026.







