Não à toa Bernard Arnault é considerado a pessoa mais rica do planeta, de acordo com ranking divulgado pela revista Forbes. Ao longo de três décadas, o executivo transformou a LVMH no maior grupo de luxo do mundo e na empresa mais valiosa da França.
No total, são 75 marcas. Estamos falando de empresas que são referência quando o tema é riqueza e glamour. Na lista, estão Louis Vuitton, Christian Dior, Tiffany e Dom Pérignon Champagne, entre outros nomes icônicos.
“O grupo LVMH conseguiu essa potência e esse valor de negócio porque trabalha em praticamente todos os setores de luxo”, afirma Katherine Sresnewsky, coordenadora do HUB de Moda e Luxo da ESPM.
Segundo Katherine, os negócios da marca atuam em diferentes momentos da vida do consumidor de luxo. “E o fator decisivo para esse sucesso é a capacidade e a competência que eles têm para a gestão diversificada de portfólio. São diferentes negócios com diferentes cadeias produtivas. E eles conseguem manter o DNA de cada um”, diz a especialista.
A professora pontua ainda que o grupo LVMH consegue participar de toda a vida do consumidor do mercado de luxo, não importando o grupo social.
“Dentro dos seus mais diversos negócios, eles conseguem estruturar estratégias de masstige (para atingir uma classe ascendente que busca por produtos premium, luxo e prestígio). Então, eles têm desde produtos de entrada até outros mais caros. Ou seja, o luxo inacessível. Isso amplia muito a gama de consumidores. Porque você contempla desde quem consome o esmalte até a alta costura, a joalheria caríssima ou bebidas exóticas”, explica.
Diversificação e gestão de marcas
Para o analista Thiago Guedes, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Bridgewise no Brasil, a capacidade que a LVMH tem para entender quem ela está atendendo e comprar as marcas certas transformam a marca em algo gigantesco.
“É algo difícil de você comparar no mundo e de fazer algo igual. Você montar uma nova LVMH custaria muito dinheiro. Então, a empresa acaba criando uma barreira contra competidores porque ela tem um mix de produtos. Nesse sentido, a LVMH acaba fechando o espaço para os seus concorrentes”, pontua Guedes.
João Rômulo Lima, sócio da Arbor Capital, também destaca a diversificação e a gestão de marcas da empresa, “com um portfólio abrangendo moda, joias, vinhos e destilados e cosméticos.
“A LVMH abarca uma vasta gama do mercado de luxo, possuindo mais de 70 marcas renomadas. A Louis Vuitton e a Dior são particularmente significativas, contribuindo substancialmente para as receitas e lucros do grupo”, pontua o analista.
A gestão financeira e a capacidade de reinvestimento também se colocam como alicerces da LVMH, de acordo com João Romulo.
“Através de uma história de impressionantes retornos sobre o capital investido, impulsionados tanto por aquisições estratégicas quanto pelo crescimento orgânico, a LVMH reforça sua posição de destaque no mercado. A aquisição da Tiffany & Co., que viu seus lucros dobrarem em apenas dois anos sob o controle da LVMH, exemplifica a habilidade da holding em integrar e potencializar marcas ao seu portfólio”, afirma o especialista.
Quem é Bernard Arnault, o CEO da LVHM?
Bernard Arnault é o CEO do império de artigos de luxo LVMH. Está sob o seu comando marcas emblemáticas como Louis Vuitton, Dior, Tiffany e Moët & Chandon.
Há muito tempo, o megaempresário trabalha para garantir que o conglomerado permaneça firmemente nas mãos de sua própria família.
Entre as estratégias adotadas para o sucesso de seu império está adquirir marcas de luxo europeias enfraquecidas pelas famílias que as possuíam.
Em 2022, ele teria persuadido o conselho a aumentar a idade de aposentadoria obrigatória do CEO e do presidente do grupo para 80 anos, em vez de 75.
Também criou uma estrutura corporativa que garantiu que seus filhos continuassem sendo os principais tomadores de decisão. Ou seja, cada um deles tem funções executivas na empresa.
Essas medidas geraram especulações de competição entre os irmãos para saber quem um dia sucederá o pai. Arnault afastou essa conversa em uma entrevista ao The New York Times, ao declarar:
“A melhor pessoa dentro ou fora da família deve ser, um dia, meu sucessor. Mas não é algo que eu espero que seja um duelo em um futuro próximo”.
Forbes
Em 2022, a Forbes nomeou Arnault como o homem mais rico do mundo, posição que ele perdeu quando o preço das ações da LVMH caiu cerca de 20% em meio ao enfraquecimento do crescimento da demanda por produtos de luxo.
Atualmente, ele detém o título de pessoa mais rica do mundo, de acordo com a Forbes. No ano passado, a LVMH também foi desbancada como a empresa mais valiosa da Europa pela empresa farmacêutica Novo Nordisk, da Dinamarca. A companhia fabrica o Ozempic e o Wegovy, medicamentos para diabetes também usados para perda de peso.
Conglomerado controlado por familiares
Neste ano, Bernard Arnault nomeou mais dois de seus filhos, Alexandre e Frédéric, para fazer parte do conselho da empresa.
De acordo com o The New York Times, trata-se de uma medida para consolidar o controle de sua família sobre o conglomerado mais valioso da Europa.
Alexandre Arnault, 31 anos, é vice-presidente executivo de produtos e comunicações da Tiffany & Co., e Frédéric Arnault, 29 anos, CEO da Tag Heuer.
Eles se juntaram a dois irmãos mais velhos: Delphine, de 48, que também é presidente e CEO da Christian Dior Couture, e Antoine, de 46, que dirige várias marcas da LVMH e é responsável pelos esforços de imagem e sustentabilidade do grupo. O irmão mais novo, Jean, de 25 anos, é o diretor de relógios da Louis Vuitton.
“Como eu sempre disse, a LVMH é um grupo familiar”, ressaltou Bernard Arnault em um comunicado. Além disso, ele pontou que os dois irmãos “trarão perspectivas interessantes” para o grupo.
As nomeações basicamente mantêm quatro dos cinco filhos de Arnault como os principais tomadores de decisão do grupo. Tudo isso, segundo o NYT, tem a ver com a estratégia de sucessão que Arnault teria mapeado meticulosamente durante anos em uma tentativa de estender o legado da LVMH para a próxima geração.
Últimos resultados da LVMH
Arnault, de 74 anos, fez o anúncio da nomeação dos filhos em janeiro ao compartilhar os resultados financeiros da LVMH para 2023. Apesar da desaceleração econômica na Europa, nos Estados Unidos e na China, os maiores mercados do grupo, as vendas do ano aumentaram 9%, para € 86,2 bilhões (US$ 94 bilhões). O lucro líquido aumentou 8% sobre o mesmo período de 2022, para € 15,2 bilhões, um recorde para a empresa.
As vendas foram impulsionadas por roupas e artigos de couro, além de perfumes, cosméticos, relógios e joias.
“O grupo novamente teve crescimento significativo de receitas e lucro”, disse Bernard Arnault, em nota. “Nosso desempenho em 2023 ilustra o apelo excepcional de nossas marcas e sua capacidade de despertar o desejo, apesar de um ano afetado por desafios econômicos e geopolíticos”, completouo bilionário.
No quarto trimestre, as receitas da LVMH chegaram a 22,9 bilhões de euros, crescimento de 5,5% na comparação anual. Nos três meses finais do ano, as vendas de perfumes foram o destaque, com crescimento de 10%, em termos orgânicos. A companhia destaca o crescimento do faturamento na Europa, Japão e Ásia.