Como uma maneira de alegrar o seu processo de tratamento de diabetes, a carioca Beatriz Scher, 30 anos, passou a desenvolver adesivos e acessórios coloridos para si mesma. Em 2017, decidiu ampliar o alcance desses produtos e lançou uma loja focada em itens para pessoas com a doença. Desde então, ela cria acessórios próprios e importa itens do exterior para revender. No ano passado, faturou R$ 250 mil.
Antes de se tornar empreendedora, Scher se formou em relações públicas, o que ajudou com a primeira iniciativa que teve para falar sobre a diabetes — o Instagram. Ela criou o perfil em 2015, para passar informações sobre a doença para as pessoas. “Eu comecei a fazer conteúdos para quem não tinha diabetes. Mas percebi que muitas pessoas com diabetes também não sabiam informações básicas”, lembra.
Negócios de saúde:
Como o público acabou mudando, os seguidores se inspiraram na influenciadora e na forma como ela lidava com a doença. Scher teve a ideia de fundar uma loja online em 2017, e a batizou como Biabética. “Eu comecei a fazer alguns produtos para mim, para alegrar meu tratamento. Quando publiquei nas minhas redes sociais, teve pessoas querendo comprar”, diz a empreendedora, referindo-se aos adesivos que utiliza no braço para acompanhar os níveis de glicose. O investimento inicial foi de R$ 500 para a produção de algumas unidades do acessório, que é colorido, diferentemente dos encontrados tradicionalmente.
No início, os produtos eram vendidos por direct de Instagram e pelo WhatsApp. Com o tempo, Scher estudou como poderia estruturar o negócio, criou um site próprio e investiu em anúncios nas redes para impulsionar a marca.
Os produtos vendidos pela loja são acessórios personalizados, como adesivos de diabetes estampados, capinhas para os medidores de glicose e até estojos e mochilas. As estampas são desenhadas por Scher, e os itens são produzidos por uma confecção. Hoje, a loja também conta com mais de 12 modelos de bomba de insulina em mais de 30 designs.
Além de produtos com estampas próprias, a Biabética aposta em itens exclusivos. Em 2020, a loja ganhou tração, por exemplo, quando a empreendedora passou a importar o adesivo utilizado para fixar o sensor que mede a glicemia no braço. Segundo ela, diferente dos itens que costumam ser comercializados no Brasil, o modelo australiano é resistente à água e dura até 10 dias. “Tem regiões aqui no Brasil que são úmidas e a pele fica muito oleosa. Então, um adesivo comum acaba soltando mais rápido”, esclarece.
Scher conta que teve a oportunidade de importar de forma exclusiva o produto pela sua atuação no Instagram. “Ele [o fornecedor?] também tem diabetes. Ele conheceu no perfil, entrou em contato comigo, se apresentou e me enviou o produto”, lembra.
Para aprimorar a qualidade das publicações nos perfis da influenciadora e da loja, a empreendedora está cursando biomedicina. “O curso tem me ajudado a aprimorar os conteúdos e também a passar mais confiança. Antes, por mais que eu soubesse, eu explicava para as pessoas de paciente para paciente. Hoje, eu já sou mais como uma profissional”, relata. Os conteúdos produzidos para o perfil da Biabética são mais educativos, enquanto os da influenciadora mostram mais o seu dia a dia.
Os perfis funcionam de forma independente e, por mais que eventualmente ela faça publicidades como influenciadora, o foco de Scher é no crescimento do negócio, que já se sustenta sozinho.
A empreendedora também aposta em kits para datas comemorativas para impulsionar o negócio, como volta às aulas, Dia das Mães e Natal. “Eu tento usar todas as estratégias de marketing que as lojas usam, mas para o diabetes”, pontua.
Com essas estratégias, a Biabética cresceu e faturou R$ 250 mil em 2022. A expectativa é fechar 2023 em R$ 400 mil e dobrar o faturamento para 2024. Um dos principais desafios para expandir a receita é aumentar a margem de lucro dos produtos. “Como eu vivo a diabetes na pele, eu sei como é difícil comprar produtos com um valor mais alto. Os meus produtos têm qualidade e preço de custo alto, então eu fico tentando precificar de forma justa, mas que permita que as pessoas consigam comprar”, explica Scher.
Além de aumentar a margem de lucro, para o próximo ano, o plano é ter um escritório maior e aumentar o portfólio da loja. “Quero fazer camisetas e produtos com frases de diabetes, poder divulgar as informações e, ao mesmo tempo, divertir. Ainda espero que as pessoas queiram usar, mesmo sem ter diabetes”, pontua.