O Brasil parou nesta quinta-feira (21/12), quando os boatos da vinda surpresa da cantora norte-americana Beyoncé a Salvador (BA) se confirmaram. A estrela participou do evento Club Renaissance, na capital baiana, para promover a estreia do filme “Renaissance: a Film by Beyoncé”, que mostra a última grandiosa tour da estrela, a Renaissance World Tour, encerrada em setembro, nos Estados Unidos.
A festa foi promovida pela empresa de Beyoncé, a Parkwood Entertainment, em parceria com a TV Globo e a IDW, uma agência nascida em Salvador, com sede na própria cidade e em São Paulo, liderada por quatro mulheres baianas, Amanda de Moura, Potyra Lavor, Natália Improta e Ana Amélia Nunes.
Beyoncé ficou cerca de dez minutos no palco do Club Renaissance, que aconteceu no Centro de Convenções de Salvador, mas foi o suficiente para “quebrar a internet” e dominar os assuntos nos trending topics. A cantora se disse realizada de poder levar a festa, que já rodou outras cidades no mundo, para a Bahia e lamentou que a turnê não tenha passado pelo país. Beyoncé também disse que “não há ninguém como vocês”, em referência aos fãs baianos presentes.
Por meio das redes sociais, Pedro Tourinho, secretário de cultura e turismo de Salvador, disse que Beyoncé custeou todo o evento, incluindo alimentos e bebidas que foram distribuídos para os fãs.
Potyra Lavor, 45, sócia-fundadora da IDW, diz que cerca de 520 pessoas trabalharam diretamente no evento, que começou três dias antes. O local recebeu quase 3 mil fãs de Beyoncé.
A IDW tem cerca de 30 funcionários diretos e agencia influenciadoras e celebridades. A agência tem no currículo projetos para empresas como Avon, Ambev, Heineken, Meta, Coca-Cola, Spotify e Nubank, e é a responsável pela realização do festival Afropunk no Brasil. A última edição aconteceu no mês de novembro, em Salvador, e recebeu cerca de 25 mil pessoas por dia.
Bastidores do Club Renaissance
De acordo com Lavor, a ponte com a Parkwood foi feita pela TV Globo. O telefone da empreendedora tocou na última sexta-feira (15/12), por volta das 22h, com a proposta. A ideia seria realizar um evento para fãs da Beyoncé, e a contratante queria que fosse uma experiência que agradasse ao gosto do público brasileiro. “A partir daí construímos proposta de curadoria, trazendo a Lunna Monty, mulher, trans preta para fazer a direção criativa desse grande encontro”, conta Lavor.
Para celebrar a temática do próprio álbum da cantora norte-americana, que deu origem à turnê e ao filme, a festa recebeu artistas da cena ballroom de diversas partes do país. A maior preocupação da Parkwood, de acordo com ela, era que o evento agradasse aos fãs.
Nos dias que antecederam o Club Renaissance, Lavor teve contato com as executivas da Parkwood Yvette Noel-Schure e Justina Omokhua, e conta que aprendeu muito com o trabalho. “Para mim, enquanto empreendedora, ficou marcado poder olhar a Parkwood e entender como a cultura [de Beyoncé] é refletida em toda a empresa”, diz.
De acordo com ela, as executivas já tinham deixado claro que haveria uma participação especial, mas sem detalhar que se tratava de Beyoncé – embora Lavor sempre tenha suspeitado de que se tratava da cantora, mas só teve certeza poucas horas antes do evento começar.
Na programação do Club Renaissance havia um “momento Parkwood”, em que alguém subiria ao palco para falar por cerca de 15 minutos. Esse foi o período em que Beyoncé se declarou para a Bahia. Lavor conta que teve a oportunidade de conhecer a cantora, junto com toda a equipe da empresa. Muitos fãs também conseguiram tirar uma foto.
O público foi formado por fã-clubes de Beyoncé e cerca de 220 pessoas que estavam em uma sala de cinema selecionada para participar da festa. As executivas da Parkwood avisaram antes do filme que eles teriam uma surpresa, e vans os esperavam para levá-los ao Centro de Convenções de Salvador.
Empresa de eventos surgiu pouco antes da pandemia
A IDW foi criada em setembro de 2019 por Lavor, que tem mais de 27 anos nas áreas de entretenimento e marketing. O nome da empresa faz referência à identidade e o W é uma sigla em inglês que pode significar woman, world ou wow (mulher, mundo ou uau). A empresa realizou o primeiro bloco de carnaval do Afropunk em fevereiro de 2020, e depois precisou apostar em edições virtuais do evento, dado o cenário de pandemia.
Lavor havia trabalhado previamente com cada uma das sócias e as convidou para o quadro da IDW. Cada uma é responsável por uma frente diferente do negócio.
Em meados de 2021, a empresa conseguiu retomar o Afropunk. A primeira edição foi híbrida e reuniu cerca de 3 mil pessoas. “Foi no mesmo lugar em que fizemos o Club Renaissance ontem. Foi muito emblemático para nós”, conta a empreendedora.
Lavor se mostrou otimista com a escolha de Salvador para sediar o Club Renaissance. Foi a única cidade latino-americana a ter um evento oficial da cantora neste ano. “Quando uma artista do porte da Beyoncé tem esse olhar, de levar um evento como esses para fora do eixo Rio-São Paulo, muda o jogo completamente. Muitas vezes, dentro do nosso próprio mercado, não temos [esse olhar]. Ela chancela o que nós já sabemos, mas que o mercado não lê dessa forma: não faltam talentos e oportunidades na Bahia, no Nordeste”, diz.