Em 2007, a Amazon desempenhou um papel transformador ao inaugurar o Kindle Direct Publishing (KDP). O serviço passou a oferecer uma plataforma para autores independentes, democratizando o processo de publicação e distribuição de obras literárias. O propósito do KDP é ser uma ponte para pessoas que têm obras escritas, e nasceu para quebrar a barreira do livro concebido. Ao todo, desde o lançamento da ferramenta, mais de 200 mil obras em português já foram lançadas na plataforma.
“Ouvimos muitos relatos de pessoas que têm um manuscrito numa gaveta e não sabem muito bem como transformar em livro, e o KDP vem justamente para isso. Nesse sentido, o KDP tem sido de grande valia, porque traz uma solução muito simples. Se você tem um manuscrito e quer transformar em um livro, vai fazer o upload no KDP. A proposta é dar 100% de controle da obra para o autor, e ser super fácil para que ele publique”, comenta o líder do negócio de livros da Amazon no Brasil, Ricardo Perez.
Quanto ao conteúdo, a Amazon tem buscado ter o maior número de obras, dos mais diferentes gêneros. O objetivo é atender todos os públicos possíveis, e que cada consumidor encontre seu livro favorito, seja no formato físico, KDP, digitais ou audiobook.
“A nossa missão é, do ponto de vista de tendência literária, ter a maior diversidade possível. Do ponto de vista do tipo de consumo, também tentamos oferecer uma gama importante. Com lançamento de audiobook, também tentamos até modelos de consumo diferentes. Temos o Kindle Unlimited, o nosso programa de assinatura de leitura, e o Prime Reading, uma porta de entrada para leitura digital que a gente entende que é importante. Seja por formatos, modelos de assinatura ou gênero, a nossa ideia é tentar abrir o máximo de possibilidades para poder abarcar os mais diversos tipos de interesses”, pontua.
Ao oferecer ao público diferentes formatos, a Amazon atinge outro objetivo: promover acessibilidade no setor de livros. Os e-books, por exemplo, têm regulagem de tamanho de texto, e permitem que o tamanho da fonte seja ajustado à visão do leitor de modo que seja gerada uma experiência de leitura agradável.
Mudança no comportamento dos leitores
Um estudo divulgado pelo WordsRated registrou que os e-books têm crescido lentamente, mas deverão mostrar um aumento maior nos próximos anos. A previsão é que, até 2027, o faturamento do formato de livros impressos chegue a US$ 67,14 bilhões, mas o valor ainda é menor que o alcançado em 2017 (US$ 71,50 bilhões). Ao mesmo tempo, os e-books mostram sua ascensão, com crescimento global anual de 3,52% e faturamento de US$ 13,72 bilhões em 2023. Além disso, em 2027 é esperado que o formato cresça mais rápido que os impressos, e a receita chegue a US$ 15,29 bilhões. Assim, passarão a representar 17,27% das vendas globais de livros.
Diante do cenário, Ricardo Perez pontua ser importante frisar que existe uma complementaridade dos formatos. Os consumidores costumam comprar de acordo com a necessidade. Por exemplo: alguns optam pelo livro físico por ser o tipo de gênero que gostam de ler no sofá; ao mesmo tempo, existem os que preferem os e-books pela praticidade de carregá-los para diferentes lugares.
“Cada cliente tem uma realidade e os formatos vão se adaptando conforme a comodidade deles. Esse é um tipo de adaptação que temos trabalhado bastante, fomentando e-books, áudio ou livros. A Amazon, como uma empresa de e-commerce, investe muito em fazer com que a experiência de compra online seja muito bem percebida pelos nossos consumidores. O que é isso na prática? É ele saber que vai ter uma experiência de compra fluida no site; que os dados de pagamento dele vão estar seguros; se ele precisar devolver o livro, vai ter um processo confiável; se o prazo de entrega para uma região é de ‘X’ tempo, vai ser em ‘X’”, frisa.
“A nossa missão é conseguir oferecer todos os livros do mundo, em formatos, para os clientes no Brasil inteiro. Buscamos esse objetivo, de passar para o cliente essa segurança de que ele vai conseguir encontrar o livro dele no formato desejado dentro do site da Amazon. Também tem essa mudança de comportamento, de uma experiência de compra online mais confiável, e é bastante do que temos investido”.
Parceria com editoras
As editoras desempenham um papel essencial na transformação de manuscritos em livros publicados e acessíveis ao público. Elas fornecem os recursos e o suporte necessários para garantir que os livros atinjam seu potencial máximo e alcancem uma ampla audiência de leitores. Sendo assim, se tornaram um elo entre a Amazon e os autores.
“Procuramos ter uma relação bastante próxima, para conseguir entender o que as editoras estão pensando do ponto de vista de lançamentos, dessa parte mais editorial mesmo, o que está sendo lançado, quais são as tendências de público, até a parte mais operacional”, explica o executivo. “Como é que melhoramos os processos logísticos para conseguir ter os livros nos nossos estoques o mais rápido possível e, por consequência entregar mais rápido? A relação com as editoras é fundamental. Com os autores, o KDP acaba sendo uma forma bem legal de ter um contato mais direto. Geralmente, por meio das editoras, temos um contato indireto com os autores que estão conectados a elas, mas com o KDP estamos ali direto, conectados aos autores”, comenta.
Mercado de livros no Brasil
Divulgado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e feito pela Nielsen BookData, o “Panorama do Consumo de Livros” indica que o Brasil tem aproximadamente 25 milhões de consumidores de livros. Dentro desse número, 74% afirmaram que farão novas aquisições nos próximos três meses. Normalmente, 69% desses consumidores compraram entre um e cinco livros nos 12 meses que antecederam a pesquisa, feita em outubro de 2023. Já outros 8% adquiriram 16 ou mais livros em um ano.
No setor de livros, Ricardo Perez pontua que o desafio está justamente no Brasil não ser um país que lê tanto, quando comparado o número de leitores para o tamanho total da população. Ao mesmo tempo, é uma questão cultural, que gradualmente pode ser trabalhada.
“No que cabe à Amazon, temos tentado trabalhar algumas coisas específicas, como conseguir levar os livros a todo o território nacional, seja fisicamente, virtualmente com o e-book, que simplifica bastante. É uma das barreiras que acreditamos que simplifica o trabalho, tanto logístico, quanto digital que temos. Buscamos contar ao consumidor que, muitas vezes não tem a opção de uma livraria física na cidade onde mora, a compra online vai ser efetiva, o preço vai ser competitivo, a entrega vai acontecer, assim como a devolução e o meio de pagamento. Investimos bastante em fazer com que essa experiência seja confiável. Isso é uma coisa que também tira uma barreira importante do acesso à leitura do brasileiro”, finaliza.
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