A varejista de moda Renner (LREN3) deve sentir uma queda no ritmo de volume vendido no segundo trimestre por conta da tragédia que assolou o estado do Rio Grande do Sul no país, sede da companhia.
Além disso, ainda terá que lidar com o impacto de rupturas no abastecimento por meio do centro de armazenagem de Cabreúva (SP), o maior da empresa, que começou a operar a partir de 2022, mas ainda não está totalmente estável.
Na tarde desta quinta-feira (09), a ação da companhia apresentava queda superior a 5%.
O presidente da empresa, Fábio Faccio, afirmou em teleconferência de resultados que, de abril a junho, “provavelmente se tira a pressão de crescimento por conta de eventos climáticos”.
“Não contávamos com eventos tão extremos”, disse.
A Renner tem 2% das lojas totais fechadas por causa de tragédia no Rio Grande do Sul, e dias atrás, a taxa era de 3%. No ápice dos fechamentos, atingiu 4%. A empresa tem cerca de 660 lojas de todas as suas marcas.
Faccio afirma que a venda até pode se expandir no período, mas num patamar menor em termos de volume e margem, e reforçou que esse efeito negativo é desafiador, porém pontual no segundo trimestre.
Os caminhões da empresa para entrega em lojas e ao cliente do on-line no Rio Grande do Sul, a partir do centro de Santa Catarina, conseguem chegar nas lojas do Estado, porém, isso tem levado tempo maior que a média, por causa dos desvios na rota.
Inverno atrasado
Dias atrás, o comando da Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, levantou outro ponto relativo ao clima.
Em teleconferência, a direção da rede disse que o verão mais longo do que o esperado afeta as margens da empresa, já que produtos de inverno têm rentabilidade maior e a estação pode ser mais curta.
A Renner também mencionou o tema, porém acredita em crescimento de margem, mesmo com verão mais longo e com altas temperaturas.
“Há um clima mais quente e nos preparamos para isso, então temos uma coleção mais enxuta e assertiva e isso permite ganhos de margem mesmo com esse clima quente”, disse o CEO.
Cabreúva
A companhia ainda deu detalhes sobre a situação do centro de distribuição de Cabreúva (SP), que sentiu ruptura no abastecimento no quarto trimestre e no 1º trimestre, por conta da migração da operação, de outros locais para a regiões. A Renner disse que isso é algo comum em transições desse porte, iniciada dois anos atrás.
Mesmo assim, analistas questionaram a empresa em relação aos impactos nos números e ao prazo final dessa fase de estabilização do centro.
“O impacto do novo CD não é desprezível, porque cai venda, cai giro e eleva custo, só que melhora desenvolvimento de produto. Porém, no segundo semestre isso vai mudando”, disse o CEO.
“O CD de Cabreúva ainda é um ofensor de margem, venda e giro, mas será um grande diferencial na segunda metade do ano, demos um passo atrás para dar cinco à frente”.
A empresa fala em progressão no processo de estabilização, mas ainda com efeitos na operação, principalmente no nível de serviço às lojas, que impactam custos e vendas.
Este é o terceiro centro da varejista, sendo que o CD de Santa Catarina ficou responsável por atender somente a região Sul, Uruguai e Argentina. Há também um instalado no Rio de Janeiro.
A empresa ainda disse que pretende que sue braço financeiro da Realize volte a conceder mais crédito neste ano, mas ainda de forma gradual. Afirmou que há potencial para elevar essa linha, no entanto, não há metas.
A rede perdeu 1,3 milhão de clientes quando crédito caiu e inadimplência subiu, após a pandemia. Um dos objetivos neste ano é, paulatinamente, resgatar a base de clientes perdida.
Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico