Tempo é literalmente dinheiro, não é balela. Você gasta horas do seu dia trabalhando – pelo menos um terço dele. Por que então na hora de juntar dinheiro acha que deveria desacelerar para “esperar as coisas acontecerem” ou “ir no seu ritmo que lá na frente a coisa se resolve”?
Acredite: quanto antes você juntar dinheiro na jornada da sua liberdade financeira, menor será o esforço.
É contra intuitivo. Se você acelera agora enquanto tem fôlego, pode se permitir desacelerar daqui a um tempo. Se optar por seguir em marcha lenta, vai prolongar a sua corrida e enfrentar um obstáculo que só cresce, a inflação.
Vamos aos números: qual será a diferença entre juntar o equivalente hoje a R$ 1 milhão daqui a cinco ou dez anos? A resposta passa por entender quanto será a alta de preços no período.
Para ter R$ 1 milhão daqui a cinco anos você precisaria acumular cerca de R$ 1,3 milhão considerando uma inflação média de 6% ao ano. Esse é o efeito perverso da alta de preços. Ou seja, para ter o equivalente a R$ 1 milhão, teria de juntar mais. Caso o patrimônio somasse R$ 1 milhão, a quantia estaria valendo R$ 733 mil daqui a cinco anos.
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A conta fica ainda mais difícil em 10 anos: para ter o equivalente a R$ 1 milhão seriam necessários quase R$ 1,8 milhão. Se juntasse R$ 1 milhão, a inflação teria literalmente devorado parte do seu poder de compra e você teria o equivalente a R$ 540 mil.
É um bom dinheiro, claro, mas entende que quanto mais o tempo passa, se não fizer nada para acelerar o passo, menor é o seu poder de fogo? A artilharia que compraria hoje uma certa quantidade de bens praticamente cai pela metade em uma década.
O que eu quero dizer é que o tempo justifica a pressa em ganhar dinheiro. Cada um tem seu ritmo e jornada, obviamente. Há pessoas muito novas que já investem, assim como outras que após os 60 ficam ricas. Não há caminho certeiro, mas o que posso indicar é que qualquer que seja a escolha do ritmo haverá pedras e perdas.
A jornada do investidor para a liberdade financeira
Se tempo é literalmente dinheiro, cada ano que passa sem você investir significa um obstáculo a mais que você está colocando na sua trilha da liberdade financeira. A inflação come nossa renda e patrimônio. Além disso, a vida adulta não fica para trás.
Vamos crescendo e ficando com menos tempo para estudar sobre investimentos e até para descansar. São relacionamentos, filhos, trabalho, médicos, terapias, contas para pagar… cada compromisso tem sua cota de “culpa” em roubar nosso bem mais precioso: o tempo.
A vida fica corrida e, apesar de ser defensora de pausas para respirar em diversos campos dela, na área do dinheiro digo que funciona bem semelhante a uma corrida.
Você pode escolher correr uma corrida de 100 metros em que vai ter de dar o seu sangue para economizar o máximo possível em um espaço menor de tempo. A pedra dessa escolha é ser julgado como o “mão de vaca” que disse não à saída ou como a pessoa que só pensa em trabalhar.
A perda é de tempo: você abre mão de parte do seu tempo atual de diversão para se dedicar a ganhar dinheiro para daqui a uns anos ter um patrimônio maior e, consequentemente, mais escolha sobre a sua agenda (e tempo).
Pode também escolher disputar uma maratona em que vai ter de ter fôlego para ficar várias décadas trabalhando para alcançar a linha de chegada, a liberdade financeira. A pedra é lidar com a inflação que a juros compostos vira uma bola de neve. A perda também é de tempo. Num ritmo lento, você precisará trabalhar por mais décadas para juntar dinheiro.
Acho que concordamos até aqui que tempo é nosso recurso mais escasso, certo? Ainda seguindo a analogia com a corrida:
- Comece sua jornada como investidor. Pode ser em uma passada mais devagar, investindo pouco, mas comece.
- Mas ganhe fôlego e acelere quando melhorar a renda. Já vi muitos investidores ficando pelo meio do caminho porque aumentaram o custo de vida na mesma velocidade da renda. Busque ganhar mais para economizar bastante, pelo menos por alguns anos.
- Tenha estratégia. Ela pode mudar ao longo da corrida, claro. Mas saiba minimamente para onde você quer caminhar.
- Tenha o seu grupo de corrida. A história de que você é a média das pessoas com quem convive é verdadeira. Experimente ter um grupo de amigos cujo hobby é virar noites na balada. Com certeza, ficará tentado a seguir a manada. Se for para ter um grupo que seja algum de pessoas que estão indo para onde você vai ou que seja você quem puxe seus amigos para o assunto finanças.
Na corrida pela liberdade financeira, o tempo é um fator importante. Se ele estiver ao seu lado multiplicando o que você poupou e investiu, ótimo. Se ele estiver contra você alongando sua permanência e dependência do mercado de trabalho, sinto dizer: o dinheiro ainda não é seu amigo.