Eventos climáticos extremos são desdobramentos críticos das mudanças climáticas e representam uma maior incidência de secas, enchentes, ventos fortes e outros impactos físicos que podem causar danos às atividades econômicas, à infraestrutura e à saúde da população.
Assim, seu impacto em um período de cinco anos foi estimado pelo marketplace do Lloyd´s of London, resultando na estimativa de US$ 5 trilhões de perdas econômicas globais devido a quebras de safras, escassez de alimentos e água.
Dessa maneira, essas perdas podem ser interpretadas como custos que terão que ser absorvidos nesse cenário de maior frequência de catástrofes naturais, com as seguradoras exercendo o papel de absorvê-los quando estes danos físicos forem causados a ativos segurados.
Setor de seguros: um papel importante
Assim, como gestores de riscos, seguradoras auxiliam comunidades a entender, prevenir e reduzir os riscos das mudanças climáticas através de seu conhecimento sobre modelagem de catástrofes naturais e medidas de prevenção de perdas.
Então, o setor de seguros possui um papel importante nesse cenário, podendo contribuir para tornar a sociedade e a economia mais resiliente climaticamente.
Neste contexto em que a emergência climática se torna evidente, o setor de seguros assume um papel de promover a resiliência climática da sociedade alinhada com a sustentabilidade de seus produtos.
Nessa linha se desenvolveram os Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).
Assim, eles fornecem “diretrizes globais para desenvolver e expandir soluções inovadoras de gerenciamento de riscos e de seguros necessárias para promover energia renovável, água potável, segurança alimentar, cidades sustentáveis e comunidades resilientes a desastres.”
Dessa maneira, as seguradoras podem promover uma abordagem que identifica, avalia, gerencia e monitora riscos e oportunidades associados a questões ambientais, sociais e de governança.
Isso para mitigar riscos, desenvolver soluções inovadoras, melhorar a performance do negócio e contribuir para a sustentabilidade social, econômica e ambiental.
Para ir além do papel privado das seguradoras, podemos pensar sobre sua atuação junto aos governos federais, estaduais e municipais sobre temas como planejamento urbano e planos de ação climáticos.
A Importância dessa atuação conjunta se fundamenta no terceiro princípio do PSI: “trabalhar junto com o governo e órgãos reguladores para promover ações coletivas no gerenciamento de questões ambientais, sociais e de governança”.
O reflexo social da implementação desse princípio é a promoção de uma transição mais justa que considera, não apenas a ação climática necessária, mas a inclusão social das comunidades promovendo a resiliência.
Em vista da materialidade que o tema de mudanças climáticas e eventos climáticos extremos evidenciam atualmente, as seguradoras se preparam para um cenário de desafios de reestruturação em um contexto de maiores custos por catástrofes naturais que exige melhor planejamento para incentivar medidas de adaptação e resiliência climática.
Porém, nesse cenário em que precificar o amanhã é complexo devido a sua imprevisibilidade, também se criam oportunidades para as empresas que demonstrem liderança em relação à gestão de riscos climáticos.
Assim, seguradoras podem desenvolver produtos inovadores que incentivem a prevenção do risco climático através de prêmios para clientes com medidas adequadas de adaptação climática.
Medidas como sistemas antienchentes e sistemas de alertas podem reduzir o risco físico de clientes, e que possam contribuir para menores perdas para as seguradoras.
Medidas de adaptação podem ser consideradas chave para a manutenção da oferta de produtos de seguros com cobertura aos riscos das mudanças climáticas, e contribuindo para ampliar a cobertura de seguros e apoiando o desenvolvimento econômico de regiões mais suscetíveis a esses riscos.
Assim, a cada novo evento extremo, uma lição que fica é o conhecimento mais tangível sobre os efeitos das mudanças climáticas, e partir disso, a sociedade, seguradoras e empresas podem se reorganizar e reestruturar para melhor se adaptarem ao novo amanhã.
Com a colaboração de Sofia Inacio Fahel, analista ESG