A Vivara (VIVA3), maior rede de joalherias da América Latina, surpreendeu o mercado financeiro neste ano e despontou entre as “queridinhas” do varejo para investidores, mostrando que existem opções no setor. Em especial, entre as empresas focadas no público de alta renda e com concorrência menos acirrada, o que dá maior resiliência aos negócios, apesar do cenário de juros altos e do endividamento da população.
A valorização de cerca de 50% das ações da fabricante de joias no acumulado de 2023 não ofusca o cenário para 2024, com potencial ainda atrativo. Na visão de especialistas, a empresa deve brilhar ainda mais, em meio à expectativa de vendas e ao plano agressivo de abertura de lojas no ano que vem – dando continuidade à expansão em 2023. No terceiro trimestre, a varejista reportou a abertura de 18 novas lojas, somando 352 unidades em todo o país.
Para o Safra, a Vivara foi a vencedora do setor de consumo discricionário, apresentando os resultados mais consistentes no acumulado dos nove primeiros meses deste ano, com melhorias em todas as linhas do balanço. “Além disso, é a empresa cuja estimativa consensual de lucro por ação (EPS) para 2023 menos mudou”, destaca, em relatório.
Na semana passada, chamou a atenção dos investidores a projeção de abertura de 70 a 80 lojas das marcas Vivara e Life (segmento prata). O guidance de expansão veio acima das projeções do consenso de mercado, que esperava a abertura de 60 unidades, praticamente repetindo o total de lojas inauguradas em 2023.
No comunicado, a empresa afirma que a projeção para 2024 se ancora na consistência dos retornos obtidos nas lojas inauguradas e pelo potencial das marcas consolidarem a posição de liderança no mercado de joias do Brasil, “mantendo a diligência na escolha dos melhores pontos e shoppings do país”.
Alta renda dobra meta
Apesar da meta mais ambiciosa, o mercado não parece duvidar quanto à capacidade de alcançar tais números. Afinal, a Vivara vem entregando resultados operacionais acima do esperado e também surpreendendo em termos de rentabilidade.
No terceiro trimestre, a varejista reportou um lucro líquido de R$ 76,5 milhões, aumento de 12,3% frente ao mesmo período do ano anterior. A receita, por sua vez, cresceu 16,4%, somando R$ 457,3 milhões no período.
“Houve surpresa em termos de volume de vendas neste ano e o plano de execução está bem desenhado. A Vivara vem mostrando que a demanda está aquecida, o que reduz a preocupação de que irá atingir o guidance” –
Rafael Passos, analista da Ajax Asset.
Em sua apresentação de resultados entre julho e setembro deste ano, a Vivara anunciou um crescimento de 62,6% nas vendas por canais digitais, na comparação com um ano antes. Já as vendas em lojas avançaram 12,3% no mesmo intervalo de tempo.
Ele destaca ainda que da estimativa para o ano que vem, a Vivara deve concentrar a expansão nas redes Life, focada no público mais jovem – segmento no qual está crescendo de forma mais acelerada. Nesse sentido, a companhia deve assumir uma proporção de 80% Life e 20% Vivara.
“A empresa mostra um desempenho operacional forte apesar do cenário desafiador para as varejistas, com a exposição à alta renda ajudando a ter resiliência e gerando caixa”, diz Passos. ou seja, a escolha pela ação traz proteção à carteira contra a dinâmica do consumo doméstico, devido à exposição à alta renda.
‘Mix’ de preço e volume
Para o BTG Pactual, o mercado de luxo tem uma “rara combinação de crescimento de preço e volume”. Por isso, a combinação de expansão consistente da receita, margens saudáveis e retornos crescentes colocou a Vivara entre os “top picks” de 2024 do banco de investimentos, ao lado de Arezzo (ARZZ3) no segmento de consumo discricionário.
Em relatório, os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, do BTG, afirmam que a Vivara possui uma “marca forte” e um modelo de negócios integrado, com vantagens na distribuição em todo o Brasil. Para eles, que acompanham a companhia desde a oferta pública inicial de ações (IPO), a empresa está bem posicionada para avançar ainda mais.
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