A dissidência do Comitê de Política Monetária (Copom) ao votar pelo corte de 0,25 ponto percentual da Selic, que abriu margem para um placar de 5 a 4 dentro do comitê, foi um “susto” para o mercado financeiro, diz Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual. Ele espera que, na próxima votação, o colegiado de diretores do Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto, possa chegar a uma decisão “consensual” sobre o futuro da taxa de juros.
Mansueto, assim como André Esteves, diretor do conselho do BTG, participaram nesta terça-feira (21) da Converge Capital Conference, evento que reuniu gestores e analistas do mercado financeiro para debater investimentos alternativos seguindo princípios ESG.
Para o economista-chefe do BTG Pactual, a divergência entre membros do Copom no voto da Selic foi esclarecida na ata do comitê. Contudo, Mansueto aponta que “o mais importante é que a próxima decisão” do Copom seja “consensual”.
“A boa notícia é que, na ata do Copom, todos os diretores do BC colocaram que, dado o cenário de incerteza maior, é necessário que a política monetária continue restritiva”, disse o economista.
Apesar de uma sinalização mais dura na condução da política monetária, Mansueto ainda vê espaço para o BC discutir futuros cortes de juros.
Considerando a expectativa de inflação (IPCA) para 2025, de 3,73%, caso o ciclo de cortes seja interrompido quando a Selic chegar a 10,25%, “o juro real ainda ficaria bastante alto”, avalia Mansueto.
“Eventualmente, podemos ter espaço para um novo corte da taxa de juros. Isso porque, mesmo que a taxa de juros pare a 10,25% (ao ano), com expectativa de inflação pelo Focus é 3,73%, ainda é um juro real bastante alto.”
“Mais importante é que próxima decisão do BC seja a mais consensual possível”, prossegue.
O 5 a 4 assustou, mas novamente, a ata do Copom foi dura. E também mostrou que há convergência entre diretores do BC de que é necessária uma política monetária restritiva.”
Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual