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BTG foge do consenso e enxerga recuperação para os preços do etanol; veja – Money Times

Fonte: Pasquale Augusto
etanol btg pactual
No início do próximo ano, o ICMS da gasolina deverá saltar de R$ 1,22/litro para R$ 1,37/litro, o que favorece o etanol (Imagem: Pixabay/Engin_Akyurt)

Ao longo de 2023, o preço do etanol hidratado na usina despencou cerca de 30%, de mais de R$ 3/litro para menos de R$ 2/litro na semana passada.

Com isso, segundo o BTG Pactual, a paridade de preços vs gasolina na bomba passou de 74% para menos de 62% no estado de São Paulo (SP), gerando todo tipo de especulação sobre a razão dos preços não estarem conseguindo se recuperar, já que a demanda supostamente aumenta mediante a crescente competitividade do preço do etanol na bomba.

Segundo o banco, a frota de carros flex do Brasil já existe há mais de duas décadas, e os consumidores aprenderam a mudar entre gasolina e etanol com base na paridade energética de 70%, a tal ponto que as oscilações de preços podem ser facilmente explicadas pelas oscilações da demanda, e não há razão para que isso seja diferente agora.

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Por outro lado, o etanol está com descontos há mais de 150 dias e os preços em SP permanecem bem abaixo do limite de 70%. Por trás disso, está a disponibilidade excessiva de etanol no contexto da queda dos preços da gasolina.

O que mexeu com o etanol na última safra?

Na última safra (22/23), o Brasil produziu 30,6 bilhões de litros de cana-de-açúcar e etanol de milho (hidratado e anidro) e exportou 2,5 bilhões de litros, restando 28,1 bilhões de litros para consumo interno.

Este ano, o Brasil deverá produzir fortes 32,1 bilhões de litros, o que é ainda maior do que as estimativas originais devido a um volume de cana-de-açúcar mais forte.

Os mercados de exportação estão mais fracos e é esperado atingir 1,5 bilhões de litros, deixando 30,6 bilhões de litros de abastecimento para o mercado interno.

Isto equivale a 2,5 bilhões de litros de abastecimento médio mensal. Nos primeiros 7 meses do atual ano-safra 2023/24 (Abril- Outubro), a demanda por etanol foi equivalente a 2,3 bilhões de litros por mês, em média, totalizando 2,6 bilhões em outubro, após ter iniciado o ano-safra com apenas 2,1 bilhões.

Isto explica por que os estoques têm aumentado (e os preços diminuídos), já que a demanda só começou a se elevar nos últimos 2-3 meses (não coincidentemente, cerca de 100 dias depois que os preços do etanol ultrapassaram a paridade <70%).

Dessa maneira, para o banco, a questão principal é saber até que ponto a demanda por etanol poderá aumentar nos próximos meses, agora que os preços estão bem abaixo da paridade, antes de poder reduzir os estoques e permitir a recuperação dos preços.

O que pode elevar os preços do etanol?

Em última análise do BTG, os preços nas bombas da gasolina continuam a ser o principal limite para o quão altos os preços do etanol podem ir.

A Petrobras tem dado demonstrações ao longo dos últimos meses de que ainda não está pronta para reduzir o preço da gasolina muito abaixo da paridade de importação. Mas os preços do petróleo têm caído e o real estabilizou-se abaixo de R$/US$ 5.

Nas estimativas do banco, a gasolina da Petrobras está no mesmo nível da paridade de importação com base nos contratos RBOB, e 9% acima com base nos preços do Golfo.

Com base no desconto histórico desses preços, o BTG espera que a Petrobras acabe reduzindo o preço da gasolina na refinaria em algum momento no futuro à frente.

A instituição acredita que o preço de equilíbrio do etanol baseado na paridade de 70% e o preço atual da refinaria da Petrobras seja de R$ 2,6/litro (30% acima do preço à vista).

Se a Petrobras reduzisse o preço da gasolina na refinaria para um desconto de 10% em relação à RBOB, o preço de equilíbrio do etanol na usina (que é o que esperamos ver quando os estoques forem consumidos) iria para R$ 2,43/litro, um prêmio de 20% vs preço à vista.

Além disso, os preços do açúcar devem se manter mais firmes pela alta produção do Brasil, que será maior que o inicialmente esperado, assim como o melhor clima para a moagem.

Fora isso, a Índia estava prestes a anunciar uma decisão de restringir momentaneamente o programa de incentivo ao etanol para evitar que o país se tornasse um importador líquido de açúcar.

Por fim, no início do próximo ano, o ICMS da gasolina deverá saltar de R$ 1,22/litro para R$ 1,37/litro, acrescentando R$ 0,11/litro (4%) ao preço de equilíbrio do etanol.

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