Para os analistas do mercado, o Bradesco (BBDC4) teve um primeiro trimestre (1T24) ‘muito difícil’. O bancão registrou lucro líquido recorrente de R$ 4,211 bilhões, de acordo com o balanço divulgado nesta quinta-feira (2).
O resultado foi favorecido por um custo do crédito 17,9% menor, mas com contrapartida equivalente na margem financeira — que recuou 9% no período.
Rafael Reis, analista do BB Investimentos, destaca que a produção baixa sobre a carteira de crédito média evidencia o predomínio maior das safras de menor spread. “Os bancos costumam compensar uma carteira de mix mais conservador na volumetria, mas não é o que acontece no caso do Bradesco, já que a carteira de crédito classificada de fato encolhe, enquanto no conceito expandido avança apenas 1,2%”, explica.
“Temos a combinação de uma carteira de crédito que não cresce, aliado a um mix pouco rentável, o que explica boa parte do mau momento do banco”, ressalta.
O analista ressalta ainda que o resultado é um primeiro capítulo da reestruturação estratégica. “Poucos indícios de melhoras mais contundentes são notados, e os principais detratores do resultado fraco ainda são nítidos”, diz.
- Os balanços do 1T24 já estão sendo publicados: receba em primeira mão a análise dos profissionais da Empiricus Research e saiba quais ações comprar neste momento. É totalmente gratuito – basta clicar aqui.
Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, da XP Investimentos, apontam que, embora os resultados pareçam fracos, uma visão mais otimista não foi descartada.
A qualidade da carteira de crédito foi o destaque positivo em todos os segmentos. O NPL acima de 90 dias caiu 30 pontos-base e encerrou o trimestre em 4,8%, enquanto a PDD ampliada (provisão) caiu 17,9% e foi a R$ 7,8 bilhões.
O BTG Pactual, em relatório assinado por Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel, Bruno Lima e Thiago Paura, diz que, além do trimestre pressionado, a companhia ainda vai enfrentar um ano ‘desafiador’ em 2024.
“Dada a abordagem de aversão ao risco adotada ao longo dos últimos 12-18 meses, a margem financeira começará o ano diminuindo, intensificando a urgência de acelerar a originação de empréstimos em linhas de maior risco ao longo dos próximos trimestres”, afirmam.
É hora de comprar as ações do Bradesco?
BTG, XP e BB Investimentos seguem cautelosos em relação às ações do Bradesco.
“Após a recuperação de 8% na última semana, o BBDC4 agora é negociado a 1,1x o valor patrimonial de 2023, o que acreditamos ser pouco atraente em um cenário em que o ROE médio provavelmente permanecerá abaixo do custo de capital do acionista por mais alguns anos”, dizem os analistas do BTG.
O banco reiterou a sua recomendação de neutra para BBDC4, a um preço-alvo de R$ 16. Para a XP e o BB, a indicação também é neutra.
O BB Investimentos aponta que, ao incorporar os números do 1T24 ao valuation, a ação ganha um potencial de valorização de 14,3% com base no preço atual. O novo alvo é em R$ 16.
“Salientamos que este preço-alvo deriva da projeção de eventual retorno da capacidade operacional do Bradesco a índices históricos, ou seja, não contempla deterioração ou manutenção do mau momento atual por período prolongado”, diz Rafael Reis.