A bolsa de valores hoje começa em queda sensível. Isso porque os juros futuros estão em alta, bem como os rendimentos das treasuries, títulos públicos dos EUA, considerados os investimentos mais seguros do mundo.
Com o aumento dos juros futuros, os rendimentos desses títulos sobem e os investidores passam a se interessar menos por ativos de risco, como ações.
Dessa maneira, perto das 12h40 desta terça-feira (2), no primeiro pregão do ano, o Ibovespa caía 0,84%, a 133.058,52 pontos, perto da mínima do dia. O principal índice da bolsa de valores fechou 2023 no maior patamar da história e acumulou alta anual de mais de 22%.
Dólar hoje
Simultaneamente, o dólar tinha alta considerável em relação ao real. A moeda norte-americana subia 1,06%, a R$ 4,9038, perto da máxima do dia até então.
Da mesma maneira, no cenário internacional, o dólar se valorizava. O DXY, índice que mede o desempenho da divisa norte-americana ante outras moedas importantes, avançava 0,76%, a 102,11 pontos.
Commodities e juros
O preço do petróleo tipo Brent, um dos principais utilizados para medir a flutuação do preço desta commodity no mundo, sobe com força nesta terça-feira. No horário mencionado, a alta era de 0,86% depois de ter subido mais de 2%, com o barril passando dos US$ 78,70.
Com relação ao minério de ferro, a alta no mercado futuro foi ainda mais intensa. O contrato para compra da commodity na bolsa de Dalian, na China, para maio de 2024 subiu quase 3%, com o preço da tonelada chegando a US$ 141.
O petróleo e o minério são as duas commodities que mais impactam a bolsa de valores brasileira. As principais ações do Ibovespa são Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4), que subiam 1,06%, 0,97% e 1,13% na bolsa, respectivamente.
Acompanhe as cotações do dia de VALE3 e PETR3 e PETR4. E veja também as principais notícias de Vale e Petrobras, as duas maiores empresas da bolsa.
Então, por que a bolsa de valores hoje não está subindo?
Com a alta no preço de algumas das principais commodities, as preocupações com inflação pelo mundo também sobem. Com isso, os juros (utilizados para combater o aumento dos preços) futuros ganham força no cenário global.
Nos EUA, os rendimentos dos títulos do Tesouro (treasuries) de 10 anos sobem mais de 3%. O rendimento desses títulos está diretamente relacionado à alta dos juros futuros. Dessa maneira, os investidores passam a se interessar mais por esses ativos do que por ações, que são ativos de maior risco.
Assim, setores como o imobiliário e de consumo, que são especialmente afetados pela alta dos juros, puxam o principal índice da B3 para baixo neste pregão.
Por isso, MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3), do setor imobiliário, caíam mais de 4% e 2%, respectivamente. Enquanto Azul (AZUL4), Gol (GOLL4), Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3), que fazem parte o segmento de consumo da bolsa, tinham quedas de 2% a 5% até o momento.
Focus
Com relação ao Brasil, um dos principais eventos que deve afetar a bolsa de valores hoje é a divulgação do primeiro Boletim Focus de 2024. Divulgado nesta terça, o texto, que recolhe as opiniões dos principais analistas do mercado, aponta que a estimativa é que o IPCA (índice de inflação) final de 2023 será de 4,46%.
Vale lembrar que a inflação final de 2023 ainda não foi divulgada, por isso, o boletim ainda contém projeções de 2023. Já para 2024, a projeção é que a inflação seja de 3,90% ao final do ano.
Além disso, o PIB do ano que se encerrou deve subir 2,92%, enquanto o de 2024 avançará 1,52%, segundo as projeções do mercado.
Enquanto a Selic terminou 2023 em 11,75%, neste ano, a taxa básica deve cair a 9%.
Já com relação ao dólar, a moeda norte-americana, que fechou 2023 em R$ 4,85, deve subir a R$ 5 em 2024, segundo os analistas.