Os investidores com planos de comprar ações de shoppings agora precisam monitorar com atenção os pontos de entrada nos papéis e os preços. Essa é a avaliação do Itaú BBA, em relatório assinado Daniel Gasparete, André Dibe, Mariangela Castro e Alejandro Fuchs.
O time de imobiliário e construção civil do banco avalia que 2024 deve ser um ano com notícias mistas para o segmento e pouca novidade.
“Antecipamos que este será um ano com crescimento limitado de receita de aluguel para shoppings diante da previsão de IGP-DI em território negativo (o índice é o principal indicador para reajuste de contratos no setor)”, escrevem os analistas.
“Sendo assim, o crescimento de receita de aluguel estará atrelado ao spread de renovações e novos contratos”, apontam.
Na sequência, os especialistas do Itaú BBA acreditam que a alocação de capital em novos ativos (aquisições) deve continuar neste ano. Porém, eles estimam que o cap rate (taxa de capitalização) irá se manter entre 7% e 8%.
“O que pode causar um sentimento negativo nos investidores, dado que os papéis são negociados com cap rates implícitos de 11% a 13%”, comentam.
“Ressaltamos, porém, que apesar desse patamar de cap rate, as aquisições são positivas em termos de taxa interna de retorno (TIR) e para a performance de longo prazo dos portfolios”, acrescentam.
Reiterando no relatório que a reforma tributária continua incerta para o setor, os analistas do banco citam que o posicionamento de shoppings é pouco favorável.
“Notamos que os investidores possuem uma visão pouco otimista, e sem grandes convicções em relação ao setor”, avaliam.
“Apesar disso, o posicionamento nos papéis não é leve – investidores têm posição nas companhias como uma alternativa a outros segmentos como varejo”, comentam.
Diante do cenário, o Itaú BBA destacou que tem a sua ação preferida entre as empresas de shopping. No entanto, o banco tem recomendação de compra para outros dois papéis.
“Apesar de Multiplan ter nossa preferência, também gostamos de Allos e Iguatemi, e mantemos recomendação de ‘compra’ para MULT3, ALOS3 e IGTI11, com preços-alvo de R$ 32, R$ 31 (de R$ 29) e R$ 29 (de R$ 27), respectivamente, ao fim de 2024”, detalham os analistas.
Mas por que Multiplan é a “queridinha” do setor para o Itaú BBA?
“Além de o papel ter caído 12% no acumulado do ano, o que levou o múltiplo preço em relação ao fluxo de caixa proveniente das operações (P/FFO) de 2024 para 30%, abaixo da média histórica da empresa, vemos que o desconto da companhia em relação às concorrentes reduziu de 25% para 15%”, apontam os especialistas.