O Santander reduziu o preço-alvo do Ibovespa (IBOV) para o final de 2024 de 160 mil para 145 mil pontos, em função dos rendimentos reais de longo prazo mais elevados. O novo alvo implica uma potencial alta de cerca de 13% para o índice com base no patamar atual.
“Pelo nosso preço-alvo, o Ibovespa estaria sendo negociado a 8 vezes o preço/lucro”, avaliam Aline Cardoso, Luane Fontes e Guilherme Motta, em relatório de domingo (19).
Os especialistas afirmam que a mudança vem em uma era de crescimento mais forte e juros elevados ao redor do mundo. Entre os destaques está o cenário econômico dos Estados Unidos (EUA).
Os dados recentes sugerem que a inflação norte-americana ainda elevada pode afetar os planos do Federal Reserve (Fed) de reduzir as taxas em 2024. Ao mesmo tempo, o alto número de vagas de emprego no início do ano indica que o ritmo de arrefecimento pode ter mudado para mais gradual.
“Nosso cenário básico é um pouso suave para os EUA. Prevemos que a política monetária relativamente restritiva continuará a pesar sobre o crescimento, o que implica que as taxas de crescimento do emprego e da inflação irão abrandar significativamente no segundo semestre do ano”, avaliam.
No entanto, os especialistas ponderam que o risco de um cenário de não aterrissagem da inflação aumentou, agora em 20%. “Isso forçaria os bancos centrais a abandonarem os cortes nas taxas ou potencialmente a retomarem o aperto”, dizem.
“Esperamos, no entanto, que as políticas monetárias restritivas continuem a suprimir o crescimento, resultando em desacelerações significativas nas taxas de emprego e de inflação no segundo semestre do ano, o que poderá levar a cortes nas taxas no quatro trimestre de 2024”, afirmam.
No Brasil, atividade e inflação melhoram
No Brasil, os especialistas do Santander destacam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue em trajetória de desaceleração e deve observar uma melhora superior às estimativas do mercado na dinâmica nos próximos meses.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a equipe econômica do banco revisou a previsão de 2024 para 2% — anteriormente, em 1,8% –, devido às surpresas positivas no mercado de trabalho e a uma perspectiva de emprego mais forte.
- O que falta para o Brasil “decolar” de vez? Clique aqui para acessar o relatório mais recente do Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus Research, e descobrir quais são os pontos críticos e o “calcanhar de Aquiles” da bolsa brasileira.
“O mercado de trabalho permanece robusto, caracterizado por uma sólida criação de emprego, um forte crescimento salarial e uma taxa de desemprego historicamente baixa”, afirmam.
Já quanto aos juros, dado o cenário inflacionário favorável, os especialistas preveem que o Banco Central do Brasil reduzirá a taxa Selic para 9,75% até o final de 2024.