As vendas no comércio varejista no país perderam força na passagem de setembro para outubro. O volume de vendas caiu 0,3% no mês, após alta de 0,5% no mês anterior. É o que apontam os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- Analistas esperavam alta de 0,2% nas vendas do varejo em outubro;
- No acumulado do ano, o setor registra alta de 1,6%;
- Nos últimos 12 meses, a expansão acumulada é de 1,5%.
Alta do dólar afeta vendas de material para escritório
A atividade que mais impactou negativamente o índice no mês foi a de equipamentos e material para escritório, que registrou retração de 5,7%. Segundo o IBGE, a alta do dólar a partir de setembro afetou o desempenho das vendas.
As vendas do setor de hiper e supermercados (-0,8%) e de combustíveis e lubrificantes (-0,7%) também puxaram o indicador para baixo.
— Já no campo positivo, o que influenciou para cima foi a atividade de artigos farmacêuticos. A atividade de livros e jornais teve uma variação mais alta, mas tem pouco peso — explica Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
Veja o desempenho do varejo restrito por grupo
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -5,7%
- Tecidos, vestuário e calçados: -1,9%
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,8%
- Combustíveis e lubrificantes: -0,7%
- Móveis e eletrodomésticos: -0,1%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: 2,8%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 1,4%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,2%
O varejo ampliado, que inclui a venda de veículos, material de construção e atacado de produtos alimentícios, variou -0,4% entre setembro e outubro.
De acordo com os resultados, tanto a atividade de veículos, motos, partes e peças (0,3%) como a de material de construção (2,8%) ficaram no campo positivo em relação a outubro. Mas o segmento de atacado especializado em produtos alimentícios, que ainda não tem essa abertura divulgada na pesquisa, influenciou negativamente o índice geral.
O que dizem os analistas?
O cenário para o varejo brasileiro está mais favorável em 2023, na comparação com o ano passado. O mercado de trabalho aquecido, a desaceleração da inflação e a queda dos juros, somada à redução do endividamento das famílias diante do programa Desenrola, têm ampliado as condições de consumo do brasileiro.
Ainda assim, o desempenho do varejo brasileiro não é tão animador. Os juros altos ainda impactam a economia e dificultam o consumo, principalmente dos setores sensíveis ao crédito.
Santos, do IBGE, destaca que o comércio varejista vem registrando variações muito próximas a zero desde fevereiro:
— Isso mostra um retorno ao comportamento anterior a 2020, após as variações mais acentuadas que observamos no período de pandemia, com números ainda mais tímidos do que o padrão pré-Covid. Mas, num cenário de médio prazo, a perspectiva está positiva, com crescimento nos acumulados do ano e em 12 meses — analisa.