As vendas de fim de ano já começaram a ganhar intensidade no varejo paulistano, inaugurando o período mais aguardado do calendário comercial. De acordo com análise do Sindilojas-SP, a última semana de novembro funciona hoje como o verdadeiro ponto de partida para quase dois meses consecutivos de consumo, alterando completamente o padrão tradicional concentrado na semana do Natal. O ciclo atual se inicia logo após o dia 20 de novembro, data em que muitos trabalhadores recebem o “vale”, acelera com a Black Friday e segue em constante tração até janeiro.
A Black Friday deste ano, marcada para o dia 28 de novembro, terá um impacto adicional por coincidir com o pagamento da 1ª parcela do décimo terceiro salário, criando uma sobreposição que tende a fortalecer o tíquete médio e expandir volumes de vendas em diversos segmentos. O Sindilojas-SP aponta que esse novo comportamento mostra que o consumidor passou a distribuir suas compras ao longo de todo o período, buscando antecipação, comparação de preços e planejamento de gastos.
O fluxo deixa de ser concentrado exclusivamente nos dias que antecedem o Natal e passa a ocorrer em etapas: um primeiro movimento relevante no final de novembro; um segundo em todo o mês de dezembro, marcado tanto por compras planejadas quanto por aquecimento crescente; e um terceiro pico na semana do Natal, com predomínio das compras de última hora. Na sequência, os dias pós-25 de dezembro são acompanhados de um volume expressivo de trocas, prática já consolidada, que mantém o fluxo nas lojas e reforça o giro de produtos.
Mas o período não termina ali. O mês de janeiro, tradicionalmente ligado aos saldões, passou a integrar o ciclo de fim de ano. Queimas de estoque, liquidações agressivas e a necessidade das empresas de iniciarem o ano com algum fôlego de caixa transformaram o mês em uma extensão natural das vendas de dezembro.
Esse comportamento, que vem se consolidando ao longo da última década, já se reflete nos indicadores da Capital: desde 2016, novembro se tornou o segundo melhor mês do ano para o varejo paulistano. Em 2024, o impacto do último bimestre foi ainda mais expressivo: o faturamento bruto real de dezembro ficou 20% acima da média mensal dos 11 meses anteriores, reforçando o peso estratégico dessa janela comercial e sua relevância para o desempenho anual das empresas.
As categorias mais impactadas também ilustram a amplitude da movimentação. Presentes tradicionais, como moda, calçados, perfumaria, cosméticos e brinquedos, lideram há anos o faturamento do período, mas outros setores ganham força. A preparação de residências e estabelecimentos comerciais impulsiona a venda de decoração, iluminação, artigos sazonais e utilidades domésticas, enquanto confraternizações entre amigos, empresas e famílias aquecem o consumo de alimentos, bebidas e serviços. Paralelamente, o início das férias intensifica a busca por pacotes de viagem, passagens, malas e acessórios, ampliando ainda mais a diversidade do fluxo.
O grande motor dessa engrenagem é o décimo terceiro salário. Para 2025, a renda extra deve injetar até R$ 30,8 bilhões apenas na economia paulistana. Parte desse recurso será destinada à quitação de dívidas, mas uma fatia expressiva se converte diretamente em consumo, beneficiando especialmente segmentos dependentes de renda disponível, como vestuário, eletroeletrônicos, supermercados e lojas de departamento.
Mesmo diante de um cenário macroeconômico ainda desafiador, juros elevados, custos pressionados e níveis significativos de endividamento e inadimplência, o Sindilojas-SP observa que o mercado de trabalho permanece aquecido e resiliente, sustentando a renda e garantindo algum espaço para consumo. Essa combinação deve resultar em taxas de crescimento moderadas, porém positivas, comparativamente superiores às de anos em que a conjuntura era mais restritiva.
“A temporada de fim de ano chega mais uma vez com perspectivas sólidas para o varejo paulistano. O consumidor está mais planejado, compra ao longo de todo o período e é fortemente impulsionado pelo décimo terceiro salário. O que vemos é um ciclo que deixou de ser restrito ao Natal e passou a se estender de novembro até janeiro, criando uma janela contínua e consistente de oportunidades. Não esperamos resultados espetaculares, mas tudo indica um desempenho firme, com crescimento real e melhor distribuição das vendas ao longo das semanas”, afirma Aldo Nuñez Macri, presidente do Sindilojas-SP.
Para aproveitar integralmente a temporada, o sindicato recomenda que os lojistas reforcem estoques, ampliem a integração entre loja física e canais digitais e mantenham atenção redobrada às equipes, priorizando atendimentos cordiais, rápidos e claros, fatores que ganham ainda mais relevância em períodos de fluxo intenso. O investimento em comunicação visual eficaz, horários estendidos, facilidade na retirada de compras online e organização interna são medidas que elevam a experiência do cliente e podem fazer diferença no resultado final.
