“Se preparem para o sucesso, vocês viralizaram no X”. Foi com essa mensagem que Clau Ferreira da Silva Junior, 33, sócio-proprietário do Uai Why, entendeu por que a conta do Instagram de sua cafeteria estava bombando com novos seguidores. Uma publicação feita na última sexta-feira (16/8), mostrando o negócio localizado no bairro de Bom Fim, em Porto Alegre (RS), chamou atenção dos usuários da plataforma, somando 2,5 milhões de visualizações até o momento.
Depois de um fim de semana de filas e produtos esgotados, o empreendedor diz que ainda está processando o que aconteceu. “Foi orgânico, nos pegou de surpresa. Eu não entendi [por que viralizou], acho que foi a brincadeira do nome”, conta em entrevista a PEGN.
O sucesso nas redes sociais atraiu mais clientes para o café. Como resultado, o Uai Why vendeu seis vezes mais cafés gelados no domingo (18/8) do que em qualquer outro dia de operação – a cafeteria abriu há um mês, em 25 de julho. O estoque para duas semanas de alguns sabores de xaropes, utilizados para saborizar os produtos, acabou em dois dias. O pão de queijo esgotou e a torta de maçã, que costumava ter saída de uma unidade, vendeu quatro vezes mais do que o esperado. O faturamento dobrou em comparação com a média.
“Já estávamos com fila de espera aos sábados, mas o último fim de semana foi surreal. Muita gente esperando, precisamos cancelar pedidos no domingo porque não tinha mais como atender”, comenta o empreendedor.
Ele abriu a Uai Why ao lado da esposa, a norte-americana Kylie Elizabeth Ferreira, 31. Os dois se conheceram durante a pandemia, por um aplicativo de relacionamento. Ela ainda morava na pequena cidade de Raymond, em Illinois, e estava com a passagem comprada para o Brasil, onde iria trabalhar como professora em uma escola internacional em Porto Alegre.
Clau morava na cidade porque trabalhava na Dell, na área de vendas, apesar de ter nascido em Governador Valadares (MG). À distância, engataram um romance e começaram a ajudar um ao outro a aprender outro idioma. Em agosto de 2020, Kylie chegou ao Brasil e, poucos meses depois, os dois foram morar juntos.
O empreendedor já estava cansado do mercado corporativo e buscava outras possibilidades. A ideia da cafeteria surgiu no ano passado, quando os dois estavam nos EUA. Na época, Kylie se recuperava de uma cirurgia no quadril. “Apresentei a ideia, crua, de ser focado em coisas de Minas Gerais, trazer o pão de queijo que não vemos em Porto Alegre da forma que é feito lá, o café, e ela topou de cara, colocou todo o gás”, relembra.
Eles regressaram para o Brasil em janeiro deste ano e começaram a se organizar para tirar o negócio do papel com as economias que tinham guardado. Nenhum dos dois tinha experiência empreendedora, e Kylie continua no emprego como professora, se dedicando ao negócio no tempo livre.
O nome veio da proposta de unir a cultura dos dois donos e da brincadeira com a fonética das palavras. No cardápio, há opções de cafés gelados, mais comuns nos Estados Unidos, e quitutes garimpados da história dos donos: a torta de maçã é uma receita da família de Kylie, assim como os cookies e o bolo de banana. Já o pão de queijo veio do caderno de Clau e é servido no formato tradicional e com recheios doces e salgados.
“Do gringo ao brasileiro, do crente ao ateu, pão de queijo e café todo mundo gosta. Trazemos a praticidade americana, com cardápio enxuto, e a receptividade mineira, de ter cuidado com o atendimento”, comenta.
Para atender melhor nos próximos dias, o empreendedor fez uma compra maior para o estoque de cafés e xaropes, além de adquirir mais formas para esquematizar a produção de tortas e pães de queijo. Um novo funcionário foi contratado para acelerar os processos junto ao barista. “Não queremos só surfar no hype. Temos responsabilidade no processo, queremos entregar com excelência e ter humildade de pedir desculpa para os clientes”, finaliza.