As redes sociais foram tomadas por ilustrações no estilo da animação do estúdio japonês Ghibli na última semana. A trend, que consiste em usar a inteligência artificial para transformar fotos, foi seguida por milhares de usuários, entre eles perfis oficiais de autoridades e famosos e até anônimos. A hashtag #studioghibli, por exemplo, reúne mais de 3 milhões de publicações no Instagram.
Apesar do sucesso na plataforma, o cineasta japonês e co-fundador do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki, já reprovou o uso de IA na animação em um vídeo divulgado em novembro de 2016. A discussão ocorreu durante uma reunião do estúdio. Ao assistir uma das cenas no telão, ele define a prática como ‘insulto à própria vida’ e demonstração de que estávamos ‘perto do fim dos tempos’. O registro já soma mais de 1,6 milhão de visualizações no YouTube.
“Estou completamente enojado. Se você realmente quer fazer coisas assustadoras, pode ir em frente e fazer. Eu nunca desejaria incorporar essa tecnologia ao meu trabalho”, disse na ocasião.
A OpenAI, criadora da ferramenta, virou alvo de críticas após a viralização dos conteúdos, pois não pediu autorização ao estúdio para replicar o estilo das animações. Diante do debate acerca dos limites e direitos autorais, a empresa adotou medidas para limitar a geração de imagens com estilos de artistas vivos, mas a técnica do Studio Ghibli ainda pode ser acessada pelos internautas.
Fundado em 1985 em Tóquio, no Japão, o estúdio é conhecido pela técnica quase artesanal em suas animações, que costumam levar anos para serem produzidas. Entre as obras estão os premiados “O Menino e a Garça” (2023) e “A Viagem de Chihiro” (2001), vencedores do Oscar de melhor animação em 2024 e 2003, respectivamente, “Vidas ao Vento” (2013), “Meu Amigo Totoro” (1998), “Castelo Animado” (2004) e “Castelo no Céu” (1986).
Quem é Hayao Miyazaki, um dos fundadores do Studio Ghibli?
À frente do Studio Ghibli, o cineasta Hayao Miyazaki, de 84 anos, conquistou reconhecimento internacional pela qualidade dos seus longas-metragens de animação, os quais ele escreve e dirige. Nascido na cidade de Bunkyo, no Japão, Miyazaki demonstrava interesse em mangás e animações desde a infância. Ele estudou na Universidade Gakushuin e foi contratado pela Toei Animation em 1963.
No início da sua jornada profissional, ele atuava como animador intermediário e depois colaborou com Isao Takahata, diretor e roteirista japonês que faleceu em abril de 2018. Além disso, Miyazaki contribuiu com a animação de algumas produções da Toei até trabalhar para a A Production em 1971, onde co-dirigiu “Rupan Sansei” junto com Takahata.
Posteriormente, o cineasta seguiu para a Zuiyō Eizō em 1973, atuando como animador da “Sekai Meisaku Gekijō” (“Patrimônio Mundial”, em tradução livre) e diretor da série televisiva “Mirai Shōnen Conan” (“Conan, o Mirai”, em tradução livre). Já em 1979, ele mudou de empresa e se juntou à equipe Tokyo Movie Shinsha, estúdio onde dirigiu seus dois primeiros longas, “Rupan Sansei: Kariosutoro no Shiro” (“O Castelo de Cagliostro”) em 1979, e “Kaze no Tani no Naushika” (“Nausicaä do Vale do Vento”) em 1984, além da série “Meitantei Hōmuzu”.
Em 1985, Miyazaki co-fundou o Studio Ghibli em parceria com os produtores e diretores Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma (1921-2000). Em seguida, ele escreveu e dirigiu “Tenkū no Shiro Rapyuta” (“O Castelo no Céu”) em 1986, “Tonari no Totoro” (“Meu Amigo Totoro”) em 1988, “Majo no Takkyūbin” (1989) e “Kurenai no Buta” (1992).