A Stone reforçou sua estratégia para franquias e está apostando no segmento para fortalecer a concessão de crédito para pequenas e médias empresas (PMEs), uma das avenidas de crescimento elencadas pela empresa. O plano envolve oferta personalizada de capital de giro aos franqueados, automatização de repasses de recursos entre a rede e os lojistas e atendimento especializado para as duas partes.
“As franquias são organizadas, têm planos de negócios, um modelo padronizado, muito conhecimento. Nossa ideia é sentar com o franqueador e montar uma proposta de crédito que faça sentido para a expectativa de faturamento daquele franqueado”, disse ao Valor Matheus Biselli, diretor responsável pela frente de pequenas e médias empresas da Stone.
A participação dos franqueadores no negócio aumenta o nível de conhecimento da Stone em relação ao tomador de crédito e permite que a credenciadora entre com mais apetite em algumas operações do que entraria se olhasse apenas para o lojista individualmente.
O modelo da concessão varia. A rede pode oferecer informações do negócio que facilitem a formatação da oferta ou, em alguns casos, entrar, de fato, como garantidora da operação. “O objetivo pode ser reformar a loja, expandir, aí depende de cada caso”, diz Biselli. A Stone trabalha com um modelo de oferta de crédito que conta com pagamentos diários, de acordo com as vendas do lojista.
A segunda frente construída pela empresa envolve a intermediação de transferências entre as partes. Hoje, já é possível, por exemplo, recolher os “royalties” junto ao franqueado e repassá-los à rede. O plano é que, a partir do segundo semestre, também seja possível incluir os pagamentos referentes a insumos e estoques na mesma dinâmica, explicou o diretor. “Essa relação pode ficar mais simples e mais direta.”
Em relação ao atendimento, o executivo destaca que há uma relação central com o franqueador e uma local com os diversos estabelecimentos comerciais da rede. “Temos uma capilaridade grande e conseguimos manter um bom nível de serviço nas duas pontas”, afirma. Ele explica que a estratégia, embora seja focada principalmente em PMEs, também tem o potencial de fortalecer o relacionamento da credenciadora com a rede.
As franquias são organizadas, têm planos de negócios, um modelo padronizado, muito conhecimento
— Matheus Biselli
A Stone não abre dados sobre quanto as franquias representam hoje dentro sua carteira de crédito nem o número de clientes atendidos nesse segmento. No final do primeiro trimestre, a credenciadora tinha R$ 532 milhões de carteira total e R$ 5,985 bilhões em depósitos de clientes.
A companhia projeta chegar ao fim de 2024 com um portfólio de crédito de pelo menos R$ 800 milhões e, em 2027, com um volume acima de R$ 5,5 bilhões. Planeja ainda ultrapassar os R$ 7 bilhões em depósitos de clientes neste ano e dobrar esse número em 2027.
A oferta de crédito, que derrubou os resultados e as ações da empresa em 2021, foi reformulada em 2022 e novos testes começaram a ser realizados no ano passado. Agora, a empresa vem dizendo que a ideia é expandir a oferta, mas de forma cautelosa. A estratégia para franquias se insere nesse contexto.
Recentemente, a Stone também “relançou” sua conta para pessoa jurídica e prevê que, no futuro, a “maquininha” de cartão não será mais a principal porta de entrada de clientes.