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Selic sobe para 13,25%; cenário fica mais desafiador para empreendedores conseguirem crédito

Fonte: Redação

A Selic subiu para 13,25% na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), realizada entre os dias 28 e 29 de janeiro. A taxa básica de juros é o parâmetro que os bancos comerciais utilizam para oferecer crédito, impactando diretamente os empreendedores. Para especialistas consultados por PEGN, os pequenos negócios devem organizar as finanças para não depender de empréstimos — que devem ficar mais restritos.

“O resultado já estava previsto pelo Banco Central, que havia anunciado dois aumentos sucessivos de 1 ponto percentual nos dois primeiros encontros do ano”, diz Hudson Bessa, especialista em mercado financeiro da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI). Ele explica que a medida está relacionada à inflação, que atingiu 4,83% em 2024, ultrapassando o limite estabelecido pela meta, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O último Boletim Focus indica que a inflação será de 5,5% em 2025.

“O aumento de inflação está relacionado a uma série de questões, especialmente ao fato de que a economia está aquecida, com desemprego baixo, renda do trabalho alta e aumento dos gastos do governo”, explica Renan Pieri, professor de economia da FGV EAESP, acrescentando que ainda existe a expectativa do mercado de que o governo não reduza os gastos.

Entre as hipóteses para a inflação continuar alta, sugere Bessa, é que o BC tenha demorado para começar a subir a taxa básica de juros ou devesse ter feito aumentos maiores. A Selic caiu a 10,5% em maio de 2024, valor no qual ficou estacionado até setembro, quando subiu para 10,75%. Em novembro, mais uma alta, para 11,25%. Então, encerrou o ano passado em 12,25%.

“Mas também não vale a pena sair pisando no acelerador agora para aumentar a Selic e causar uma recessão ou uma parada abrupta na economia”, diz Bessa. “Ainda temos que ver quais serão os efeitos ao longo do ano, considerando também que temos Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o aumento das tarifas de importação.”

Com isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tende a aumentar a taxa básica de juros nos EUA, incentivando o mesmo no Brasil e em outros países.

Com o aumento da taxa básica de juros, o empreendedor também sente efeitos na oferta de crédito. “Estamos em situação de bandeira vermelha com a Selic, em que a recomendação continua sendo evitar empréstimos”, diz Renaldo Antonio Gonsalves, professor da faculdade de Ciências Atuariais da PUC-SP, acrescentando que as instituições financeiras também tendem a ficar mais seletivas na hora de financiar empresas.

Bruno Carlos de Souza, CEO da consultoria SOUZAMAAS, afirma que a seca de crédito é sentida mais fortemente pelos pequenos negócios. “As grandes empresas, geralmente, possuem uma maior variação de fontes de financiamento, como emissão de títulos e até mercados internacionais, ficando menos suscetíveis à variação da Selic”, diz. “As pequenas empresas que realmente precisam de crédito devem buscar alternativas, talvez tentando financiamento com pessoas próximas ou com investidores-anjo, em troca de uma participação societária, por exemplo.”

O mais indicado é que as empresas foquem na gestão financeira de seus negócios, recomendam os especialistas. “Antes de aumentar o preço para o consumidor, o empreendedor deve se organizar, reduzir gastos e aumentar o seu caixa. Uma estratégia é optar por produtos que tenham boas margens de lucro, ou que tenham um giro mais rápido”, diz Gonsalves, também sugerindo que o empreendedor priorize comprar os produtos à vista para conseguir desconto na reposição de estoque.

Já Souza sugere a exploração de novos mercados — já que os consumidores brasileiros também tendem a sofrer com a seca de crédito. “Os empreendedores podem tentar vender para o exterior. Com o dólar alto, eles podem conseguir mais dinheiro para a empresa”, afirma.

Por fim, o CEO da consultoria SOUZAMAAS diz que os donos de pequenos negócios devem ficar constantemente atentos ao cenário macroeconômico. “É preciso se informar sobre as tendências e políticas monetárias para antecipar movimentos e ajustar estratégias, se necessário.”

A próxima reunião do Copom para definir a taxa básica de juros está marcada para os dias 18 e 19 de março. O último Boletim Focus prevê a Selic em 15% em 2025.

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