O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), anunciou nesta quarta-feira (13/12), uma nova queda na Selic, que encerra o ano em 11,75%. É a quarta vez neste ano que o comitê baixa o índice em 0,5 ponto percentual. Para 2024, a expectativa é que a taxa básica de juros continue em declínio — segundo o último relatório do Boletim Focus, a expectativa é que a Selic feche o próximo ano em 9,25%. Assim, no médio prazo, o cenário para tomada de crédito para os empreendedores deve melhorar. Entretanto, especialistas indicam que o momento ainda é de cautela.
A Selic é o parâmetro de juros que os bancos comerciais utilizam para oferecer crédito aos empreendedores. Ou seja: quando ela diminui, as modalidades de crédito, como cheque especial e crédito rotativo do cartão, ficam mais baratas.
A taxa básica de juros está em baixa desde o início de agosto de 2023, quando sofreu a primeira redução em três anos — passando de 13,75%, onde estava estacionada havia um ano, para 13,25%.
Economia:
“A taxa de juros acima de dois dígitos ainda é bastante alta. As empresas que precisavam tomar crédito não sentiram tanta diferença de 13,75% para 12,25%. E agora, para 11,75%, também não devem sentir. Estamos falando de uma diferença de 2%, que é significativa, mas não é uma mudança tão grande em valores absolutos”, explica José Carlos Luxo, professor de economia e finanças da FIA Business School. “É sempre bom diminuir, é claro, mas ainda não é uma diferença tão sentida.” Na visão de Luxo, será possível sentir os efeitos ao longo do ano que vem.
Cautela segue sendo a palavra de ordem. “Não é o momento de buscar empréstimo”, afirma Simão Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe). “O custo do dinheiro ainda está muito alto no Brasil, então não dá para trabalhar com recursos de terceiros para produzir. A capacidade de honrar compromissos de dívidas está muito limitada, e o lucro de muitas empresas encolheu.”
Luxo lembra que o ideal é esperar, já que a previsão é que a taxa básica de juros continue em queda nos próximos anos. Caso o empreendedor precise investir em seu negócio para crescer, ele sugere usar capital próprio para isso. “Por exemplo, se ele tem dinheiro na poupança ou investido em CDB, é melhor ele utilizar esses recursos e aplicar em sua empresa do que pagar as taxas de um empréstimo”, afirma.
Em situações em que o empresário não tem o recurso, é preciso ponderar se é melhor tomar crédito ou fazer ajustes no negócio. “Pode valer a pena não manter tantos produtos em estoque, por exemplo. Como a inflação está diminuindo, o empreendedor provavelmente conseguirá comprar insumos a um preço menor nos próximos meses”, diz o professor. “Essa gestão de estoque deve ser muito bem administrada para não afetar negativamente o negócio. É um esforço redobrado, mas que pode ser melhor do que pegar um empréstimo com taxa alta de juros.”
Se o tomar crédito for a única possibilidade, os especialistas recomendam que o empreendedor tente escolher prazos menores, para ter taxas menos agressivas. Também é válido tentar negociar o empréstimo com um índice pós-fixado, que deve acompanhar as próximas quedas da Selic, diminuindo os valores das prestações.
De forma indireta, as quedas da Selic devem impactar positivamente o fluxo de caixa das empresas, melhorando o poder de compra do consumidor. “A tendência é que os preços diminuam, e as pessoas possam comprar a prazo com uma prestação mais baixa, e tenham dinheiro para consumir mais. É um movimento mais satisfatório para a economia”, diz Luxo.
O Copom já divulgou o calendário de reuniões para 2024. A próxima reunião será nos dias 30 e 31 de janeiro. De acordo com o Boletim Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 e 2026 está em 8,50%.