A história da NUU, foodtech de produtos à base de mandioca, começou há 10 anos em feiras no Rio de Janeiro, quando a fundadora Rafaela Gontijo vendia pão de queijo feito com a receita tradicional da sua família do interior de Minas Gerais. Hoje, o item é um dos representantes do país na Casa Brasil, espaço do Comitê Olímpico do Brasil (COB) em Paris, na França.
O pão de queijo da NUU chegou até Paris pelas mãos de Henrique Gilberto, chef do restaurante Cozinha Tupis, localizado no Mercado Novo, em Belo Horizonte (MG). A convite do governo do estado e do festival Fartura, ele montou o Minas Bar no espaço para brasileiros e compôs um cardápio bem regional. A estimativa de Romeu Zema, governador de MG, é que 80 mil pessoas visitem o espaço ao longo dos 17 dias de Olimpíada.
“É um amigo de longa data que estava na correria para encontrar fornecedores a tempo. Quando ele disse que estava precisando de pão de queijo, eu aceitei ajudar sem saber se tinha estoque. É uma validação do nosso produto, eles poderiam ligar para qualquer marca, BH tem muito pão de queijo bom”, comenta Gontijo.
No Bar Minas, o pão de queijo da NUU é servido recheado com pernil, algo que a fundadora diz que remete muito à tradição do interior do estado, onde o quitute sempre é servido com algo para rechear, seja doce ou salgado.
Depois de topar participar e confirmar com o time comercial que não tinha mil pães de queijo em estoque para enviar para Paris, Gontijo precisou abrir a fábrica, em Patos (MG), para um turno extra de trabalho. A produção foi feita de última hora para não perder a oportunidade – Gontijo teve três dias para amarrar tudo e conta que funcionários se ofereceram para levar os produtos de carro caso não desse tempo de embarcar no caminhão.
Os pães de queijo da NUU estão marcando presença no evento, mas a marca não pode ser exposta. “Óbvio que seria legal se fosse possível, mas configura patrocínio e nós não temos dinheiro para isso. Ficamos honrados pelo convite porque essas validações importam. Ele disse que o pão de queijo é o que mais sai, disparado”, conta.
A NUU também não vai receber participação pelas vendas e, como tudo aconteceu de forma rápida e durante o lançamento da linha especial para o food service, como cafés e restaurantes, a foodtech não conseguiu estruturar uma campanha de marketing para surfar na onda. A estratégia é aproveitar publicações orgânicas para movimentar as redes sociais.
“Quando fiz as contas, vi que estava razoável, não ia pesar entregar produto, que é a coisa mais barata para nós. O pagamento está sendo feito em exposição, repercussão”, pontua. A medalhista Rayssa Leal foi uma das que passou pelo estande e provou o pão de queijo da NUU. Em vídeo, ela dá nota 10 para o quitute.
A rodada mais recente anunciada pela NUU foi em março deste ano, quando aconteceu a captação de R$ 1,2 milhão em um complemento de uma Série A iniciada em 2023, totalizando R$ 21,2 milhões. Na época, a fundadora afirmou que o capital seria direcionado para fortalecer a presença da marca em eventos – desde então, a foodtech esteve no Lollapalooza, na Maratona do Rio e nos encontros de tecnologia VTEX Day e Web Summit Rio. No primeiro semestre, a participação em eventos representou 3% do faturamento da NUU.
Gontijo também afirmou que o capital seria direcionado para o lançamento de produtos. Além da linha food, lançada no fim de julho, a fundadora prevê o lançamento de uma linha para crianças no segundo semestre, com foco em ocasiões de consumo de lazer.