A influenciadora digital Anny Bergatin, mais conhecida como Ruivinha de Marte, foi criticada pelos internautas após publicar um vídeo na última semana mostrando o novo uniforme das funcionárias da sua loja, a Ruivinha Marte Glow. Vestidas com um macacão prateado que remete à roupa de astronauta, as colaboradoras aparecem dançando junto com a famosa que usa a mesma vestimenta nas imagens.
Com quase cinco mil comentários, a publicação dividiu opiniões entre os usuários. Muitos questionaram o uso do uniforme no clima de Manaus, cidade onde está localizada a loja. “Gente, está lindo, mas e o calor?”, disse uma seguidora. “Fora que ir ao banheiro não deve ser fácil”, escreveu outra.
Após a repercussão do registro, a influenciadora resolveu publicar outro vídeo, no início desta semana, rebatendo as críticas ao uniforme da sua loja. “Essas pessoas que estão criticando não me ajudaram com um real porque na internet é assim. Quando um comenta vira o efeito manada”, iniciou.
Em seguida, Ruivinha justificou que as funcionárias utilizam o uniforme temático em ambiente climatizado do shopping, por isso, não sofriam com calor. “A minha loja é temática, o nome é Ruivinha Marte Glow e já dá para tirar por aí. O nosso uniforme é de astronauta e remete ao espaço, foguete. Primeiro, que nenhuma das minhas colaboradoras está reclamando, elas estavam ansiosíssimas para usar esse uniforme. Minha loja tem ar-condicionado, o shopping tem. Então, não precisa entrar em pânico”, revelou.
Segundo ela, o uniforme possui um tecido mais fino e foi desenvolvido por um estilista. “Agora, a pessoa vem dizer que CLT passa muita vergonha, passa cada humilhação. Se usar nosso uniforme é passar humilhação? Me humilhe. O nosso uniforme é lindo.”
A influenciadora ainda relembrou as dificuldades que enfrentou até ter condições de investir no seu negócio. “Eu não aceito que ninguém fale mal da minha loja porque só Deus sabe o que eu passei para me tornar empresária. Então, calem a boca”, finalizou.
O que diz a lei
De acordo com o professor de Direito da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, Paulo Renato Fernandes, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) atribui ao empregador o direito de organização do seu negócio, o que inclui a escolha do modelo de uniforme a ser utilizado pelo funcionário no ambiente de trabalho. “A empresa pode estabelecer o tipo de uniforme que o trabalhador vai usar. Então, pode ser terno ou uma camisa padrão, por exemplo”, apontou.
Em contrapartida, Fernandes destaca que não pode ocorrer abusos por parte do empregador, a exemplo da obrigatoriedade do uso de roupas que causem constrangimento ao funcionário. Além disso, o especialista alerta para a necessidade da assinatura do termo de autorização do uso de imagem do trabalhador, para divulgação nas redes sociais, como fez Ruivinha.
O advogado Marcel Zangiácomo, que é especialista em Direito Processual e Material do Trabalho, corrobora que a CLT possibilita a inclusão de logomarcas da empresa ou de empresas parceiras no uniforme. “O empregador é responsável, primeiro, por fornecer de forma gratuita o uniforme para os funcionários, quando for exigido para a execução das funções”, afirmou.
Ainda segundo o especialista, a legislação não possui nenhuma cláusula específica que proíba o uso de uniformes temáticos, mas o empregador deve respeitar a integridade e o bem-estar do funcionário. “Por um lado tem o padrão da vestimenta, mas tem o questionamento sobre um abuso desse poder diretivo no momento em que se obriga o empregado a utilizar alguma fantasia exagerada ou que possa ridicularizá-lo”, reiterou.
*Participante do Curso Valor de Jornalismo Econômico, sob supervisão de Paulo Gratão.