A 25ª edição da Multi-Unit Franchising Conference, maior evento de multifranqueados do mundo, aconteceu entre os dias 26 e 28 de março em Las Vegas, nos Estados Unidos. PEGN esteve presente com uma comitiva com 55 empreendedores liderada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) e acompanhou as discussões sobre as principais tendências na gestão de multifranquias nos Estados Unidos – algumas podem ser aplicáveis ao Brasil.
De acordo com dados apresentados pela consultoria Frandata no evento, em 2024 existiam 241,7 mil multifranqueados nos Estados Unidos, sendo que 66,4 mil tinham mais de 50 franquias. Desde 2010, o crescimento nessa última faixa foi de 191,36%. Setenta por cento dos multifranqueados pretendem abrir mais unidades.
No Brasil, 87% das redes já reportam trabalhar com multifranqueados, segundo a ABF.
Franquias:
Essa força faz com que os empreendedores troquem experiências entre si e sejam cobiçados por franqueadores que desejam ver suas marcas geridas por franqueados profissionais. A troca aberta de experiências é um dos aprendizados que empreendedores brasileiros vislumbraram no evento.
Na visão de Tom Moreira Leite, presidente da ABF, o aumento de networking entre franqueados de marcas diferentes pode ajudar no crescimento do franchising nacional. “Independentemente do segmento — alimentação, colchões ou cosméticos — os desafios de gestão, funding para expansão e liderança de equipes são bastante similares”, observa. “Ver franqueados com dezenas de unidades conversando abertamente sobre métricas, cultura, transição de papéis e modelos de governança é inspirador para todos, e ratifica que é possível crescer de maneira organizada”, afirma.
Gestão de pessoas
Manter funcionários motivados e treinados é um desafio lá e no Brasil, mas é um dos segredos apontados para escalar os negócios. Com a dificuldade de contratação de mão de obra, a dica de multifranqueados norte-americanos é apostar em gerentes regionais com forte capacidade para liderar e motivar pessoas.
Além disso, é preciso oferecer vantagens competitivas atraentes, como bônus por performance, plano de carreira, horários flexíveis e descontos em produtos e serviços oferecidos pela marca. É importante envolver funcionários em decisões que afetem seu trabalho, para que eles se sintam parte da equipe.
Uma das estratégias citadas para evitar a alta rotatividade é acompanhar os novos funcionários, com um check-list que meça seus resultados e satisfação em períodos de 30, 90 e 180 dias.
Relação franqueador e franqueado
Um dos recados passados no evento é que conflitos fazem parte da relação entre franqueador e franqueado, mas os desgastes tendem a ser menores quando são tratados logo no início. Além disso, alterações comunicadas com efetividade, em geral, são mais bem aceitas. “Mudanças unilaterais geram resistência. Já comitês consultivos, projetos-piloto e comunicação transparente geram adesão e parceria”, observa Juarez Leão, membro do conselho da ABF, que acompanhou a comitiva.
Mais do que participar das decisões, franqueados não querem necessariamente ter a palavra final, mas sim ser ouvidos. Mantenha uma comunicação frequente, pelo canal que considerar melhor.
Expansão
Para uma expansão mais saudável, é recomendado que o franqueado faça análises constantes do mercado e da localização para garantir que a marca seja relevante na área. Além disso, é preciso buscar outras formas de financiar o crescimento. Manter um forte balanço patrimonial e um histórico financeiro sólido é um bom início de caminho.
A escolha da marca também deve ser criteriosa: há capacidade de crescimento? A rede tem um bom relacionamento com bancos? Como a marca é vista no mercado? É importante ser disciplinado com o crescimento e não aumentar o custo fixo muito rápido, pois isso pode comprometer a lucratividade do negócio.
