O Brasil terá uma segunda edição do experimento sobre o impacto da jornada de trabalho semanal de quatro dias, que acontecerá entre janeiro e junho do ano que vem. O piloto é conduzido pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week, que coordena testes ao redor do mundo, e a empresa nacional Reconnect Happiness at Work, especializada em treinamentos e programas de desenvolvimento em felicidade corporativa.
Entre agosto e setembro de 2024, a Reconnect vai oferecer informações sobre o programa para qualquer empresa que demonstrar interesse em participar. Não há exigência de requisitos mínimos, como número mínimo de funcionários, por exemplo. Basta responder a um formulário disponível no site www.4dayweekbrazil.com para ter acesso à mentoria.
Em outubro, novembro e dezembro, com as inscrições concluídas, começam sessões de treinamento e integração com equipes de suporte da ONG. Entre janeiro e junho de 2025, o modelo conhecido como 100-80-100 vai ser realmente implementado. A lógica é manter 100% do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade.
84,6% dos líderes recomendam modelo
O primeiro teste terminou em junho, com 19 empresas chegando até a etapa final. Os resultados finais indicam que 84,6% das lideranças recomendam a redução da jornada semanal. Entre as empresas que finalizaram os testes, oito devem manter a semana de quatro dias, sete devem estender o experimento por mais tempo para fazer ajustes, por exemplo, como proceder em caso de feriados.
Uma delas disse que pretende expandir o experimento por mais meses, mas neste caso para implementar a jornada reduzida em novos times. As três restantes devem seguir com o modelo da semana de quatro dias permanentemente, mas adotaram alguma mudança em relação à ideia inicial, como manter uma semana no mês funcionando em cinco dias.
Além disso, 48,2% dos participantes perceberam um aumento no ritmo de trabalho. O nível de engajamento cresceu, segundo 60,3% dos colaboradores entrevistados. O destaque, no entanto, ficou para a produtividade, que aumentou de forma relevante para 71,5% dos respondentes.
Quase a totalidade dos ouvintes (97,5%) gostaria que o modelo permanecesse na companhia. A quantidade de horas trabalhadas também caiu, indicando que as pessoas não fizeram horas extras para compensar o dia a menos, passando de 42,8 horas na semana antes do teste para 36,5 horas depois.
O experimento também deixou claro como o modelo de 4 dias pode ser uma ferramenta eficiente para reter talentos e reduzir taxas de layoff — 40,4% dos trabalhadores precisariam de um aumento salarial superior a 50% para considerar retornar a trabalhar cinco dias na semana.
- 56,6% dos trabalhadores indicam melhoria no execução de projetos
- 80,7% apontam melhoria na criatividade e inovação
- 87,4% têm mais energia para realização de tarefas
- 14,5% se sentem menos estressados
- 30,5% se sentem menos ansiosos
Como funcionou o experimento
O piloto da semana de 4 dias começou em maio de 2023, com o recrutamento de empresas. Entre junho e julho, as interessadas passaram por quatro sessões de treinamento. No primeiro semestre de 2024, o modelo foi implementado. As companhias tiveram autonomia de mexer no formato segundo suas necessidades, desde que mantivessem a remuneração e reduzissem os dias de trabalho.
Resultado positivo: Estudo mostra que semana de 4 dias reduz burnout em 71%, sem queda na produtividade
Inicialmente 21 empresas participavam, com aproximadamente 290 colaboradores, mas uma delas, localizada no Rio Grande do Sul, desistiu por conta das enchentes, e a outra interrompeu os testes após uma troca no comando.
Confira algumas das empresas participantes
- Ab Aeterno
- Clara Associados
- Clementino & Teixeira Advocacia
- GR Assessoria Contábil
- Greco Design
- Haze Shift
- Hospital Indianópolis
- Innuvem
- Inspira
- Maker Brands
- Mol Impacto
- Noono
- Oxygen Hub
- PiU Comunica
- Plongê
- Rede Alimentare
- Smart Duo
- Soma CSC (Grupo Dreamers)
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