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Quem está por trás da Fotop, plataforma de venda de fotos de corridas e eventos

Fonte: Redação

Em um domingo comum, a plataforma da Fotop processa cerca de 12 mil fotos por minuto. Fotógrafos que utilizam o serviço da startup costumam marcar presença em parques de São Paulo, como Ibirapuera e Villa Lobos, além de eventos como São Silvestre, Maratona do Rio, Lollapalooza, Carnatal e Rock in Rio. Apenas em 2024, 500 milhões de fotos foram enviadas para o banco de dados da empresa.

Os fundadores, André Chaco e Renato Cukier, ambos com 48 anos, empreendem juntos desde os anos 1990. O embrião do que seria a Fotop surgiu em 2004 e a empresa se constituiu em 2015. “Não começamos com uma dor, um sonho. A gente precisava ganhar dinheiro e pagar as contas e fomos fazendo o negócio funcionar”, afirma Chaco, o CEO da Fotop.

Os sócios se conheceram em um acampamento na infância. Amigos desde então, eles empreenderam pela primeira vez em 1997, quando lançaram um site para falar de escalada, uma paixão em comum. Na época, eles foram procurados por um grande portal para fazer conteúdo e começaram a ganhar dinheiro com publicidade. Em 2000, eles decidiram ir além do jornalismo, passando a vender pacotes de viagem de uma empresa terceirizada e ingressos para competições, e criaram uma loja online de produtos para esportes de aventura.

Foi durante uma cobertura do Rally dos Sertões, naquele mesmo ano, que eles encontraram os primeiros clientes para comprar as fotos que faziam. “Vimos que tinha negócio. No ano seguinte, fomos com uma estrutura melhor para vender as fotos para os pilotos. Foram 36 horas gravando CDs com as imagens para entregar na festa de encerramento do rally”, conta Chaco.

Com o interesse crescendo, os sócios fizeram um curso de fotografia juntos. “Nossos negócios naquela época pagavam as contas, mas a gente mantinha o radar ligado. Eu me especializei na parte de fotografia técnica, menos artística. É diferente do fotojornalismo, você tem de ser quase um burocrata”, aponta Chaco.

Eles também empreenderam nessa seara com um colega de cobertura de rally, fundando a Foto Arena, banco de imagens jornalísticas que atende sites, jornais, revistas e livros didáticos, em 2008. “A gente gosta de empreender. Depois a gente arruma a casa”, pontua Cukier, COO da Fotop.

Startups:

Em 2014, eles decidiram separar as operações de venda de fotos e ingressos, criando a Fotop e a Ticket Agora, que depois se tornou Ticket Sports, vendida em 2024 para a Ingresse. A ideia era apostar no cliente final para a compra de fotos.

“A gente atendia o corporativo, mas era volátil, as empresas mudam as estratégias de marketing. Com o cliente final, você não perde o negócio porque em cada evento tem pessoas para comprar as fotos. Você sai de casa sem um real garantido, mas no final é mais seguro porque são mais chances de vender para pessoas diferentes”, destaca Chaco.

Como funciona

Os fotógrafos não pagam mensalidade para vender fotos na plataforma, mas precisam pagar uma comissão para a Fotop – em média, uma taxa de 12% sobre as vendas. Outro modelo também cobra pelo upload na plataforma, com diminuição na cobrança da comissão. O valor médio unitário por foto gira entre R$ 15 e R$ 20, mas cada fotógrafo pode estipular o preço do seu trabalho.

“A gente estimula o fotógrafo a oferecer pacotes e os clientes a comprarem. Na São Silvestre, cada foto saiu a centavos, o cliente pagou em torno de R$ 100 pelo pacote e recebeu 300 fotos. Aquelas fotos só interessam a uma pessoa. Se eu tiver 20 fotos suas, eu prefiro que você leve todas, mas vai da estratégia do fotógrafo”, afirma Chaco.

Segundo os fundadores, em eventos como a Maratona do Rio, o profissional fica com uma porcentagem em torno de 45% da produção – são casos em que a Fotop gerencia a participação no evento e o organizador também fica com uma comissão. Antes de se registrar para cobrir uma agenda disponível no marketplace da Fotop, o fotógrafo sabe quanto vai receber pelo trabalho.

Os fotógrafos da Fotop participam de provas de esportes ao ar livre — Foto: Wladimir Togumi
Os fotógrafos da Fotop participam de provas de esportes ao ar livre — Foto: Wladimir Togumi

Os profissionais podem subir as fotos pelo desktop e a plataforma contém um editor de imagens baseado em inteligência artificial. O sistema registra as características biométricas da foto e, quando o cliente entra na plataforma em busca das suas imagens, consegue rastreá-las por essa tecnologia.

No começo, porém, o processo era bem diferente. “Nós viramos noites olhando os números de identificação de cada participante na unha, colocando marca d’água nas fotos. Chegou a ter época em que montamos estrutura no escritório de domingo para segunda para receber os fotógrafos e, em alguns fins de semana, tinham 40 pessoas subindo fotos presencialmente”, relembra Chaco, que usava a antena do microondas da sua casa para rebater a internet para o espaço, que não tinha banda larga para upload.

Segundo os fundadores, a Fotop cresceu 100% em 2024. Para 2025, o plano é registrar 150% de crescimento, com a venda de fotos atingindo a casa de centenas de milhões de reais. Mais de 150 mil fotógrafos estão cadastrados na plataforma. A Fotop opera em 10 países atualmente, incluindo Portugal, Colômbia, Equador, França e Espanha. A plataforma, porém, é livre, e fotógrafos de qualquer país podem se cadastrar e usar a tecnologia.

“O pós-pandemia trouxe duas coisas: mais pessoas praticando esportes e, principalmente, a valorização das experiências. Imaginávamos que a volta seria um foguete e que depois abaixaria, mas não houve queda. Com o fenômeno das redes sociais, se você não postou, quer dizer que não treinou. Começamos a ter clientes recorrentes”, pontua Chaco.

Desde a fundação, a Fotop nunca captou recursos com investidores externos. “No início, tínhamos vergonha de ser bootstrap. A gente preferia ter captado milhões, mas não tivemos a chance, somos o patinho feio [para o mercado de venture capital]. Todo mundo quer ser o Zuckerberg, mas o mundo tem mais Fotops do que Metas”, declara Chaco, sem descartar uma captação no futuro, se surgir a oportunidade.

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