O brasileiro Leo Kryss, um magnata do setor de eletrônicos e fundador da TecToy, está processando uma corretora imobiliária que o aconselhou a reduzir em US$ 6 milhões (R$ 33 milhões) o preço de venda de sua mansão em Miami, sem revelar que o comprador era Jeff Bezos, o segundo homem mais rico do mundo.
No ano passado, Bezos deu início a uma série de aquisições em Indian Creek Village, Miami, comprando três propriedades, com um valor total de US$ 237 milhões.
Na região, Kryss comprou sua propriedade à beira-mar em 2014 por US$ 28 milhões. Em maio de 2023, ele colocou a residência, com sete quartos, adega, biblioteca, cinema e piscina, à venda por US$ 85 milhões.
No entanto, após receber uma oferta US$ 79 milhões, o brasileiro questionou a corretora Douglas Elliman sobre quem seria o comprador, que assegurou não se tratar de Bezos. Dessa forma, a venda foi efetuada com um desconto de US$ 6 milhões.
Depois do episódio, Kryss decidiu processar a corretora Douglas Elliman, alegando que a identidade do comprador era fundamental para as negociações e para a definição do preço de venda. Segundo o Wall Street Journal, a corretora recebeu uma comissão de 4%, equivalente a mais de US$ 3 milhões (R$ 17 milhões) pela venda.
“Ter conhecimento de que Bezos estava tentando adquirir a casa de forma anônima, com o objetivo de combiná-la com propriedades adjacentes, foi crucial para as negociações e para a decisão sobre o preço final de venda”, detalha o processo movido por Kryss.
Após a conclusão do negócio e a revelação da identidade do comprador, Jay Parker, CEO da corretora, enviou um e-mail a Kryss afirmando que também desconhecia que a oferta era de Bezos. Ele alega que havia sido levado a acreditar que o comprador era a família de Benny Klepach, prefeito de Indian Creek Village e proprietário de lojas duty-free em aeroportos.
Quem é Leo Kryss, empresário que vendeu mansão para Jeff Bezos?
Leo Kryss, nascido na Alemanha, vive no Brasil desde o final dos anos 1950, onde seu pai fundou a fabricante de eletrônicos Evadin. A empresa, uma das primeiras a se instalar na Zona Franca de Manaus, foi assumida por Kryss na década de 1970, após a morte do patriarca.
Sob sua liderança, segundo O Globo, a Evadin se destacou na produção de televisores da Mitsubishi e celulares da Motorola. Em 1996, no auge, com faturamento de US$ 1 bilhão.
Kryss também teve um papel fundamental como fundador na Tec Toy, uma das pioneiras no mercado de videogames no Brasil. Ele vendeu o controle da empresa poucos anos antes de a companhia enfrentar dificuldades financeiras e pedir concordata, em 1997.
Além de sua atuação no setor de eletrônicos, Kryss controlou o Grupo Tendência, uma holding financeira que incluía uma gestora de investimentos e um banco. Durante os anos 1980, ele se tornou um dos maiores especuladores da Bolsa de Valores do Brasil.
Apesar de ter levado uma vida mais reservada nos últimos anos, Kryss já esteve envolvido em alguns dos momentos mais agitados do mundo dos negócios. No final dos anos 1990, após a Mitsubishi encerrar o contrato que permitia à Evadin fabricar seus televisores na fábrica da Zona Franca de Manaus. Kryss levou o caso aos tribunais, iniciando uma batalha judicial que se arrastou até 2012, quando a Justiça decidiu a favor da empresa japonesa.
Além disso, Kryss também se envolveu em uma acirrada disputa com seu então amigo Jorge Simeira Jacob, fundador da rede varejista Arapuã, uma das principais distribuidoras dos televisores da Evadin.