A partir desta sexta-feira (28/2), o Pix por aproximação começa a valer em todo o Brasil. O sistema permite que consumidores realizem pagamentos com o celular – como já acontece com cartões cadastrados nas carteiras digitais – dispensando a necessidade de leitura de QR codes ou inserção de chaves Pix nos aplicativos de bancos. Especialistas avaliam que o modelo deve beneficiar empreendedores, sobretudo do varejo, a partir de uma melhora nas experiências de compra.
Com a funcionalidade, o cliente poderá encostar o celular na maquininha de cartão e fazer o Pix por meio da tecnologia Near Field Communication (NFC) a partir do aplicativo de bancos que oferecerem a modalidade ou pela carteira digital do aparelho — por enquanto, o Google Pay é o único autorizado pelo Banco Central (BC); entre os bancos, até o fechamento deste texto, apenas Bradesco e Banco do Brasil disponibilizam a opção. Os usuários ainda precisão autenticar a operação final com biometria, senha ou reconhecimento facial na tela do celular.
Até agora, o Pix por aproximação estava em fase de testes. De acordo com a Agência Brasil, entre os bancos e instituições de pagamento que testavam a tecnologia estão Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, C6, Itaú, PicPay e Santander. Quanto às maquininhas, 12 marcas têm parceria com o Google para oferecer o pagamento via Pix por aproximação: Azulzinha, Bin, Cielo, Fiserv, Getnet, Mercado Pago, Pagbank, Rede (que pertence ao Itaú), Safra Pay, Sicredi, Stone e Sumup.
Os dispositivos são os mesmos já utilizadas para as transações via cartão por aproximação, ou seja, aquela com a tecnologia NFC. Kleber Guerche, consultor de negócios do Sebrae-SP, destaca que os negócios que ainda não trabalham com a tecnologia devem buscar um aparelho atualizado. “Os clientes já buscam essa comodidade com os cartões e, agora com o pix, será ainda mais importante que os empreendedores ofereçam a possibilidade de pagamento por aproximação”, diz.
André Charone, especialista em gestão financeira, controladoria e auditoria, destaca que apesar do possível investimento inicial para alguns negócios, o Pix por aproximação tende a não gerar custos adicionais significativos em termos de taxas de processamento para os comerciantes, sendo uma alternativa mais econômica em comparação com as taxas tradicionais de cartões de crédito e débito.
O consultor de negócios avalia que a novidade será positiva para empresas de diferentes segmentos, mas sobretudo para oas que lidam com valores de transação menores, com destaque para os pequenos e médios negócios do varejo. De acordo com o BC, inicialmente, as transações terão um valor máximo padronizado de R$ 500, que poderá ser ajustado posteriormente pelos usuários. As outras formas de iniciação de pagamento via Pix, como a chave e o QR Code, continuam existindo e operando normalmente.
Os especialistas ouvidos por PEGN consideram que a implementação do Pix por aproximação deve impulsionar ainda mais o uso desse meio de pagamento, o que pode diminuir os pagamentos feitos por dinheiro físico e cartão de débito. “Para os empreendedores, isso representa uma vantagem significativa, pois o Pix tem custos menores na comparação com as taxas cobradas por operadoras de cartões, melhora o fluxo de caixa com liquidações instantâneas e aumenta a eficiência operacional ao reduzir o tempo de atendimento no ponto de venda”, indica Charone.
Guerche destaca que, mesmo com a aceitação em grande escala do Pix como meio de pagamento, com mais de 63 bilhões de operações com a ferramenta apenas em 2024, segundo o Banco Central, a modalidade por aproximação deve acabar com uma barreira que ainda levava parte dos consumidores a preferirem outros meios: a comodidade. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em setembro de 2024, 65% dos pagamentos presenciais foram feitos por aproximação, por cartões ou outros dispositivos.
“Muitas vezes, pegar o celular, abrir o app do banco, esperar carregar e digitar senha se torna um processo que desmotiva os clientes que buscam agilidade, sobretudo quando pensamos nessas compras em lojas de varejo menores ou de compras com autônomos nas ruas, por exemplo. A aproximação deve impulsionar o uso do pagamento instantâneo”, aponta o consultor do Sebrae. Para garantir uma boa jornada de compra, Guerche destaca que os empreendedores devem deixar claro para os clientes que a modalidade é aceita, além de treinar a equipe para que todos tenham conhecimento sobre o método.