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Os 4 eventos mais marcantes de 2023 – e os destaques da semana no ecossistema

Fonte: Redação

Chegamos à última edição de 2023 desta newsletter com um especial sobre os momentos e as movimentações que mais se destacaram ao longo do ano no ecossistema. Afinal, se semanalmente trouxemos os principais destaques para que você ficasse por dentro das novidades, não poderíamos deixar de fazer uma retrospectiva, certo?

Mas não paramos por aí. Apesar do ritmo mais tranquilo por causa do fim do ano, ainda houve anúncios de aportes e aquisições, como as primeiras investidas da aceleradora Strive – que foi destaque do nosso primeiro texto do ano.

Ao longo de 2023, PEGN enviou 50 edições da newsletter 100 Startups to Watch. Agradecemos aos nossos leitores pela companhia e pela confiança. Seguiremos por aqui em 2024, um ano que promete para o ecossistema de inovação.

Um ótimo fim de ano para você e sua família! Até janeiro e boa leitura!

Os eventos mais marcantes de 2023

Quanta coisa aconteceu ao longo deste ano, hein? Com dezembro prestes a acabar, chegou a hora de olhar para trás e relembrar os eventos que se destacaram em 2023.

No primeiro semestre, anúncios de demissões em massa – Loggi, C6 Bank, iFood e Nubank foram algumas que fizeram reestruturações – mostraram que o ano poderia ser parecido com 2022, quando o ecossistema vivenciou o inverno das startups, movimento que foi caracterizado pela queda no volume de aportes a partir do segundo semestre.

Investidores e especialistas que consultamos no fim do ano passado disseram que a palavra de ordem em 2023 seria eficiência, com a busca de maior controle na queima de caixa e crescimento inteligente. Eles indicaram ainda que o capital dos fundos provavelmente seria pulverizado em startups menores e que as captações maiores seriam mais raras – o que de fato aconteceu: grandes rodadas só voltaram a ser anunciadas no segundo semestre do ano.

“Não acredito que superamos o inverno, apesar de termos razões para manter um otimismo cauteloso. Infelizmente, essas fases causam miniciclos viciosos: com a diminuição de capital, empresas mais maduras têm muita dificuldade de levantar rodadas late stage ou encontrarem oportunidades de saída, como venda e IPO. Isso por sua vez diminui a confiança no mercado e faz com que investidores fiquem menos entusiasmados”, aponta Gina Gotthilf, cofundadora e COO da Latitud, sobre o momento atual.

Com a ajuda de agentes do ecossistema, listamos quatro eventos que se destacaram em 2023:

  • Eficiência em primeiro lugar

Se antes o dinheiro vinha mais fácil e após poucas comprovações, agora os investidores passaram a avaliar com mais critério onde injetariam capital. Um power point não basta mais: é preciso demonstrar, por meio de dados e números, que a startup é eficiente e para em pé. Com as rodadas demorando mais tempo para sair, os fundadores fizeram reajustes e buscaram maior independência do dinheiro externo.

“Reduzir a queima de caixa foi um dos grandes temas do ano. Muitas empresas ajustaram suas operações, o que além de garantir o caixa por mais tempo, tornou boa parte delas muito mais eficientes. Em nosso portfólio, por exemplo, tivemos vários casos relevantes de empresas que ampliaram significativamente suas margens, atingiram breakeven e seguiram crescendo com altas taxas”, afirma Daniel Chalfon, sócio da Astella.

A plataforma de gestão na nuvem Omie e os unicórnios Loft e CloudWalk foram algumas das startups que anunciaram que chegaram ao ponto de equilíbrio em 2023. A Omie divulgou a novidade com exclusividade a PEGN no início de dezembro, quando operava com caixa positivo havia quatro meses. No ano em que completa 10 anos de operação, a startup espera registrar um crescimento de 70% na receita recorrente.

Segundo Marcelo Lombardo, cofundador e CEO da startup, o encarecimento do capital e a decorrente resistência dos fundos em injetar dinheiro em rodadas maiores fez com que a Omie traçasse um plano para alcançar o equilíbrio financeiro.

  • Quebra do Silicon Valley Bank

Em março, o ecossistema de startups foi surpreendido pela crise do Silicon Valley Bank, instituição financeira conhecida por emprestar dinheiro e receber depósitos de empresas de base tecnológica de todo o mundo, incluindo o Brasil.

Os papéis do banco despencaram após a empresa dizer que venderia US$ 2,3 bilhões em ações para cobrir perdas. Com o aumento expressivo da taxa de juros nos Estados Unidos, as startups passaram a ter mais dificuldade de acessar empréstimos. Por causa disso, passaram a sacar os recursos da entidade para bancar suas operações.

O anúncio da situação da instituição financeira levou gestoras de venture capital a aconselhar as startups de seus portfólios a retirar o dinheiro do SVB, o que iniciou uma corrida de fundadores para transferir seu capital para outros locais, gerando instabilidade no sistema do banco.

“Uma das principais instituições financeiras para startups do mundo simplesmente derreteu em menos de dois dias. Isso mostrou um pouco da mentalidade que vivemos nos últimos anos. O mínimo de incerteza do SVB já foi o suficiente para que muitas pessoas retirassem seus recursos do banco”, declara Marcelo Ciampolini, partner da Antler Brasil.

A fintech Flourish Fi, fundada pelo brasileiro Pedro Moura nos EUA, foi uma das afetadas. Em entrevista a PEGN, na época, ele falou que boa parte dos recursos da empresa estava alocada no SVB, como o aporte de R$ 12 milhões levantado em novembro de 2022. Relembre a conversa aqui.

Com a crise instalada, o governo dos Estados Unidos intercedeu e fechou o SVB, assegurando que as operações seriam garantidas pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC). A instituição se tornou o maior banco americano a quebrar desde a crise financeira de 2008. Duas semanas após o colapso, o First Citizens Bank fechou um acordo para comprar a companhia.

  • Boom da inteligência artificial

A OpenAI lançou o ChatGPT ao grande público no fim de 2022, mas os efeitos da novidade só começaram a ser sentidos no início deste ano. Logo, o Google correu atrás do prejuízo e lançou o Bard, e Elon Musk criou a xAI. Com a popularização da ferramenta para processamento de linguagem natural, a inteligência artificial ganhou os holofotes e foi tema de inúmeras palestras em eventos, como o Slush 2023, que PEGN acompanhou em novembro, na Finlândia.

Ao longo de 2023, discutimos os limites do uso da tecnologia e os impactos que a sua adoção pode causar no mercado de trabalho. Os menos apocalípticos afirmam que a IA veio para somar e nos permitirá ser mais eficientes e produtivos a partir da automação de tarefas repetitivas e que não dependem do “fator humano”.

Startups embarcaram no hype e passaram a integrar a tecnologia em suas soluções, seja qual for o setor de atuação: chatbots, assistentes de produção, análise de riscos e otimização de rotas são apenas alguns usos. “Em novos produtos, mas também otimizando processos e tarefas, reduzindo custos e ampliando as possibilidades dos produtos existentes. Vamos continuar vendo a evolução da tecnologia em todos os negócios, mas 2024 deve ser o ano do uso de aplicações com IA multimodal em larga escala, permitindo produtos integrados com texto, áudio, imagem, código e em casos ainda mais pontuais também vídeo”, prevê Chalfon.

  • Aquisição bilionária da Pismo

Com a redução drástica no volume dos investimentos por causa do encarecimento do capital, os anúncios de unicórnios se tornaram escassos. Em 2023, apenas uma empresa brasileira atingiu a marca do valuation de US$ 1 bilhão: a fintech Pismo.

Mas a startup não conquistou o título ao captar uma nova rodada e ter o seu valor de mercado avaliado. A Pismo se tornou unicórnio ao ser comprada por US$ 1 bilhão pela Visa, em junho. A fintech desenvolve e implementa soluções bancárias e de cartões de crédito para bancos digitais e instituições financeiras, com clientes como BTG Pactual, Itaú Unibanco e Citibank. A startup brasileira tem presença internacional, com escritórios na Inglaterra, Singapura, Estados Unidos e Índia.

O investimento da Visa em inovação foi feito para oferecer aos clientes soluções de processamento bancário e de emissão para cartões de débito, pré-pago, crédito e empresariais por meio de APIs nativas em nuvem.

A cofundadora e CTO Daniela Binatti revelou que inicialmente a fintech negou a oferta. “A primeira reação foi ‘não estamos à venda, obrigada’. Depois, decidimos explorar e ver o que seria possível construir juntos”, contou durante o Itaú Future Day, realizado em setembro. Ela afirmou que a aquisição se mostrou uma oportunidade “para ser capaz de realizar o sonho de ter uma solução global e atender a todos os bancos possíveis no mundo”.

“Essa aquisição passou uma mensagem de positividade para toda a indústria, ajudando a dar uma aquecida no inverno de startups. Depois disso, vimos alguns aportes interessantes, como foi o caso da QI Tech, que levantou R$ 1 bilhão, e a Nomad, que captou US$ 61 milhões”, avalia Ciampolini, da Antler Brasil.

Agora é ver o que 2024 nos reserva.

Aportes

positiv.a. A startup de produtos de limpeza ecológicos concluiu uma captação por equity crowdfunding pela plataforma Kria e levantou R$ 8,3 milhões. A rodada, que durou dois meses, contou com 187 participantes, sendo 80% clientes da marca e 20% não clientes, como family offices e pessoas engajadas com a causa ambiental. O valor será direcionado para integração e transformação da fábrica, investimento em vendas recorrentes, criação de comunidade, evolução do portfólio e capital de giro.

Bankme. A fintech que oferece uma solução para criação de minibancos captou R$ 7,4 milhões com a gestora DOMO.VC. O capital será utilizado para manter o ritmo acelerado de crescimento, a partir do investimento em tecnologia e pessoas para desenvolver a área que será responsável pela criação de um novo produto. Atualmente, a startup possui 70 minibancos sob sua gestão, que atuam no mercado de crédito.

anitya. Especializada na criação de ambientes no metaverso, a startup conquistou um investimento seed de US$ 2 milhões da Indicator Capital. Fundada em 2021, a anitya desenvolveu uma plataforma web para construção de experiências imersivas a um baixo custo, permitindo que mais empresas consigam fazer uso da tecnologia – arquitetos, engenheiros, designers e desenvolvedores de jogos são alguns que podem se beneficiar, construindo experiências gamificadas sem precisar de um hardware potente.

Sellentt. O BR Angels voltou a apostar na tese da startup de SaaS para equipes comerciais. Após investir R$ 950 mil na empresa em 2022, o grupo de investidores-anjo aportou mais R$ 500 mil. Fundada em 2018, a Sellentt utiliza inteligência artificial para analisar dados e encontrar oportunidades, calcular perdas e gerar alertas para as equipes comerciais de companhias de porte médio e grande. O novo capital será destinado para as áreas comerciais e de marketing, com o desenvolvimento de novos canais de venda, para acelerar o crescimento e chegar ao breakeven.

Mercado Único e Coeh. Estas foram as startups selecionadas para receber os primeiros cheques da aceleradora Strive, fundada no início de 2023 por Tiago Galli, ex-sócio do C6 Bank, e Eduardo Casarini, criador da Flores Online. A Mercado Único conecta indústrias com estoques excedentes ou produtos próximos ao vencimento a varejistas e distribuidores que queiram os itens. Já a Coeh criou uma plataforma para criadores de conteúdo cultivarem suas comunidades e cobrarem assinaturas. As startups vão receber cheques entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão cada uma.

M&A

Stoque. A empresa de soluções de automação e digitalização de processos e documentos para bancos e instituições financeiras adquiriu a startup Zeev, especializada em plataformas low-code para automação de processos. O valor da transação não foi divulgado pelas companhias, mas a movimentação faz parte do plano de expansão da Stoque para o mercado de médias e grandes empresas, para alcançar setores que ainda não atende.

Proofpoint. A empresa de segurança cibernética anunciou a conclusão da aquisição da Tessian, startup que utiliza IA para detectar e proteger os clientes contra perda acidental de dados por e-mail. Com o M&A, a Proofpoint pretende proporcionar uma defesa mais abrangente contra os riscos de camada humana aos clientes — de engenharia social a phishing de credenciais. A empresa afirma que pretende lançar a solução conjunta no início de 2024.

Blip. A startup brasileira que atua no gerenciamento de conversas entre empresas e consumidores por plataformas como WhatsApp e Instagram fez a sua primeira aquisição fora do Brasil. A escolhida foi a mexicana GUS, que trabalha na mesma frente. O M&A, que não teve o valor divulgado, surgiu após a startup desembarcar no país como parte de sua estratégia de expansão internacional. A aquisição servirá para acelerar a capilaridade da operação mexicana.

Resilia. A startup, que atua com soluções educacionais para o mercado de trabalho, adquiriu a B.Nous, plataforma de microlearning personalizada para o aprendizado corporativo. Fundada em 2019, a Resilia auxilia empresas como Renner, Neon, iFood e RaiaDrogasil a se adaptar a novas exigências de conhecimento de tecnologia e habilidades comportamentais. Já a B.Nous mapeia o perfil de cada profissional para construir trilhas personalizadas para aumentar o engajamento e reduzir o turnover. Com a aquisição, a Resilia pretende criar um ambiente de aprendizado corporativo mais robusto.

Mulheres investidoras

Nesta semana, a LAVCA (Associação para o Investimento em Capital Privado na América Latina) divulgou a lista com as maiores investidoras femininas da região. Com 143 nomes, a seleção nomeou 33 profissionais brasileiras.

A instituição realiza a iniciativa como forma de trazer mais visibilidade para as mulheres que atuam no mercado de capital de risco na América Latina, ainda muito masculino. Realizada anualmente desde 2016, a lista contou com 37 investidoras na sua edição inicial. Segundo a LAVCA, na comparação com a seleção do ano passado, houve um crescimento de 2% nos nomes.

Das brasileiras elencadas, duas deram entrevistas para PEGN no último ano: Carolina Strobel, partner da Antler Brasil, e Bianca Martinelli, partner da Alexia Ventures. Elas contaram sobre como iniciaram a carreira no venture capital e compartilharam suas visões sobre o ecossistema brasileiro de inovação.

Relembre as entrevistas:

Sob nova direção

O Open Opportunity Fund, fundo do SoftBank para o financiamento de startups fundadas por negros e latinos, tem novos donos. A instituição anunciou nesta semana sua venda para Paul Judge e Marcelo Claure, que atuarão como presidente e vice-presidente, respectivamente.

Lançada em junho de 2020, a iniciativa já levantou dois veículos: o Open Opportunity Fund 1, de US$ 100 milhões, e o Fund 2, de US$ 150 milhões – o SoftBank continua atuando como investidor do segundo fundo, que segue captando e espera atrair novos LPs e chegar aos US$ 200 milhões de funding. 75 startups receberam investimento do primeiro fundo. O portfólio inclui Atomic, Brex, Career Karma, Cityblock Health e Eight Sleep, entre outras.

Empreendedor e investidor, Claure foi COO do SoftBank até 2022, quando deixou a instituição. Neste ano, anunciou o lançamento da gestora Bicycle Capital, onde é presidente e sócio-gerente. Além disso, ele é vice-presidente do grupo Shein. Judge fundou empresas de tecnologia, como a Pindrop Security e a incubadora TechSquare Labs.

Inovação na música

O Cubo Itaú anunciou dois novos parceiros. A gravadora Sony Music e a empresa de venda de ingressos Eventim Brasil estão entrando para o hub de inovação para se conectar com startups e encontrar soluções para potencializar os seus negócios a partir da otimização da experiência dos clientes, sejam consumidores de música ou frequentadores de eventos. As empresas pretendem atrair novos talentos que as ajudem a superar os desafios do mercado.

“É um setor extremamente relevante não só para a economia nacional, como também é bastante valorizado pela população da América Latina, por isso, tem demonstrado boa recuperação ao longo dos meses. E há espaço para mais. Ter empresas como a Eventim e a Sony Music conosco é mais uma oportunidade de contribuir com os empreendedores, que podem fazer negócios para solucionar desafios do setor, além de melhorar a experiência da sociedade em variados eventos”, apontou Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú, em nota.

De acordo com os dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), o mercado brasileiro de música apresentou um crescimento expressivo em 2022, atingindo 15,4%. O setor arrecadou um total de R$ 2,5 bilhões no mesmo ano, impulsionado principalmente pelo aumento significativo nos serviços de streaming, que representaram 86,2% do total das receitas.

Oportunidades

Inovação aberta. A TotalEnergies lançou o programa Startup Together para encontrar empresas que possam resolver um de cinco desafios: estimular a economia circular nas operações, gerar prosperidade nos territórios onde a companhia atua, aprimorar o processo de qualificação dos fornecedores, utilizar IA para otimizar as inspeções visuais submarinas ou uma proposta livre para um entre cinco eixos (mais energia, menos emissão, mais sustentável, menos custo ou aumento de receita). Os selecionados de cada desafio ganharão R$ 150 mil e entrarão para a rede de parceiros da TotalEnergies. As inscrições devem ser feitas até 9 de fevereiro pelo site.

Região Amazônica. Já estão abertas as inscrições para a primeira edição de 2024 do Sinergia, programa da plataforma Jornada Amazônica que busca aumentar a performance de startups que geram valor para a Floresta Amazônica e as comunidades da região. A iniciativa é focada em empresas que estejam realizando as primeiras vendas ou em tração. Nesta edição, serão selecionadas 20 startups com soluções que contribuam para a bioeconomia da região e a manutenção da floresta em pé. Interessados podem se inscrever até o dia 4 de fevereiro pelo site.

Curtas

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