O ano era 2011 e Adilson Ladeira dedicava sua vida à música após desistir do empreendedorismo. O jovem, então com 27 anos, viu duas empresas suas falirem e mudou de cidade para recomeçar. No entanto, a chama reacendeu quando ele avistou um negócio fictício em uma feira universitária focado na venda de batatas, chamado Hakuna Batata.
A expressão referencia a Hakuna Matata, uma expressão em suaíli que se tornou famosa mundialmente por conta do filme ‘O Rei Leão’, da Disney — um dos favoritos de Ladeira na infância. Assim, ele decidiu comprar o plano de negócio dos estudantes e, hoje, 13 anos depois, é sócio e CEO da rede mineira especializada em batatas fritas e recheadas, que fatura R$ 42 milhões por ano.
Natural de Cajuri, Zona da Mata mineira, Ladeira começou a empreender ainda na adolescência, influenciado pela família: o pai é agricultor, a irmã é dona de um salão de beleza e o irmão é dono de uma empresa de caminhão. Já Ladeira, aos 14 anos, plantava e vendia tomate. Anos depois, abriu uma empresa onde fabricava blocos de concreto e usou esse dinheiro para abrir outra empresa de transporte de carga, mas todas faliram.
“Eu sempre fui muito corajoso, mas não buscava conhecimento, não sabia como gerir realmente uma empresa. Então eu desisti do empreendedorismo, fui embora para Uberlândia e decidi me voltar para a música”, relembra.
Anos depois, em um evento universitário em Uberlândia, o empresário encontrou a barraquinha de batatas fritas com o nome de “Hakuna Batata”. O evento simulava uma feira de empreendedorismo e permitia que os estudantes criassem uma empresa fictícia e o seu modelo de negócios.
O empreendedor comprou o plano de negócio dos estudantes por R$ 500. Além disso, investiu em uma fritadeira e uma barraca e passou a vender batatas com sua mãe, Maria das Graças Ladeira, em feiras e em eventos da região, especialmente nas edições da Semana do Fazendeiro realizadas pela Universidade Federal de Viçosa.
Com o dinheiro das feiras, ainda em 2011, o empresário inaugurou a sua primeira loja que só tinha “um balcão, algumas cadeiras e uma fritadeira”. Hoje a rede conta com 40 unidades em Minas Gerais, sendo sete próprias. Segundo Ladeira, a ideia agora é fortalecer a presença da marca no interior do estado e iniciar a expansão nacional nos próximos meses, principalmente em São Paulo e Goiás. A projeção para este ano é que o faturamento supere R$ 60 milhões.
Abertura de empresas:
O Hakuna Batata vem apostando no franchising desde 2013 — quando vendeu sua primeira franquia para um primo do CEO. O modelo foi profissionalizado pelo sócio de Ladeira, Gabriel Marangoni, um amigo que tocava na banda com o empreendedor e que estudava administração naquela época.
“Dessa vez, o que fez virar o negócio foi a busca por conhecimento. Diferente dos outros empreendimentos que tive, no Hakuna, eu busquei especialistas e o Gabriel tinha um conhecimento sobre gestão, justamente pela faculdade que fazia. Além disso, acrescentamos um mix de produtos e conseguimos fortalecer o negócio”, diz Ladeira.
Com um tíquete médio de R$ 38, a marca tem como carro-chefe pratos feitos com temperos e insumos regionais mineiros todos acompanhados, claro, pela batata frita ou recheada. Marangoni afirma que os temperos e a brasilidade dos pratos são os principais ingredientes da rede.
“Nós priorizamos sempre fornecedores locais para toda a parte de hortifruti e açougue. O que contribui para o fortalecimento do comércio local e diminui os custos. Apesar de sermos uma rede de fast-food, queremos manter a nossa essência de que a comida caseira é importante”, comenta Marangoni, que tem uma fatia de 10% do negócio, os outros 90% ficam com Ladeira.
Para ser um franqueado da rede, empreendedor interessa precisa investir a partir de R$ 240 mil, com taxa de franquia inclusa e capital de giro, a margem de lucro média é de 15%. O prazo estimado de retorno é de 18 meses.