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Mesmo cansados e estressados, empreendedores brasileiros estão otimistas com o futuro, diz estudo

Fonte: Redação

Seis em cada dez empreendedores brasileiros dizem sofrer com algum sentimento de desconforto no trabalho, sendo os maiores cansaço (50%) e sobrecarga (46%). O índice é mais alto entre as mulheres, com 53% e 46%, respectivamente. 52% afirmam já ter tido problemas de saúde em decorrência do negócio. Por outro lado, 79% se mostram esperançosos e/ou empolgados com o futuro.

Os dados fazem parte da pesquisa “Cabeça de Dono”, divulgada nesta sexta-feira (27/9) pelo Instituto Locomotiva e pelo Itaú. Ao todo, 1.001 empreendedores foram ouvidos entre os meses de julho e agosto de 2024 em todas as regiões brasileiras. A maioria dos negócios consultados (79%) tem mais de cinco anos de existência, com empreendedores têm entre 40 e 49 anos (43%). O faturamento anual está entre R$ 360 mil e R$ 50 milhões. De acordo com o Instituto Locomotiva, a margem de erro é de 3%.

O estudo analisou quatro eixos: gestão multitarefa, desafios para os negócios, conexão entre vida pessoal e carreira e protagonismo econômico.

De acordo com os resultados, os empreendedores estão intrinsecamente ligados aos seus negócios, o que afeta diretamente a relação financeira pessoal, bem como a saúde física e mental dessas pessoas. “Qualquer iniciativa que ajude a melhorar a gestão de tempo desses empreendedores, se reflete na qualidade de vida e saúde mental”, analisa Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Gestão multitarefa

A maioria absoluta (98%) dos donos de PMEs disseram ser responsáveis pelas decisões estratégicas de, em média, cinco áreas da empresa. Mais de um terço (37%) assume as decisões sozinho. As áreas que mais demandam decisões dos empreendedores são Comercial e Vendas (76%), RH (70%) e Financeiro e Contabilidade (70%).

Ainda, 96% dos líderes executam atividades de, em média, quatro áreas, sendo que 33% são os únicos responsáveis. “Tarefas que, muitas vezes, ele não tem nem o conhecimento técnico para desempenhar, mas está lá colocando a mão na massa”, observa Meirelles.

De acordo com ele, os departamentos em que os empreendedores mais desempenham funções são o Comercial (73%), Financeiro (67%), RH (65%), Operacional (65%), Marketing (61%), Jurídico (55%) e Tecnologia da Informação (53%).

Desafios

De acordo com Meirelles, é possível enxergar uma conexão entre a sobrecarga dos empreendedores, relatada no tópico anterior, e os desafios enfrentados pelos negócios.

Cenário externo e competitivo, gestão financeira e crescimento e inovação aparecem empatados com 90%, mas receberam a opção de “muita dificuldade” com 48%, 41% e 38%, respectivamente. Os empreendedores ainda citam a gestão de pessoas (70%) como uma das dificuldades que enfrentam no dia a dia. Os empreendedores do Norte e Nordeste foram os que mais mencionaram ter dificuldade em todos os quesitos analisados.

No aspecto financeiro, o maior desafio citado é o de criar ou manter uma reserva (79%), seguido por controlar despesas e cortar custos (75%) e obter crédito (71%). “Estes negócios estão vinculados, muitas vezes, a empresários que tocam o negócio junto com a família. Cortar custos envolve ter que lidar com as pessoas que fazem parte do processo”, comenta Meirelles.

Para buscar recursos financeiros, 90% dos empreendedores dizem recorrer a bancos. A alternativa aparece seguida por financeiras (20%) e linhas de crédito governamental (18%). Contadores (80%) são a primeira via buscada para tirar dúvidas sobre questões financeiras, seguido por gerentes e funcionários dos bancos (45%).

Cerca de sete em cada dez empreendedores brasileiros (74%) afirmam que empresários da respectiva região têm menos incentivos e apoio para o desenvolvimento. Essa percepção é maior no Norte, com 87%, em seguida vem o Centro-Oeste, com 78%, Sul, com 76%, Nordeste, com 73% e Sudeste, com 72%. Cerca de 57% dizem que gostariam de poder compartilhar experiências com outros empresários e gestores para encontrar soluções.

Conexão entre vida pessoal e carreira

A sobrecarga e o cansaço afetam a maior parte dos empreendedores. Termos como Estressado (44%), Solitário (16%) e Angustiado (14%) foram mencionados. Mulheres se sentem mais cansadas (53%) e estressadas (46%) de acordo com o estudo. “Por conta de uma situação histórica, ela acumula mais funções do que os homens”, observa Meirelles.

Mais da metade (52%) já teve problemas de saúde relacionados ao negócio e 60% já enfrentaram situação financeira adversa por conta da empresa. Ainda, 62% concordam que tocar o negócio e ter mais tempo com a família é um grande desafio. Quanto menor o porte da empresa, maior a dificuldade de ter tempo com a família.

“Quando passa de determinado tamanho é preciso deixar de fazer algumas coisas. Isso é necessário para que ele consiga crescer”, diz Carlos Eduardo Mory Peyser, afirma diretor de estratégias para PMEs do Itaú Unibanco.

Protagonismo econômico

Cerca de 84% dos empreendedores têm consciência da importância das PMEs para a economia nacional, 87% concordam que PMEs são fundamentais para a geração de empregos e 79% estão empolgados e/ou empolgados com o futuro. Os especialistas mencionaram a retomada do consumo em segmentos como moda e alimentação como motores para essa percepção. Seis em cada dez respondentes afirmam ter intenção de expandir o negócio nos próximos 12 meses.

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