O uso de fitoterápicos foi a aposta das empreendedoras e influenciadoras Bertha Jucá, 32 anos, e Victória Linhares, 36, para a criação da LUCIA, uma marca de bebida não alcoólica que promete relaxar que a bebe, mas sem causar ressaca. A empresa foi lançada em agosto e, em um ano, pretende faturar R$ 10 milhões.
Ambas as empreendedoras bebem pouco álcool e gostavam de experimentar bebidas livres do ingrediente comercializadas fora do Brasil. Perceberam que, nacionalmente, os coquetéis sem álcool ainda eram incipientes, em um cenário onde o consumo de álcool está diminuindo. Em pesquisa realizada pela Ipsos-Ipec, para a publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2025, 64% dos brasileiros declararam não consumir álcool em 2025 – movimento que ganha força entre os consumidores da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010).
“Muitas pessoas evitam a socialização porque não bebem. Quisemos criar algo para que essas pessoas se sintam pertencentes, trazendo apenas os benefícios do ato de beber”, conta Linhares, que atua como influenciadora de moda. Jucá, que também trabalha com moda, e passou a cursar nutrição. Foi quando conheceu as chamadas plantas adaptógenas. Elas usam ginseng e valeriana para uma bebida que promete causar aquela sensação de relaxamento de tomar um drinque, mas sem usar álcool.
A concretização da ideia das empreendedoras levou 10 meses e contou com um time de reforço. “Sabíamos o potencial de mercado, mas não como tirar do papel”, lembra Linhares. Foi quando Renan Georges, 37, fundador e CEO da Zavii Venture Builder, entrou como sócio do negócio, liderando uma rodada de investimento de R$ 4 milhões e contribuindo com o conhecimento de empreendedorismo.
O desenvolvimento começou com a escolha de parceiros – José Luiz Soares e Ana Lembo, que comandam as redes sociais dos perfis de “Do Pão ao Caviar”, conhecido por dicas gastronômicas, entram como sócios e Soares também assina o drinque. “Eles vêm para nos apoiar na distribuição digital, mas também no desenvolvimento de produto”, aponta Georges. Ao lado do influenciador, a mixologista Michelly Rossi, do Bar dos Arcos, e químicos pesquisaram produtos que já existiam pelo mundo e testaram mais de 40 vezes até chegar à fórmula final própria, com produção feita em parceria com uma fábrica de São Roque (SP).
O primeiro aperitivo não alcoólico tem entre os ingredientes cupuaçu, jambu, suco de maçã para adoçar e ginseng e valeriana. Os empreendedores defendem que entregam mais do que uma água saborizada. “O drinque é complexo, com amargor e picância. Várias pessoas quando bebem sem saber acham que tem álcool”, diz Linhares. “Tudo foi desenvolvido artesanalmente, com extratos naturais feitos por nós mesmos. Quando levamos para o laboratório, nada funcionava como na fórmula inicial. Tivemos que refazer 60% da fórmula”, acrescenta Soares.
No dia 20 de agosto deste ano, a marca foi lançada. Em 30 dias venderam o que esperavam comercializar até o final de 2025, cerca de 7 mil litros. “A validação do produto pelo mercado foi muito rápida, o que se deu por, principalmente, por testes em pequenos grupos que fizemos antes do lançamento oficial”, diz Georges.
“Com a chegada das festas de fim de ano, estamos recebendo diversos pedidos de grandes eventos que não pretendem servir álcool”, revela Jucá. Até o final de 2025, a LUCIA deve produzir mais 50 mil litros da bebida.
Para 2026, as empreendedoras já estão na fase de pesquisa para aumentar o portfólio. O drinque, que hoje é vendido por e-commerce próprio, também deve chegar às lojas físicas. “Como a oferta foi menor do que a demanda, zelamos inicialmente pelos canais digitais. Em novembro, começamos a distribuir em pontos de vendas físicos premium nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro”, diz Georges.
Com praça de atuação física e crescimento de portfólio, a expectativa é de fechar o primeiro ano de funcionamento com um faturamento de R$ 10 milhões – o que inicialmente era a meta para dois anos. “Não somos contra o alcóol, mas prezamos pelo equilíbrio e queremos revolucionar, ofertando uma outra opção”, diz Jucá.







