Jovem diz ter sido expulsa de entrevista de emprego por usar short e viraliza; especialista comenta

Fonte: Redação

Uma mulher, identificada como Tyreshia, viralizou no TikTok ao relatar que foi expulsa de uma entrevista de emprego por conta de suas “roupas inadequadas”, segundo a análise da recrutadora. O conteúdo, publicado no último dia 15 de agosto, já atingiu mais de 5,4 milhões de visualizações na rede social. No X, onde o vídeo foi repostado, já são mais de 35 milhões de reproduções. Nas imagens, a jovem mostra como teria ido vestida para o processo seletivo: com um short preto e um casaco branco.

Na legenda da publicação, Tyreshia diz: “Não acredito que a recrutadora me pediu para trocar minhas roupas de entrevista e depois voltar [ao processo seletivo]. Eu pareço muito elegante e profissional. Então, não [concordo com esse tipo de pedido]”. Ela não revela o nome da empresa em questão e nem para qual cargo estava se candidatando.

Durante o vídeo, a jovem apresenta como a roupa teria ficado posicionada em seu corpo. “Então, eu acabei de receber um código de vestimenta durante uma entrevista de emprego. Eles me pediram para reagendar a entrevista comigo para o dia seguinte. Mas, antes de reagendar, a senhora me disse: ‘Você gostaria de voltar, ir se trocar e depois retornar?’. E eu fiquei tipo: ‘Não, né’”, explica ela no post.

Nos comentários, alguns seguidores acharam que a empresa teve uma ação extremista. Já outros se posicionaram a favor do recrutador. “Você deveria ver as coisas que eu já vi as pessoas usando em entrevistas de emprego. Não há nada de errado com a sua roupa, não perca tempo com isso”, diz uma. “Eles foram educados em tentar agendar novamente com você. A maioria teria te rejeitado abertamente no primeiro dia”, afirma outro.

Empresas podem desclassificar candidatos pelas roupas que usam?

Segundo Karolen Gualda Beber, advogada especialista do direito do trabalho, pós-graduada em direito e processo do trabalho e coordenadora da área trabalhista do escritório Natal & Manssur Advogados, é possível e “muito normal” que empresas desclassifiquem candidatos com base nas roupas que estão usando em uma entrevista de emprego. No entanto, a razão oficial da desclassificação dificilmente é atribuída ao dress code.

Se o candidato se sentir constrangido ou discriminado durante a entrevista, pode buscar auxílio jurídico para a reparação dos danos. “Na esfera trabalhista, temos a Lei 9.029/95 que protege o candidato e o trabalhador (este já no curso da relação de emprego) de atitudes de cunho discriminatório”, alerta Beber.

O artigo fala sobre a proibição da discriminação por motivos de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros. “Ou seja, de algum candidato ou trabalhador sofreu discriminação por uma das razões mencionadas na lei, pode mover ação e pedir a devida reparação”, afirma a especialista.

Se já existe uma relação empregatícia, a empresa pode estabelecer como quer que o funcionário a represente. A possibilidade consta na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), no artigo 456-A. No entanto, mesmo com essa premissa, a empresa não pode “extrapolar os limites do bom senso e chegar a interferir na individualidade do trabalhador”, de acordo com a advogada. Uniformes, quando necessários, devem ser cedidos gratuitamente pelo empregador.

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