O Jeitto, aplicativo de crédito para as classes C e D, anuncia nesta sexta-feira (28/2) a entrada no mercado de capitais de ativos digitais com a emissão de tokens estruturados pelo Mercado Bitcoin. Eles foram formatados como debênture financeira com lastro em certificados de recebíveis dos empréstimos pessoais concedidos aos clientes. As séries da operação totalizaram R$ 37 milhões, com rentabilidade de até 19% ao ano para os investidores.
As debêntures foram reunidas em dois produtos de renda fixa: um com seis meses de prazo e outro com dois anos, com investimento mínimo de R$ 100. Com alta demanda, a estimativa é vender todas as cotas em um mês, de acordo com Alexandre Reda, head de mercado de capitais e renda fixa digital do Mercado Bitcoin.
O MB estrutura operações nestes moldes desde 2019 – Reda afirma que a plataforma já tokenizou R$ 1 bilhão em operações semelhantes. A emissão do Jeitto é a primeira com securitização de crédito pessoal.
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“Essa parceria é uma possibilidade de acessar outra gama de investidores de forma barata. A grande dor que temos como originador é o custo dos veículos do mercado de capital, que estão ganhando tração, mas são muito caros, com prestadores de serviço que não entendem o nosso business. Nosso cliente tem pressa, muda de ideia rápido, é crucial ter parceiros que estruturam veículos flexíveis e rápidos de implementar”, destaca Ilan Jadoul, gerente sênior de desenvolvimento corporativo do Jeitto.
Atualmente, o aplicativo já opera com um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) monocotista que soma R$ 950 milhões em ativos.
A emissão com o Mercado Bitcoin vai financiar o Crédito Digital Mensal, que existe há cinco anos e oferece limite rotativo de R$ 50 a R$ 500 para os clientes a partir do histórico. O produto é usado para pagar contas no fim do mês, fazer pagamentos por Pix em pontos de venda, transferências bancárias, recarga de celular, entre outros. Cada vez que o cliente usa o limite, a fintech emite uma Cédula de Crédito Bancário (CCB), que será usada como lastro para o debênture.
A fintech também tem o produto de Crédito Pessoal, com empréstimos de R$ 500 a R$ 3 mil e, com a aquisição da Pilla, anunciada no início do mês, entrou no consignado para crédito acima de R$ 3 mil. Fernando Silva, CEO, conta que neste ano o Jeitto deve lançar o produto de Crédito com Garantia, de R$ 10 mil.
“Nós não fazemos empréstimos a mar aberto, qualificamos os clientes antes. Esses produtos hoje estão sendo financiados pelo FIDC, futuramente vamos estruturar outro, enquanto o debênture começará com o produto mensal recorrente”, explica Silva. Ele não revela a taxa de inadimplência, mas afirma que a margem é positiva.
Em 2024, o Jeitto registrou faturamento de R$ 800 milhões, quase o dobro do ano anterior, e atingiu o ponto de equilíbrio. A carteira de crédito cresceu 75,5% no mesmo período, com aumento de downloads e o número de clientes saltando de 6,1 milhões em 2023 para 10 milhões em dezembro de 2024.
Neste ano, o Jeitto prevê o crescimento da receita para R$ 1,1 bilhão e encerrar 2025 como o primeiro ano de lucro da fintech. “Pretendemos crescer a carteira em 40% e buscar outras formas de financiamento no mercado tradicional. Também temos planos de, eventualmente, se a janela abrir, captar por equity”, aponta Jadoul.
A rodada aconteceria no fim de 2025 ou início de 2026, aproveitando os números de crescimento ao longo do ano para chegar a uma condição melhor para a captação. O último aporte recebido pelo Jeitto aconteceu em agosto de 2022, quando levantou R$ 15 milhões com a gestora Rise Ventures. “Mesmo em situação de breakeven, temos a oportunidade de crescer mais rápido com esse capital e continuar investindo no desenvolvimento de produtos”, conclui Silva.