A vontade de trabalhar juntas levou as irmãs Jhanvi Shriram, 35 anos, e Ketaki Shriram, 32, a criar uma startup de realidade aumentada e games para celular. Em 2022, um ano e meio depois de receber um investimento de US$ 20 milhões da operadora de telecomunicações indiana Reliance Jio, a dupla decidiu pivotar. Hoje, a Krikey é uma plataforma de animação em 3D com inteligência artificial que está disponível no marketplace da AWS e com um contrato fechado com a ferramenta de design Canva.
Nascidas de pais indianos nos EUA, as irmãs sempre tiveram o sonho de construir um projeto em comum, apesar de não saberem exatamente o que gostariam de fazer. Na faculdade, trilharam caminhos diferentes. Enquanto Jhanvi fez cinema e trabalhou em Hollywood, Ketaki focou os estudos em tecnologia e começou a carreira em big techs. “Quando terminamos a faculdade, sentimos que poderíamos juntar nossas habilidades para tentar fazer algo que combinasse tecnologia e storytelling”, conta Ketaki, CTO da Krikey — Jhanvi é a CEO da startup.
A Krikey nasceu em 2017. Inicialmente, funcionava como uma ferramenta de realidade aumentada para celular. Logo, passou à criação de jogos mobile, com uso de RA. A solução chamou a atenção da Reliance Jio, que resolveu investir na solução, em 2020. Os negócios iam bem, mas as irmãs Shriram queriam mais. “Aprendemos muito com todo o processo e alguns de nossos jogos tiveram bastante sucesso, mas percebemos que queríamos construir um empreendimento maior, em um mercado maior, com um produto mais forte”, diz Jhanvi em conversa com PEGN durante o AWS Re:Invent 2023. “Isso acabou nos levando à animação de IA, porque muitas pessoas querem animar, querem construir jogos ou querem fazer filmes, mas não sabem como.”
A Krikey tem dois produtos: uma ferramenta gratuita e online, onde qualquer um pode criar animações a partir de modelos pré-prontos de personagens, gestos, fundos e filtros, e uma oferta personalizada para empresas, disponibilizada recentemente no marketplace da AWS. “É um serviço modular. Empresas maiores podem ajustar de acordo com suas necessidades personalizadas, mas o serviço gratuito pode funcionar, por exemplo, para um estudante que deseja fazer um trabalho ou um professor que quer fazer um plano de aula”, afirma a CEO da empresa, que passou no ano passado pela AWS Generative AI Accelerator, iniciativa global do braço de nuvem da Amazon voltada a startups com soluções de inteligência artificial generativa.
O produto foi lançado em novembro, e as empreendedoras se dizem animadas com a oportunidade. “Nunca houve uma tecnologia assim. Portanto, vai levar algum tempo para que as pessoas se acostumem, mas estamos entusiasmadas”, diz Jhanvi. Atualmente, o foco é no mercado norte-americano, mas a empresa vê Ásia e América Latina com bons olhos. “Já há usuários brasileiros, fazendo vídeos animados em português na plataforma”, comemora a CEO.
Investimentos em startups:
Sobre a grande polêmica que permeia a discussão sobre inteligência artificial generativa e sua capacidade de substituir o trabalho humano, elas são categóricas ao afirmar que discordam. “Mesmo que você seja um animador ou já tenha formação em 3D, nossa ferramenta ainda pode ajudar. Animadores normalmente se filmam fazendo certos movimentos e depois os animam do zero. Com nossa solução, é possível filmar a si mesmo, enviar o vídeo e obter uma animação imediatamente. Em seguida, você inclui isso em seu fluxo de trabalho”, afirma Jhanvi. “Não vemos como uma substituição dos animadores. É mais como um copiloto. A ferramenta pode ajudar qualquer pessoa em qualquer estágio de conhecimento.”
A quem tem dúvidas sobre se empreender em família pode funcionar, elas incentivam. “Sempre nos sentimos muito sortudas porque nos conhecemos bem e podemos ser muito honestas uma com a outra. Sabemos nossos pontos fortes e fracos e sabemos que sempre nos apoiaremos, muito mais do que se fôssemos apenas sócias. Estamos juntas para o resto da vida, então sempre dizemos às pessoas que, se você é próximo do seu irmão, você deveria tentar. Porque é realmente incrível”, fala Ketaki.
*A jornalista viajou a convite da AWS