Os motores seguem se aquecendo com o anúncio de grandes cheques. Nesta semana, o destaque foi da Incognia, que previne fraudes para as indústrias de serviços financeiros, e-commerces e marketplaces. A startup conquistou R$ 155 milhões em uma rodada Série B.
Outros aportes e movimentações foram divulgados, como a captação de R$ 35 milhões da Tenchi e a aquisição da Gluker pela TalentX Digital.
Com os números do ano passado consolidados, investigamos se as previsões dos especialistas sobre o early stage em 2023 se concretizaram. Spoiler: a mão fechada dos investidores não poupou as startups em início de jornada.
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Aportes
Incognia. A startup de identificação digital e prevenção de fraudes captou uma rodada Série B de R$ 155 milhões, liderada por Bessemer Venture Partners e com participação de FJ Labs. Point72, Prosus, Valor Capital e Unbox Capital, que já integravam o captable, também investiram. O novo aporte será direcionado para o desenvolvimento da tecnologia, com o objetivo de seguir expandindo globalmente.
Tenchi. Com tecnologia para dar mais visibilidade de risco às cadeias de suprimentos das empresas, a startup atraiu três investidores de peso: Bradesco, L4 Venture Builder (fundo da B3) e Accenture Ventures, conquistando uma Série A de R$ 35 milhões. A plataforma SaaS da Tenchi permite que as empresas monitorem as relações com os fornecedores, avaliando o risco cibernético de forma mais abrangente.
edrone. A startup polonesa de CRM captou R$ 25 milhões com os fundos INventures, Mueller Medien, Atmos e PortfoLion, para investir na expansão da operação brasileira, com a previsão de dobrar o time no país. Avaliada em US$ 30 milhões, a startup fundada em 2016 tem sede em Cracóvia e abriu uma filial em São José dos Campos, interior de São Paulo, em 2022. A edrone atende cerca de 2 mil lojas online – sendo mais de 300 clientes brasileiros, como Sidewalk, Nutty Bavarian, Zorba, Mi Brasil e Bayard Sports.
BRLA Digital. A fintech para pagamentos crossborder e infraestrutura cripto estendeu a sua rodada pré-seed, ultrapassando R$ 4 milhões captados após aporte adicional do fundo 99 Capital, fundado por Dave Wang, ex-head de crypto do Softbank LatAm. A primeira fase da rodada havia sido anunciada em outubro de 2023, quando a startup levantou R$ 3 milhões.
Proffer. O fundo Criatec 4, gerido por Crescera Capital e Triaxis Capital, anunciou a sua primeira investida. A Proffer, startup que auxilia farmácias na precificação dos produtos, recebeu um aporte de R$ 3 milhões. O investimento será direcionado para melhorar a plataforma e expandir para outros segmentos.
PayHop. A plataforma que une fornecedores e varejistas e garante pagamentos a partir dos recebíveis de cartões chamou a atenção da TOTVS. A fintech recebeu um aporte, de valor não revelado, do fundo de Corporate Venture Capital da companhia de tecnologia. O capital será utilizado para iniciar a atuação com duplicatas escriturais e impulsionar a estratégia de go-to-market. Com 400 mil varejistas cadastrados e parcerias com 60 fornecedores, a plataforma já transacionou mais de R$ 200 milhões no ano passado.
Previsões não concretizadas
Após o período mais crítico do inverno das startups, era comum ouvir de investidores que o early stage não sofreria com a escassez de capital. A avaliação era de que as grandes afetadas seriam as startups maiores, que necessitam de mais dinheiro para manter suas operações. Mas essas previsões não se concretizaram: os aportes também diminuíram significativamente no estágio inicial.
A pedido de PEGN, a plataforma de dados Sling Hub elaborou um relatório sobre as captações feitas por startups ao longo de 2023. Os números mostram que a queda de 42% na quantidade de rodadas e de 36% no volume aportado não foi puxada apenas pela escassez de capital para o late stage.
Para especialistas, isso se explica pela aversão a risco dos investidores, que se manteve alta, e pelas startups que recalcularam a rota e buscaram dois caminhos: reestruturar as operações e estender o runway ou encontrar formas de financiamento alternativo.
Gabriel Farme, sócio da Verve Capital, gestora que investe em rodadas pré-seed e seed, avalia que houve uma mudança no paradigma. “As startups tiveram de mostrar mais resultados e as rodadas ficaram mais demoradas. No early stage, o que costumava levar um mês passou a demorar de seis a dez meses. Uma das startups do nosso portfólio, com alto desempenho, demorou quase um ano para captar uma rodada seed”, declara. A firma realizou três investimentos em 2023, metade do realizado no ano anterior.
Para se aprofundar nos números, acesse a reportagem.
Inteligência artificial generativa
A plataforma Distrito divulgou nesta quarta-feira (31/1) os nomes das 17 startups selecionadas para participar do GenAI Lab, programa para fomento de negócios baseados em inteligência artificial generativa.
Foram aprovadas Gennie, Zeca Copiloto, Meliva.ai, Inspira, Blox, Charla, Clarice.ai, Murabei, Rank My App, Fintalk, Toolzz AI, Inbot, Advolve, N3urons, Made in Web, Lunarbase e Nama. O programa prevê a participação de até 25 startups – as oito posições que restam ainda podem ser preenchidas.
Das 17 já divulgadas, 81,3% trabalham no B2B e 44% são martechs, seguidas pelas deeptechs (25%). Boa parte (29,4%) nunca captou uma rodada de investimentos – a grande maioria foi fundada há pouco tempo. Apenas 5,9% chegaram à Série B.
Compliance
A Latitud se fundiu ao escritório de contabilidade Ballard & Associates para lançar um produto que permitirá às startups acompanhar suas estruturas offshore. O Latitud Compliance se junta aos outros produtos, Latitud Formation – que auxilia na incorporação de empresas em Delaware (EUA) e nas Ilhas Cayman – e Latitud Finance.
O processo de abertura de uma estrutura offshore pode ser necessário quando as startups buscam capital de fundos de investimento internacionais. “O Brasil está exposto a investidores globais que se sentem mais confortáveis investindo em determinados tipos de entidade, principalmente em Delaware e nas Ilhas Cayman. Essa prática se popularizou nos últimos anos e se tornou o padrão para startups latino-americanas captarem”, aponta Brian Requarth, cofundador da Latitud.
O novo produto foi criado para reduzir o atrito para fundadores ao automatizar o processo de acompanhamento das entidades abertas fora do país – a falta de atenção na estrutura pode ocasionar no pagamento de altas multas. Entre os serviços oferecidos estão declarações de impostos nos Estados Unidos, contabilidade, registros, taxas, agente registrado e correspondência virtual.
Aquisição
A HRTech TalentX Digital anunciou nesta semana a aquisição da Gluker, comunidade online que pretende conectar empreendedores e auxiliá-los a encontrar os cofundadores ideais para suas empresas, por R$ 1 milhão. Após a movimentação, o time da Gluker foi totalmente incorporado à equipe da TalentX Digital.
A startup também divulgou um novo investimento em ferramenta de inteligência artificial para simplificar as análises de dados na escolha de candidatos para o mercado de recrutamento. O objetivo é trazer mais agilidade aos RHs e diminuir as chances de erro.
Em prol das startups
Quando Mariane Takahashi assumiu o posto de CEO da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em agosto de 2023, o ecossistema de inovação passava por um período turbulento, assim como a própria instituição, após demissões e cobranças por posicionamento em casos de assédio. Agora, após seis meses, ela falou com PEGN sobre o papel da associação, opinou sobre o cenário atual e contou sua visão otimista para esse ano. “2024 será melhor, trará muita visibilidade e promoção para os brasileiros. Temos uma série de soluções que podem brilhar muito aos olhos do mercado internacional. Existe a possibilidade de fundos estrangeiros entrarem aqui, além de empresas de outros países que querem fazer negócios com as nossas startups. O mercado está em ebulição”, afirmou.
Para ler a entrevista na íntegra, acesse o site.
Oportunidades
Construção civil. Startups já podem se inscrever no quarto ciclo do programa de incubação do Construhub. Nesta edição, até 15 projetos serão selecionados para participar da iniciativa, desenvolvida pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) Paraná Norte em parceria com o Sebrae Paraná. Capacitações e mentorias estão previstas para os participantes. Com duração de oito meses, o ciclo vai se encerrar na Construtech Week, onde as startups poderão expor suas ideias ao público. As inscrições estão abertas até 9 de fevereiro pelo site.
Aceleração. O Instituto Caldeira abriu as inscrições para a sexta edição do Ebulição Startups, voltado para empresas em fase de tração. Quinze startups serão selecionadas para participar da programação que inclui conteúdo, diagnóstico, mentorias individuais e coletivas, conexões e sessões com fundos de investimentos. A premiada como destaque vai garantir uma estação de trabalho durante um ano no hub. Podem participar startups com pelo menos 12 meses de atuação no mercado e produto validado. Interessadas podem se inscrever até 23 de fevereiro pelo link.