Conquistar uma estrela Michelin é motivo de muito orgulho para quem é do ramo gastronômico, mas você já deve ter se perguntado se o nome da condecoração é uma coincidência ou se realmente existe alguma relação entre a classificação e a marca de pneus. E a resposta é sim! Nesta matéria, vamos te contar como essa história surgiu.
A Michelin foi fundada em 1889 pelos irmãos André e Édouard Michelin para fabricar pneus. Na época, existiam apenas 3 mil veículos na França, mas eles acreditavam que a mobilidade era o futuro.
Para promover o produto e oferecer valor agregado ao consumidor, eles tiveram a ideia de lançar um guia para incentivar as pessoas a conhecerem as estradas do país, com dicas de onde comer, dormir e abastecer os carros. A primeira edição do Guia Michelin foi lançada em 1900, dois anos após a fundação da empresa, e foi distribuída gratuitamente.
Os restaurantes passaram a receber estrelas em 1926. A cozinha que recebia uma estrela Michelin era aquela que valia a parada durante uma viagem. Cinco anos mais tarde, em 1931, foram introduzidas a segunda estrela para designar aqueles restaurantes que você deveria fazer um desvio para apreciar, e a terceira estrela, para premiar os estabelecimentos que merecem uma viagem especial para conhecer.
Em 1996, a Michelin criou o selo Bib Gourmand, uma nova distinção para premiar os restaurantes com alta qualidade e preço mais acessíve. Mais recentemente, em 2020, iniciou a premiação de estrelas verdes, para destacar a sustentabilidade.
Para chegar à lista de premiados, inspetores anônimos visitam restaurantes para avaliar cinco critérios:
- Qualidade dos ingredientes;
- Domínio de técnicas culinárias;
- Harmonia de sabores;
- Personalidade do chef representada na culinária;
- Consistência ao longo do tempo e em todo o menu.
Para determinar o último critério, os avaliadores precisam visitar os estabelecimentos mais de uma vez.
O Guia Michelin está presente em mais de 40 destinos, com 16,7 mil estabelecimentos. No Brasil, o guia foi lançado em 2015, com endereços em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo Guilherme Nigri, head do Guia Michelin na América Latina, isso não significa que outras cidades brasileiras não tenham boa gastronomia, mas a quantidade de restaurantes com potencial de ganhar estrelas é menor.
Na última edição do guia, de maio de 2024, 21 restaurantes foram premiados com pelo menos uma estrela Michelin e apenas seis ganharam duas estrelas. 10 estabelecimentos estrearam na lista, mas o país segue sem representantes com três estrelas. Entre os restaurantes premiados estão D.O.M, Evvai e Cipriani.
A história mostrou como a Michelin foi visionária ao realizar uma espécie de marketing de conteúdo muito antes da internet. A marca promoveu a categoria ao provocar o desejo de viajar e vivenciar experiências, indo além do core do negócio e associando-se a temas interessantes para os clientes.
Mais de 100 anos depois de sua criação, o guia mantém sua relevância e se adapta aos novos tempos e comportamentos dos consumidores, chegando ao digital: agora pode ser acessado por um aplicativo.