Na manhã do dia 7 de janeiro, a guia de turismo Monica Palomares estava oferecendo um tour na cidade de Malibu (Califórnia), quando observou uma nuvem branca que parecia de incêndio. “Até comentei que, quando pega fogo em Malibu, eles costumam fechar uma rua principal. Quando vi os bombeiros, já sabia que aconteceria isso mesmo”, diz a brasileira que mora em Los Angeles desde 1988. Então, optou por deixar a cliente no hotel e retornar para casa — que já estava com a eletricidade cortada. A empreendedora percebeu que a situação era mais grave do que ela imaginava e descobriu que a origem do fogo era em Pacific Palisade, uma região nobre da cidade.
Los Angeles, no estado da Califória, enfrenta o pior incêndio de sua história, com mais de 100 mil pessoas evacuadas e cinco mortes, segundo o g1. O inverno, geralmente sem incêndios, viu chamas rápidas devido a fatores climáticos extremos, como seca prolongada, vegetação densa após chuvas anteriores e os ventos secos de Santa Ana, que atingem até 160 km/h, agravando a situação.
“Nunca vi isso na minha vida”, diz Palomares, sobre a velocidade dos ventos, em entrevista a PEGN. A brasiliense, que é fundadora da empresa Guia California, começou a realizar tours como um hobby para familiares e amigos que a visitavam em Los Angeles. Há 30 anos passou a oferecer o serviço profissionalmente — e desde então já atendeu celebridades como Maisa, Bruna Marquezine, Claudia Raia, Xuxa, Anitta e Luan Santana.
Palomares publicou relatos nas redes sociais sobre a situação em Los Angeles. Em um dos trechos do vídeo, ela conta que recebeu um alerta no dia 8 de janeiro de manhã para evacuar a sua casa. “Estou aqui tonta, rodando sem saber”, diz no vídeo.
“Eu e meu marido levamos os computadores, passaportes e aparelhos eletrônicos, e esvaziamos nosso cofre”, afirma em entrevista.
Então, guardou os itens no carro, acrescentando que bateu na porta de vizinhos para confirmar se as pessoas estavam bem. “Apesar de não haver nenhum problema físico, as pessoas estavam muito abaladas emocionalmente”, diz Palomares, que optou por ficar na casa da enteada, mesmo ainda estando em uma zona de risco. “Preferimos permanecer juntos para agir, se necessário, e ajudar quem precisasse. Moramos aqui há muitos anos e conhecemos bem a região.”
A empreendedora recebeu um alerta de que poderia retornar a sua casa pouco depois. A eletricidade voltou no dia 8 de janeiro à noite, o que ela classifica como “a vida mais ou menos voltando ao normal”. O marido também já conseguiu fazer compras nos mercados que reabriram para reabastecer a geladeira, já que os alimentos estragaram durante o período sem energia elétrica.
Porém, Palomares ainda está em estado de alerta — e continua recebendo mensagens de pessoas conhecidas que perderam suas casas. “Elas estão perguntando se conhecemos pessoas que estão vendendo ou alugando residências. Todo mundo mostrando foto da casa queimada e pedindo ajuda”, diz Palomares, que se descreve como triste vendo os efeitos do incêndio.
“Como guia turística, eu amo a cidade e todos esses cantos. Os lugares que estão queimando são locais que conheço bem e nunca me canso de visitar. É muito triste ver o que está acontecendo”, diz.
Enxergando o lado positivo, a empreendedora elogia a atenção que tem recebido dos internautas após o relato. “Recebi muitas mensagens lindas, de pessoas que me conhecem e não conhecem. É incrível quando estamos passando por alguma coisa e entram em contato para oferecer carinho e uma palavra de conforto.”