O uso de algumas ferramentas elétricas no setor de construções e reparos costuma gerar dúvidas. Pensando nisso, os funcionários da Cometa Ferragens e Ferramentas, rede de lojas localizada no Rio Grande do Sul, resolveram descomplicar a explicação sobre as diferenças entre os tipos de parafusadeira para os clientes nas redes sociais. Em um vídeo publicado no dia 12 de fevereiro, um trio de funcionários apresenta três tipos de equipamento, diferenciando os itens com a velocidade do rebolado. O sucesso foi tanto que o vídeo atingiu 5,9 milhões de visualizações.
No post, mostram os produtos indicados para uso doméstico, profissional e industrial. O primeiro vendedor aparece com um ritmo mais lento enquanto os outros dois rebolam de forma moderada e rápida. “Será que ficou bem explicado?”, diz a legenda.
A publicação rendeu milhares de comentários e divertiu os internautas. “Melhor explicação para os leigos… Amei, merecem um aumento de salário e cargo”, disse uma pessoa. “Agora deu para entender”, afirmou outra.
A repercussão do vídeo gerou ganhos positivos para a Cometa Ferragens e Ferramentas. Segundo o sócio administrador da rede de lojas gaúcha, Cícero Imlau, o perfil no Instagram registrou um aumento de 1,7 mil seguidores desde o dia da publicação. Ele afirma que o resultado deixou todo mundo surpreso, já que foi o primeiro viral da empresa.
O empresário conta que a ideia foi inspirada em outros conteúdos divulgados na internet e foi produzida por uma profissional envolvida no marketing da empresa. “Um colaborador sugeriu para gente fazer e a responsável pelo marketing gravou com a equipe. Dei autonomia para eles fazerem esses vídeos para o perfil. Na verdade, nem sei explicar como isso aconteceu, mas acho que o povo gostou e foi repassando um para o outro”, diz.
Com destaque para a produção de posts que estão bombando, como as trends, Imlau reforça que o processo é colaborativo e orgânico. Ou seja, os profissionais são convidados e demonstram interesse em participar dos vídeos de forma espontânea.
“Não obrigamos nenhum colaborador a fazer uma coisa que ele não quer, também não vai dar certo e não vai ser um negócio legal. Tudo é conversado com os funcionários e a maioria está topando. Eu, pessoalmente, também não gosto muito de gravar vídeos. Então, é tudo bem natural, bem sem pressão mesmo”, afirma.
Além do alcance nas redes sociais, ele conta que a publicação virou assunto entre a clientela. “O vídeo repercutiu bastante na região, os clientes falam com a gente e estão procurando essas ferramentas na loja”, relata.
Embora o post esteja com alta performance nas redes, o empresário enfatiza a preocupação com os conteúdos que são produzidos pela equipe. Ele acredita que os posts precisam transmitir uma mensagem que tenha relação com os princípios da empresa.
“Estamos acompanhando as trends nas redes sociais, mas a ideia não é só viralizar. Pensamos sempre em conteúdos que mostrem o nosso trabalho, os nossos produtos porque queremos valorizar a nossa marca. Essa é a nossa intenção”, frisa.
Com 30 anos de história, a empresa possui cinco lojas no Rio Grande do Sul, nas cidades de Cerro Largo, Cândido Godói, Guarani das Missões, Roque Gonzales e Santo Ângelo. Ao todo, as unidades dispõem de um catálogo de mais de 20 mil itens, entre eles parafusos, torneiras, ferramentas elétricas e manuais, acessórios para iluminação e outros.
Quanto ao faturamento, Imlau aponta que a empresa teve um aumento de 23% em 2024. Já em janeiro e fevereiro deste ano, o incremento foi de 30% nas vendas. Ainda de acordo com ele, a rede de lojas fatura cerca de R$ 700 mil por mês. Com o desejo de seguir ampliando a receita do negócio, ele afirma que está investindo em melhorias para as lojas e inclusão de novos produtos.
“Nosso foco é chegar em 10 lojas, e eu sempre brinco que quando bater esse número, vamos dobrar a meta. Então, estamos indo para frente, procurando sempre expandir o negócio”, acrescenta.
Empresa pode gravar vídeos dos funcionários para publicar nas redes sociais?
De acordo com o professor de Direito da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, Paulo Renato Fernandes, a produção de conteúdo entre funcionários das empresas tem ocorrido frequentemente por conta do alcance das redes sociais. O especialista explica que os empregadores devem regularizar a situação. Ou seja, os trabalhadores devem autorizar a prática por meio da cessão dos direitos de uso de imagem.
“Isso é muito comum, hoje em dia, dos empregados quererem participar da divulgação da empresa, às vezes até ganham para isso. Então, a empresa precisa ter cautela e obter o documento assinado pelo funcionário que a proteja e regulamente essa situação”, pontua.
Ainda segundo ele, o empregador deve respeitar a privacidade e prezar pela segurança do funcionário. Isso porque, caso o colaborador se sinta assediado a gravar conteúdos, a empresa pode sofrer consequências jurídicas. “A empresa não tem como obrigá-lo a fazer propaganda para ela, a não ser que ele tenha sido contratado para isso.”