A rotina profissional de Fábio Bindes, 39 anos, é dividida entre sanduíches, sushis, redes sociais e mentorias para outros restaurantes. Franqueado da rede Subway desde os 22 anos, o empreendedor resolveu criar a própria marca de alimentação para se tornar um franqueador, e assim nasceu a Sushiloko, em Brasília, em 2008. Hoje, a rede tem 38 unidades e fechou 2023 com um faturamento de R$ 72 milhões.
Bindes chegou a ter três lojas do Subway em Brasília, onde mora. Atualmente, mantém uma franquia e é dono de uma holding, que tem a Sushiloko como carro-chefe. O grupo, que engloba quatro marcas de alimentação, faturou R$ 90 milhões no ano passado e projeta chegar a R$ 110 milhões em 2024.
Para criar a própria marca de comida japonesa, Bindes chamou o sócio Lucas Espíndola. Como era muito jovem, ele conta que foi “crescendo junto com a empresa”, e que o mais desafiador foi construir uma visão madura como empresário.
“A marca começou de uma maneira muito amadora, tanto pela nossa idade quanto pela falta de investimento mesmo. A gente compartilhava a cozinha do Subway para validar o negócio com os clientes. Com poucos meses, conseguimos investir R$ 50 mil na abertura de um quiosque no Shopping Deck Norte, endereço que mantemos até hoje”, afirma.
Franquias:
A Sushiloko nasceu na esteira do sucesso das temakerias, mas tinha o objetivo de oferecer um cardápio mais completo, segundo o seu fundador. Hoje, o carro-chefe são os combos, que incluem itens tradicionais da culinária japonesa, como temakis, sashimis e hot roll. O tíquete médio é de R$ 70, e o delivery é responsável por 40% do faturamento das lojas.
O negócio foi lançado para franquia em 2010, quando já havia duas lojas próprias em funcionamento. “Focamos muito em Brasília. Em um primeiro momento abrimos as franquias para amigos e conhecidos. Fomos bem felizes na escolha dos pontos, dos bairros, o negócio se firmou bem rápido”, afirma.
Hoje, das 38 lojas da rede, 24 estão na capital federal. A que está mais longe fica em Minas Gerais. O empreendedor conta que chegou a ter a experiência de abrir franquias em cidades mais distantes, como no Rio de Janeiro, mas que precisou recuar. “Abrir mais perto, sobretudo no começo, é a fórmula que dá mais certo. É preciso validar o modelo, dar o suporte adequado”, diz.
Agora, o plano é levar a Sushiloko para o Sudeste e Nordeste do país em 2024. Uma primeira loja em Taubaté (SP) deve abrir as portas nas próximas semanas. “Queremos abrir dez unidades neste ano”, diz. O investimento inicial para se tornar um franqueado é a partir de R$ 400 mil, com payback estimado em até 24 meses.
Em 2018, com a aquisição de duas franquias regionais, a Hum Burger e a Brasil Vexado, a empresa se transformou em uma holding. As franquias ainda têm marcas digitais, como a Pokeland, que ajuda a turbinar o faturamento da Sushiloko. Recentemente, o empreendedor ainda apostou em uma marca especializada em cachorro-quente, a Dog do Eixo, que tem quatro unidades.
O período escolhido para a expansão da Sushiloko para além do Centro-Oeste não foi aleatório: Bindes conta que o negócio conseguiu se recuperar financeiramente dos impactos da pandemia em meados de 2022. Agora, acumula altas consecutivas — em 2022, o faturamento havia sido de R$ 55 milhões.
Antes mesmo da crise sanitária, a rede vinha passando por momentos desafiadores, sobretudo por volta de 2017, com a alta no preço do salmão. Na época, o item sofria os impactos de problemas climáticos, sobretudo no Chile. “Foi um período turbulento, o faturamento das lojas estava cambaleando”, diz.

Para ajudar a rede a aumentar o faturamento, o empreendedor resolveu internalizar todo o marketing do negócio, dispensando a agência contratada na época, e apostar na centralização do marketing digital da marca. A dinâmica tinha como foco postagens direcionadas patrocinadas. Como viu resultado com a ação, Bindes dobrou a aposta e calcula ter investido, ao longo de seis anos, mais de R$ 3 milhões na estratégia.
Diferentemente de um movimento recente do franchising, que dá mais autonomia para o franqueado trabalhar as próprias redes sociais e campanhas locais, a Sushiloko abraça todos os canais, inclusive em comunicações regionais.
As contas no Instagram, por exemplo, são separadas por cidade, e não por loja – e quem posta é a franqueadora. Essa frente é bancada com o fundo de promoção da rede, que gira em torno de 2% do faturamento das unidades. “O franqueado não tem o know-how de marketing, o conhecimento, e nem quer fazer isso. Ele se esforça no dia a dia da loja, na qualidade do produto, no atendimento. A comunicação eu faço”, afirma.