Na semana pré-Carnaval, o ecossistema de inovação esteve animado. As fintechs Capim (R$ 157 milhões) e Malga (R$ 32 milhões) levantaram Séries A, e não foram as únicas a conseguir investimentos. Nesta edição da newsletter, falamos de outras quatro captações anunciadas nos últimos dias.
Outros destaques incluem mais um desdobramento sobre a proibição do serviço de transporte de passageiros em motos por aplicativos em São Paulo e uma nova investigação da Polícia Federal sobre o uso de fintechs por criminosos para lavagem de dinheiro e transferências ilícitas.
100 Startups to Watch é a newsletter de Pequenas Empresas & Grandes Negócios que leva a você as notícias mais relevantes do ecossistema de inovação.
Aportes
Capim. A fintech especializada em soluções financeiras para o setor odontológico concluiu sua rodada Série A de US$ 27 milhões (R$ 157 milhões). O aporte foi liderado por Valor Capital e QED, com participação de investidores como ONEVC, Canary, NXTP, Endeavor, Saison e Actyus. A empresa oferece um SaaS verticalizado para clínicas odontológicas, integrando soluções financeiras e crédito para pacientes com o objetivo de suprir uma lacuna deixada pelos grandes bancos. Em 2024, a Capim ampliou sua base de parceiros e triplicou sua receita. O investimento será utilizado no lançamento da maquininha Capim, uma solução de pagamento com taxas mais baixas do que as do mercado.
Malga. A fintech de infraestrutura de pagamentos anunciou a captação de R$ 32 milhões em sua rodada Série A, liderada pelos fundos iDEXO (Corporate Venture Capital da TOTVS) e Costanoa, com participação de Ignia, Gaingels, QED, Norte Ventures e Y Combinator. A Malga oferece uma solução flexível de orquestração de pagamentos, especialmente para fintechs, marketplaces e plataformas de serviços, simplificando transações complexas. A empresa registrou crescimento acelerado nos últimos dois anos e planeja expandir seu portfólio de produtos, incluindo melhorias em segurança e uma tecnologia de split agnóstico de pagamentos. Com a aquisição da Drip, especializada em Pix parcelado, no fim de 2024, a Malga também avança no setor de crédito.
Buser. A plataforma de intermediação de viagens rodoviárias captou R$ 30 milhões em media for equity com a 4Equity. Com uma base de 12 milhões de clientes e crescimento consistente, a Buser pretende usar o aporte para fortalecer seu posicionamento de marca, com exposição em TV, mídia programática, influenciadores digitais, podcasts e mídia out of home. O investimento também visa ampliar as ofertas de ônibus mais confortáveis e de luxo.
Arqgen. A startup recebeu um investimento de R$ 10 milhões via subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolver um projeto de pesquisa sobre grandes modelos de linguagem (LLMs) para o português brasileiro, focado no setor de arquitetura e urbanismo. Fundada em 2020, a Arqgen oferece soluções de IA para gerar opções automatizadas de projetos de arquitetura, especialmente para construtoras e incorporadoras. A startup já havia recebido aportes anteriores, incluindo R$ 6,6 milhões de ABSeed Ventures e Terracotta, em 2023. Com a nova subvenção, a Arqgen busca avançar no uso de IA generativa, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para personalizar projetos arquitetônicos de forma autônoma e mais eficiente.
Brick. Focada na prevenção de fraudes no setor de seguros por meio de inteligência artificial, a startup levantou R$ 5 milhões em uma rodada seed liderada pelos fundos Honey Island by 4UM e Broom Ventures, com a participação de anjos como Alessio Alionço (Pipefy) e João del Valle (Ebanx). Fundada em 2021 para oferecer seguros acessíveis a frotistas, a empresa percebeu uma maior demanda por seu software de análise de condutores e riscos e focou neste produto. O aporte será direcionado para o desenvolvimento e a expansão de sua plataforma de IA, que faz automação da análise de subscrição e prevenção de fraudes. A Brick planeja uma futura rodada Série A nos próximos 18 meses.
Picsel. A insurtech especializada em gerenciamento de riscos no agronegócio captou R$ 5 milhões em uma rodada seed liderada pela Arar Capital. O investimento será utilizado para expandir o seguro agrícola por meio de tecnologia, com foco em modelagem climática, geotecnologia e inteligência artificial, além de fortalecer as áreas de vendas e ampliar a equipe. A plataforma da Picsel otimiza o processo de contratação, monitoramento e liquidação de sinistros agrícolas, trazendo mais previsibilidade e segurança financeira para produtores, seguradoras e investidores.
Novo capítulo
A Justiça de São Paulo concedeu uma decisão liminar favorável à 99, declarando inconstitucional um decreto do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, que proíbe o transporte de passageiros por meio de motos na cidade. O juiz Josué Vilela Pimentel, da 8ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), argumentou que a legislação federal permite esse tipo de serviço, cabendo ao município apenas regulamentá-lo, e não proibi-lo.
“A Lei Federal nº 12.587/2012 expressamente atribuiu aos municípios o dever de ‘planejar, executar e avaliar a política de mobilidade urbana, bem como promover a regulamentação dos serviços de transporte urbano’ [art. 18]. Não é a hipótese dos autos, uma vez que o Município de São Paulo, ao invés de regulamentar o serviço, optou por sumariamente proibi-lo, disse o magistrado.
A decisão ainda não é definitiva e pode ser recorrida. A medida abre caminho para que empresas como 99 e Uber retomem o serviço de moto por aplicativo, que foi suspenso em janeiro. A 99 comemorou a decisão, mas afirmou que o serviço seguirá indisponível aos usuários, por enquanto. A Procuradoria Geral do Município informou que recorrerá da sentença.
Operação Hydra
Mais uma vez, fintechs estão sob investigação da Polícia Federal. Uma nova operação deflagrada nesta semana, a Hydra, investiga lavagem de dinheiro de organização criminosa por duas startups financeiras.
Durante a ação, o policial civil Cyllas Elia Junior foi preso, apontado como CEO de uma das fintechs envolvidas, a 2GO Bank. A outra investigada é a InvBank. Segundo a PF, as empresas movimentaram cerca de R$ 30 milhões em valores ilícitos, utilizando mecanismos financeiros sofisticados para ocultar recursos provenientes de atividades criminosas, como tráfico de drogas.
Movimentações
Prosus. A empresa global de tecnologia que controla o iFood anunciou que firmou um acordo para adquirir a Just Eat, criando o quarto maior grupo de entrega de alimentos do mundo. A proposta envolve a compra das ações da Just Eat por € 20,30 cada uma, totalizando € 4,1 bilhões (R$ 24,8 bilhões). A aquisição visa fortalecer a posição da Prosus no setor de delivery na Europa, complementando sua presença em outros mercados. De acordo com a assessoria do iFood, não haverá impacto na operação no Brasil.
WeWork. A WeWork Companies, unidade global do negócio de escritórios compartilhados, concluiu a aquisição de 49,9% da parte da WeWork Brasil que pertencia ao SoftBank, com a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Anteriormente, a operação brasileira funcionava como uma joint-venture entre a matriz e o fundo japonês. Em 2024, a empresa no Brasil enfrentou notificações de despejo devido ao atraso de três meses no pagamento de aluguéis. Atualmente, opera 28 escritórios em diferentes estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Intercâmbio. A University of Technology Bahrain (UTB) firmou uma parceria com a Sportheca, hub brasileiro de tecnologia e esporte, para impulsionar a inovação no setor esportivo no Bahrein, país no Oriente Médio. O primeiro passo da colaboração será uma conferência de sportstech, prevista para setembro, que deve conectar estudantes, professores e investidores ao ecossistema de inovação esportiva. Além do evento, as duas entidades desenvolverão programas educacionais, workshops e uma Venture Builder para apoiar startups no setor.
Oportunidades
Aceleração. O hub de inovação gaúcho Instituto Caldeira está recebendo inscrições para a sexta edição do MVP, seu programa de aceleração para startups que estejam validando o produto mínimo viável. A iniciativa oferece mentorias individuais e coletivas, workshops e pitch day presencial em Porto Alegre (RS). 20 startups serão selecionadas para a aceleração de três meses. Empreendedores de todo o Brasil podem se inscrever. As inscrições se encerram em 19 de março e podem ser feitas pelo site.
Setor portuário. O UpLab SENAI-SP busca startups com soluções para trazer mais eficiência, segurança e sustentabilidade para o setor portuário, de áreas como automação, logística e tecnologias emergentes. Quatro negócios serão selecionados para receber suporte técnico, acesso à infraestrutura e mentorias especializadas para desenvolver e validar as tecnologias. Para participar, as startups devem ter CNPJ ativo e até 10 anos de abertura, receita bruta de até R$ 16 milhões no último ano, e disponibilidade para participar presencialmente em São Vicente (SP). Interessados podem se inscrever até 17 de março pelo link.
Conexão. A Embraer vai realizar a Marathon Startup durante o Web Summit Rio 2025 e procura startups com soluções de inteligência artificial, machine learning e outras tecnologias que se apliquem à aviação. As selecionadas poderão apresentar seu pitch para os especialistas da Embraer e, se despertarem interesse, negociar provas de conceito. Para participar, as startups precisam preencher a ficha de inscrição neste link até 14 de março e atender aos critérios da Embraer e do evento, que acontece entre 27 e 30 de abril.