Em junho do ano passado, a marca de alfajores Odara sofreu os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Com a produção da fábrica paralisada durante 60 dias, a empresa teve um prejuízo de R$ 3 milhões. Aproximadamente oito meses depois, porém, a história é outra.
Sediado em Porto Alegre, o negócio — e os danos sofridos — virou notícia. Com a exposição, o faturamento do negócio cresceu 19% em 2024 em relação ao ano anterior. “Apesar de a enchente ter causado um prejuízo grande, nós nos sentimos muito fortes também. Isso está sendo refletido nos números”, diz o fundador Jeison Scheid, 37 anos, que, na época, organizou campanhas de financiamento coletivo e realizou pré-venda de alfajores para pagar o salário dos funcionários.
“Nossas ações tiveram um resultado bastante positivo e conseguimos manter todos os empregos. Mais de 3 mil pessoas compraram os produtos na pré-venda, o que mostra a força da marca”, afirma.
A Odara começou no final de 2013. Na época, Scheid fazia cerca de 80 alfajores por dia na cozinha de casa para vender na Praia da Ferrugem, em Garopaba (SC). O público alvo eram os turistas argentinos e uruguaios. Atualmente, a empresa tem capacidade de produzir 10 mil alfajores por hora e está presente em mais de 10 mil pontos de venda.
Segundo o empreendedor, no ano passado também aumentou a demanda pelos produtos. “Tínhamos alguns negócios que já estavam engatilhados, mas conseguimos fechar novos contratos que tendem a refletir em vendas em 2025”, afirma. A previsão é aumentar o faturamento em 60% e fechar o ano com receita de R$ 30 milhões.
O crescimento foi puxado pelo estado de São Paulo, especialmente a capital paulista. “Nosso crescimento é via distribuidores, e nosso produto tem um grande valor agregado para eles. Na parte de logística, por exemplo, não precisamos ocupar o caminhão inteiro”, afirma o empreendedor. Em 2024, a Odara teve faturamento maior em São Paulo do que no Rio Grande do Sul.
A empresa também aposta na presença em feiras para fortalecer o nome da marca. “Fazemos muitos negócios nestes eventos e temos contato com distribuidores e as redes”, afirma.

O foco continua no Sul e Sudeste. “O Paraná é um lugar que sempre tivemos dificuldade, mas agora entendemos melhor o mercado e estamos fazendo uma aposta”, diz Scheid. “Eles precisavam de um produto um pouco menor. O nosso alfajor clássico tem 65 gramas, enquanto as empresas concorrentes costumam oferecer de 50 gramas. Isso reflete no preço e, muitas vezes, o consumidor não pensa no valor por quilo, apenas no número absoluto”.
Como solução, a empresa decidiu lançar uma linha com alfajores de 50 gramas, com duas unidades em uma mesma embalagem. A previsão é que os itens cheguem às lojas no meio de março.
O empreendedor também tem planos de expandir a fábrica, e investirá R$ 2 milhões no projeto. “Não temos precisão de qual será a capacidade da produção, mas a estimativa é de pelo menos 15 mil unidades por hora.”