Na expectativa pela apreciação do Senado, a Reforma Tributária só deve entrar em vigor entre 2027 e 2033, mas já tem feito com que setores vislumbrem as potenciais mudanças em seus negócios. Um deles é o de food service, que aposta no crescimento dos negócios com as mudanças.
Na visão de Fernando Di Paula, presidente da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), a reforma apontará para “um futuro mais simples”, permitindo que o setor possa focar mais nos negócios e na inovação, uma vez que “a preocupação com o pagamento de impostos será reduzida”.
“Estou otimista com a reforma. O comerciante poderá saber claramente o valor do imposto que está pagando e o que está recebendo. A boa competição que existe no ecossistema de restaurantes se concentrará em inovação e não mais em burocracia”, disse Di Paula.
O especialista falou sobre o tema em um painel no iFood Move, evento que acontece em São Paulo, nesta quinta-feira (26/9). Além de Di Paula, participaram o senador Efraim Filho (União-PB), presidente da Frente Parlamentar do Comércio e Serviço no Senado e João Baptista, coordenador do Comitê Setorial de Redes de Food Service da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Baptista, da ABF, destacou que essa simplificação pode fomentar o surgimento de novos negócios, além de gerar oportunidades para quem tiver seus empreendimentos bem estruturados. O especialista diz que mesmo que a transição leve um tempo, o empreendedor já deve iniciar seu planejamento, pois “o trabalho é feito com gestão de caixa futura”.
“Somos agentes de transformação dos nossos negócios. Devemos nos perguntar: ‘qual será nossa atitude diante dessa nova realidade que está se desenhando?’ E trabalhar a partir daí”, afirmou Batista.
O senador Efraim Filho disse que “o planejamento é essencial”, mas o empreendedor não precisa “perder a cabeça e ficar desesperado”, porque, independente da regra, haverá o tempo de transição de sete anos.
“Caso a gente tenha ruído, iremos calibrar e entender o efeito real na vida das empresas. No primeiro ano, cada empresa pagará 0,1% dentro do novo modelo, onde veremos como cada setor é afetado no macro setor. No segundo ano, as empresas pagarão 1% para entendermos se a calibragem funcionou e depois vamos aumentando”, afirmou o senador.
A Reforma Tributária (Projeto de Lei Complementar 68/24), entre outras mudanças, criará o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que une dois tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), entra no lugar do ICMS dos estados e do ISS dos municípios; e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), substitui PIS, Cofins e IPI, que são federais.
O último texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em julho de 2024 e agora está no Senado. O novo sistema começa a valer já em 2026, mas em fase de testes e será aplicada entre 2027 e 2033, de forma gradual.