Edmilson Santos conheceu Kelvin Carvalho em seu primeiro emprego, em uma empresa de telecomunicação. Os colegas descobriram que tinham algo em comum: suas mães eram cuidadoras de idosos e eles conheciam dores da profissão pela vivência delas. Quase 10 anos depois, os amigos resolveram empreender no setor e fundaram a Cuid, plataforma que conecta cuidadoras com familiares que precisam do serviço.
A família de Carvalho também tinha sido dona de uma casa de repouso, o que trouxe mais bagagem para a criação da startup. “Essas experiências nos deram uma visão privilegiada sobre as necessidades e desafios, tanto dos profissionais do cuidado quanto das famílias e pessoas assistidas”, afirma Santos.
Eles já haviam empreendido anteriormente, quando criaram o Conserta Meu Celular pouco depois de se conhecerem, em 2014. A ideia era modernizar o reparo dos aparelhos móveis, combinando atendimento digital e reparo físico. “Foi importante porque aprendemos muito sobre tecnologia, atendimento ao cliente e as dores de modernizar um mercado tradicional”, comenta. O negócio durou cerca de um ano.
A ideia para a Cuid nasceu de um grupo do Facebook para cuidadoras. Os sócios perceberam que era possível estruturar aquelas profissionais de outra forma e lançaram a primeira versão da Cuid, em abril de 2021. Como Carvalho é desenvolvedor, eles conseguiram criar a tecnologia com um investimento inicial de R$ 350 para a infraestrutura da plataforma. Em dois meses, a startup alcançou 200 cuidadores cadastrados.
A plataforma utiliza geolocalização para indicar os profissionais disponíveis mais próximos das famílias e empresas. Também é possível ver um perfil, com foto e experiência prévia. A equipe da startup faz a intermediação entre clientes e profissionais para a contratação. Para oferecer o serviço na plataforma, é preciso pagar um plano anual de R$ 199,90. Além disso, a Cuid fica com cerca de 18% de cada serviço realizado por meio da plataforma.
A startup conta com mais de 630 profissionais em São Paulo, entre cuidadores de idosos, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e babás, e mais de 2 mil horas de atendimento. Segundo Santos, cerca de quatro famílias contratam o serviço de forma recorrente no momento, e o faturamento mensal é de R$ 10 mil.
Startups:
Neste ano, a Cuid foi uma das selecionadas da nona edição do Vai Tec, programa de aceleração da Prefeitura de São Paulo que incentiva a criação de negócios tecnológicos por jovens de baixa renda. Após o processo, a startup recebeu um cheque de R$ 45 mil, equity free. “Nosso foco atual está em estabelecer parcerias estratégicas que nos ajudem a alcançar mais clientes, tanto B2B quanto B2C, para expandir o impacto da nossa solução”, pontua.
Em 2025, os empreendedores pretendem escalar e atrair mais profissionais para a plataforma. Uma nova versão da solução será lançada, com um aplicativo, com ferramentas para acompanhamento em tempo real pelos familiares, uso de inteligência artificial para transcrever áudios, divisão de despesas entre familiares pelo app, e marketplace com serviços e produtos voltados ao público 50+.