Desde a infância, Aline Arada de André Lima, 36 anos, cultivava uma paixão por bonecas. Anos depois, já casada, com filhos e trabalhando como professora de inglês, a vontade de conciliar a carreira com a família fez com que ela enxergasse nos bebês reborn uma oportunidade de negócio. Abriu uma loja online focada em revenda. “Eu queria estar com meus filhos e, ao mesmo tempo, gerar renda. Voltei a ter contato com bonecas, e a vontade de criar as minhas próprias peças cresceu,” conta.
Determinada a aprender, a empreendedora buscou conhecimento online. “Comecei assistindo vídeos no YouTube. Como eu sabia inglês, conseguia acessar materiais de artesãs internacionais e fui praticando.” Seu primeiro investimento foi de R$ 2 mil, usado para comprar materiais, conforme percebeu a demanda crescente, investiu entre R$ 10 mil e R$ 15 mil para montar sua primeira loja, na garagem de casa em setembro de 2020.

O processo delicado de criação
Os bebês reborn produzidos pela artesã são feitos de vinil e silicone. “Cada material tem seu tempo de produção. Um bebê de vinil pode levar de quatro a dez dias, já um de silicone, que é mais realista e muito procurado, demora no mínimo 15 dias,” explica.
A artista passou sua adolescência morando no Japão com seus pais, entre 2001 e 2010, ela explica que a cultura japonesa também influenciou seu trabalho. “No Japão, aprendi a valorizar os detalhes e a perfeição. Se um bebê reborn não fica exatamente como eu quero, eu refaço. Não consigo entregar algo que não esteja perfeito.”
Com as vendas de forma online, ela percebeu que ter um espaço físico faria diferença. “A experiência de segurar o bebê reborn muda tudo. Quando a pessoa pega no colo, ela sente o realismo e se encanta. Isso era algo que eu queria proporcionar.”
Depois da loja montada na garagem de casa, Lima mudou três vezes de loja. Hoje, diz que encontrou o formato ideal. “Agora sim, tenho a loja que sempre quis, inspirada em uma maternidade, onde os clientes passam por um processo de “adoção” do bebê, incluindo peso, medição e embalagem especial. “Quero que as pessoas sintam que estão saindo da maternidade com um verdadeiro bebê,” diz a empreendedora.

Lima também conta que pretende expandir a loja, localizada em Curitiba (PR). “Meu plano é chegar a outras cidades e estados. Em cinco anos, espero levar a loja para São Paulo,” revela. O faturamento médio mensal é de R$ 45 mil.
Bonecos artesanais
Um dos desafios enfrentados pela empreendedora é educar os clientes sobre a diferença entre bonecas industrializadas e bebês reborn artesanais. “Muitas pessoas chegam esperando pagar o preço de uma boneca de loja. Mas, quando veem os detalhes, o realismo e entendem o trabalho envolvido, compreendem o valor,” explica. Os preços hoje variam entre R$ 3,5 mil e R$ 6 mil, dependendo do tamanho e do material.
Com o negócio consolidado, ela diz que fatura muito mais do que ganhava como professora de inglês. “Consigo viver com conforto e, acima de tudo, ter tempo com meus filhos. Sou dona do meu próprio tempo. Se preciso tirar um dia para passear com eles, eu posso.”