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Empreendedora percebe lacuna na moda praia e cria marca que aposta em raízes quilombolas

Fonte: Redação

Reinventar é o verbo que rege a vida de Rose Borges, 57 anos, maranhense radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde os 14. Ela já trabalhou como diarista e em chão de fábricas de moda, formou-se em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e decidiu empreender para sustentar os filhos. Hoje é dona da própria marca.

A Gondar existe desde 2019 – até pouco tempo atrás, com outro nome, porém – com o objetivo de criar moda praia com tecidos originalmente vindos do continente africano. O público-alvo é a mulher negra e fora dos ditos padrões de beleza, para preencher lacunas que existem no mercado.

“Eu queria colocar minha expertise a serviço das pessoas e oferecer o que o mercado tradicional não me ofereceu: respeito, identidade e o direito de ir à praia com biquíni”, explica.

Borges começou a trabalhar com esse nicho para sustentar seus filhos, como prestadora de serviço em fábricas de moda praia. Por muito tempo, conciliou diversas atividades para complementar renda. Depois, para conseguir cuidar da família, começou a prestar serviços em casa, cortando tecidos e aviamentos.

Com o tempo, veio a profissionalização: estudou o mercado, fez contas, descobriu como poderia se destacar. Na avaliação do recurso que tinha disponível para investimento em 2018, entendeu que as feiras eram as melhores formas de atrair suas clientes e expor sua produção.

“Minha organização sempre é para reverter todo lucro extra em investimento na marca e na visibilidade, para chegar a mais gente que se identifica com ela”, afirma. Com tíquete médio de R$ 160, a Gonda fatura cerca de R$ 6 mil ao mês.

Abertura de empresas:

Reestruturação forçada

Recentemente, Borges pensou que todo seu investimento havia ido pelo ralo e não conseguiria lucrar nada: descobriu que uma pessoa havia registrado a marca que usava antes sem seu consentimento, o que levou à necessidade de trocar o nome e os materiais de divulgação.

“Minha neta de cinco anos já identificava os tecidos africanos e falava o nome antigo da marca. Foi também um golpe emocional muito forte”, lembra. Com o episódio, reforça a importância de cercar todos os lados da empresa para evitar golpes e prejuízos.

Agora, ajuda outros empreendedores numa grande rede de apoio cultivada com quem tem os mesmos objetivos.

“Para quem está começando, meu conselho é não desistir, se respeitar e se informar mais. Diante do problema, entenda como vencê-lo”, diz a empreendedora, citando como exemplo baixas vendas.

Diferentemente do que as altas temperaturas do verão 2025 podem fazer parecer, ela afirma que não vive um pico de vendas fora do comum: “O calor aqui no Rio tornou ir à praia quase uma necessidade, para se refrescar. Está sendo raro alguém condicionar a ida à praia a um biquíni novo, elas só querem ir”, avalia.

Por isso, ela mantém os pés no chão e o fluxo de produção normal. “Nos últimos anos, as vendas oscilam, mas eu aproveito para reforçar a identidade da minha marca. No futuro, o plano é exportar”, decreta.

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