Portal BEI

Empreendedora cria marca de acessórios feitos com resíduos de fantasias do Carnaval carioca

Fonte: Redação

Acostumada a brilhos e paetês, Giselle Ondeza, 35 anos, cresceu imersa no universo do samba, acompanhando sua avó nas idas e vindas da Portela, uma das mais tradicionais escolas do Carnaval carioca. Hoje, ela empreende com a venda de acessórios feitos a partir do reaproveitamento de materiais e resíduos das fantasias de escolas de samba, ateliês e lojas de artesanato. A Usebasha, oficializada em 2021, tem como missão a conscientização ambiental, o fortalecimento da comunidade e a valorização da cultura carnavalesca.

Publicitária e especialista em marketing, a empreendedora atuou por muitos anos no regime CLT, transitando entre funções administrativas. No entanto, decidiu apostar no artesanato como carreira, uma atividade que praticava desde jovem, mas nunca havia imaginado seguir de forma profissional. O insight surgiu em 2020, quando começou a compartilhar nas redes sociais brincos e outras peças que criava.

Desde cedo, Ondeza acompanhava sua avó no barracão da Portela. Foi nesse ambiente, entre a confecção e as brincadeiras, que a carioca desenvolveu sua habilidade na criação de acessórios. Em 2020, após enfrentar um relacionamento abusivo e em busca de um recomeço, ela decidiu se dedicar ao artesanato, começando a divulgar peças feitas com insumos que tinha em casa em sua conta pessoal de Instagram. “Percebi que era uma chance única de começar a vender os acessórios que faço desde pequena, além de, é claro, criar uma oportunidade para movimentar a comunidade onde vivo”, diz.

Em 2021, a carioca se registrou como Microempreendedora Individual (MEI) e estabeleceu uma parceria com a associação beneficente Amigos para SOS, uma colaboração que segue firme até hoje e é fundamental para a produção da Usebasha. Nesse espaço, Ondeza oferece aulas de artesanato para mulheres em situação de vulnerabilidade, além de proporcionar oportunidades de trabalho, permitindo que elas participem da confecção dos acessórios da sua marca.

Os materiais e resíduos utilizados são coletados logo após os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, nas ruas do entorno da Marquês de Sapucaí. “Eu tenho uma equipe que coleta os materiais logo após o encerramento dos desfiles. Alguns resíduos das escolas de samba são enviados para agremiações menores, outros para as próprias escolas. No entanto, alguns acabam espalhados nas ruas, e é aí que eu entro, recolhendo o que seria descartado”, conta.

Após a coleta, o material é estocado na sede da Usebasha, situada no bairro Campo Grande, no conjunto Santa Maria, Zona Oeste da capital fluminense. “Para conseguir produzir os acessórios ao longo do ano, eu também conto com as matérias-primas do projeto Sustenta Carnaval, que realiza o mesmo trabalho de coleta que eu, só que com mais pessoas e vendendo os resíduos por um valor menor”, afirma.

A Usebasha reutiliza os resíduos das fantasias de Carnaval para criar seus acessórios — Foto: Arquivo pessoal
A Usebasha reutiliza os resíduos das fantasias de Carnaval para criar seus acessórios — Foto: Arquivo pessoal

Atualmente, a Usebasha comercializa seus acessórios, como brincos, pulseiras e colares, 80% através de marketplaces e 20% de forma presencial, na sede da empresa. O negócio também já exportou para Portugal e Angola. Ondeza conta que fatura cerca de R$ 5 mil por mês, vendendo aproximadamente 1.500 peças, com preços que variam de R$ 12 a R$ 120.

“Meu objetivo é alcançar o Brasil inteiro com os produtos, para que as pessoas compreendam a importância da conscientização ambiental e percebam que é possível transformar o que seria descartado no lixo. As grandes empresas, empresários e escolas de samba veem isso como um desafio, mas é possível transformar essas fantasias em peças ecológicas.”

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Telegram
+ Relacionadas
Últimas

Newsletter

Fique por dentro das últimas notícias do mundo dos negócios!